O lago

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Pov Elizabeth

Alguns dias se passaram, e desde o dia em que Laura me ameaçou, não me encontrei mais com Helena.

Por medo? Pela própria ameaça? Por estar agindo de forma errada? Realmente não sei, talvez sejam todas as opções juntas.

Toda vez que Helena me olhava, parecia que me perguntava com seu olhar o que estava havendo. E eu não sabia o que fazer. Mas não ficaria mais sem vê-la.

Fui até Helena para ajuda-la com algumas coisas, e assim conversávamos sobre assuntos diversos.

Laura nos observava ha certa distância, seu olhar fulminava ódio, mas decidi que ela não me amedrontaria, e como eu mesma havia dito a ela, não iria conseguir me chantagear.

Assim passavam-se os dias e em um deles, quando terminei uma de minhas conversas com Helena, caminhava em direção ao jardim, para realizar alguns afazeres, mas antes de chegar onde queria, senti alguém me puxando pelo braço para um corredor deserto.

- O que quer irmã Laura? - Perguntei com um ar tedioso.

Ela me observava desacreditada.

- Quanta audácia Elizabeth! Pensei que gostasse de sua querida Helena.

- E gosto. É por isso que não deixarei de falar com ela. Laura entenda que você não irá nos separar.

- Escute aqui sua tola... - Ela segurou meu braço com mais força, depositando toda sua raiva em mim. - Você quer que eu me torne uma assassina não é? Mas essa morte quem irá carregar o peso dela será você, a culpa será sua.

Meus olhos arregalaram-se de terror, minha boca ficou entreaberta, diante daquelas palavras, meu braço já nem sentia o aperto da mão de Laura. Por alguns instantes fiquei em estado de transe. Mas então, uma coragem que nem imaginei ter surgiu e disse a ela em desafio:

- Nós duas sabemos muito bem que causou o incêndio do convento, que quase matou a Madre. Já que Helena está correndo perigo de qualquer forma, a polícia irá gostar de saber de algumas novidades sobre o caso na investigação do incêndio, não é mesmo?

Agora parecia ela a estar espantada com minhas palavras. Aproveitei e retirei suas mãos de meus braços.

Antes de retirar-me disse a ela:

- Qualquer coisa que acontecer com Helena, te denunciarei a polícia!

Saí a passos largos sem olhar para trás, provavelmente a deixando, no mínimo pensativa.

Meu dia foi conturbado, com pensamentos invadindo minha mente, não me deixando fazer nada. Decidi então fazer algo que já estava planejando a fazer há muito tempo.

Dei leves batidas na porta. E assim que ouvi "Entre", obedeci imediatamente.

- Madre, precisamos conversar! E é algo muito importante. Sei que com o que tenho a dizer posso ser até expulsa do convento, mas preciso que me ajude!

Com algumas lágrimas que surgiam em meu rosto, contei a Madre, de uma maneira resumida, que me apaixonei por outra pessoa, e que estava disposta a sair do convento, mantive o nome de Helena em sigilo, pois não queria prejudica-la.

A madre me ouvia com atenção e paciência, e ao final de tudo, contei a ela sobre meu interesse em adotar Estevão e se ela poderia me ajudar com isso.

Aguardei por alguns instantes, enquanto Madre Isaura refletia sobre tudo o que lhe contei.

- Irmã Elizabeth, agradeço a confiança que depositou em mim a me contar tudo. Quero que saiba que a ajudarei com a adoção de Estevão, prepararei alguns documentos ainda hoje, junto ao conselho tutelar. - A madre deu um longo suspiro e continuou. - Quanto a te expulsar do convento, creio que não seja necessário. Sei que no momento certo você sairá, e também poderemos preparar seus papeis para o cancelamento de seus votos, os mesmos serão enviados a diocese, e eles encaminharão seus documentos aos responsáveis. Caso queira, pode deixar o convento, mas creio que não deixará por conta de Estevão.

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora