Nosso filho

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Pov Elizabeth

– Ir.. Irmã Laura? O que está fazendo aqui.

De todas as pessoas do mundo que poderiam estar ali por que justamente ela?

– Eu é que te pergunto irmã Elizabeth, que tipos de insanidades costuma fazer em nosso convento durante as madrugadas? – Ela intercalava entre seu olhar raivoso para meu rosto e um olhar libidinoso para meu corpo ainda nu e molhado pela água.

Eu não tentei me justificar, afinal fui pega em flagrante, cometendo um pecado.

Ela então estapeou minha face e disse:

– Não vai dizer nada? – Me encarou por alguns segundos. – Saiba que não irei denuncia-la, mas estará em minhas mãos a partir de agora, e irá fazer o que eu lhe ordenar. E pensarei em um castigo para isso que estava fazendo. – Assim que me ameaçou com suas palavras, saiu do box com ar vitorioso.

Eu preferia que ela tivesse me denunciado, eu preferia ter sido expulsa, eu preferia morrer, eu preferia qualquer coisa, menos estar nas mãos da irmã Laura.

Naquela mesma manhã, enquanto supervisionávamos as crianças, Helena percebeu minha inquietação e incômodo.

– Lizzy, está tudo bem? Você está estranha.

Helena era a pessoa em quem mais confiava, mas como contaria a ela que eu estava estranha em sua presença por ter sonhado eroticamente com ela? E por irmã Laura ter me surpreendido?

– Ah... – Suspirei me dando por vencida. – Eu vou te contar, mas isso ninguém poderá saber, e por favor, não me ache louca.

Resolvi contar a ela sobre o sonho, porém, omitindo que a pessoa desejada era ela mesma. E após contei a ela sobre irmã Laura ter me surpreendido, mas omitindo o pequeno detalhe dela ter... me ajudado a chegar ao objetivo. Só de pensar aquilo me dava calafrios... que horror!

Irmã Laura era uma mulher muito bonita, e aparentava ter a mesma faixa etária que eu, mas sua arrogância com todos a fazia perder sua beleza.

– Sabe Lizzy. – Helena tirou-me de meus devaneios. – De certa forma, sinto-me aliviada por ter me contado tudo isso.

– Aliviada? Era para estar horrorizada. – Disse a ela em tom de brincadeira. – Me diga, por que aliviada?

– É que... – Ela pareceu ponderar as palavras que viriam a seguir. – Eu também já... tive sonhos assim. Eu sei que é errado, mas pensava que era a única e me alivia saber que não sou.

– Não se preocupe, acho que todas nós aqui já tivemos isso, afinal, não podemos controlar nossos sonhos, apesar deles serem o que nosso subconsciente mais deseja.

A face de Helena corou assim que finalizei, o que me encantou.

– E... como era a pessoa? – Ela me olhava com curiosidade. – Do seu sonho. – Ela concluiu ao perceber a dúvida em minha expressão.

Nesse exato momento uma das crianças havia levado um tombo e imediatamente começou a chorar. O que foi ótimo para que eu desconversasse aquele assunto.

Cada dia que se passava eu me sentia encurralada, em todos os sentidos.

De um lado era a irmã Laura, fazendo com que eu executasse todas as responsabilidades dela no convento, sempre me ameaçando. Por outro lado, eram meus sonhos, sempre ela, sempre Helena.

Estávamos na primeira semana da quaresma, os quarenta dias antecedentes a semana santa e por fim a páscoa. O tempo litúrgico em que ficávamos ainda mais em oração, tempo de reflexão e penitência. E eu aproveitaria todo esse tempo para pedir perdão a Deus por tudo o que aconteceu e estava acontecendo. Me sentia impura, indigna de estar no convento. Me sentia desmerecedora das vestimentas que trajava.

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora