A última chance

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Pov Elizabeth

Passado alguns dias, as noviças e freiras recém chegadas já se adaptavam ao convento.

Estávamos na hora das delegações de tarefas. Nós éramos divididas em grupos, sendo: cozinha, jardinagem, limpeza/organização e o meu grupo, as crianças órfãs.

Como eu era a responsável pelo grupo, eu escolheria as novas irmãs que nos ajudariam a cuidar das crianças, assim como irmã Matilda escolheria pela cozinha, Irmã Lilian pela jardinagem e irmã Lorena pela limpeza e organização do convento.

Eu já estava com Helena em mente para escolhe-la, afinal, tive afinidade com ela desde a primeira vez que a vi, mas a irmã Matilda a escolheu primeiro para a cozinha. Confesso que fiquei decepcionada por não tê-la em minha equipe. Mal sabia eu que a sorte estava a meu favor.

Naquela mesma noite, no jantar, as novas freiras cozinhavam já ajudando a irmã Matilda e como o convento agora estava cheio elas teriam que fazer o jantar em grande quantidade, pois naquela noite nenhuma irmã faria jejum em comemoração ao dia de Nossa Senhora do Carmo.

Sentamo-nos todas a mesa e após nossa oração, iniciamos o jantar.

– AAAAAH! Água! Água! – Após sua primeira garfada, a madre começou a gritar implorando por água. Outras irmãs após experimentarem a comida, correram para a cozinha, provavelmente atrás de água. Ri silenciosamente da situação. A comida não poderia estar tão ruim assim não é?

Todas as irmãs saíram em busca de água, ficando apenas Helena, que sentava a minha frente, ficamos sozinhas à mesa.

– O que acabou de acontecer aqui? – Perguntei curiosa a ela, mas na verdade para iniciar uma conversa.

– Foi tudo culpa minha. – Ela se lamentava. – Eu fiquei responsável por temperar os alimentos, e pela reação delas, errei a medida.

– Não se preocupe, não deve estar tão ruim assim. – Tentei consolá-la e em seguida levei meu garfo à boca para experimentar.

Pov Helena

Assim que a irmã Elizabeth experimentou, começou a tossir copiosamente, levantou-se em seguida tentando respirar com dificuldade.

Minha reação foi correr até ela para acudi-la, assim ficamos próximas. Ela então parou e ficamos nos olhando, como se nossos olhares estivessem conectados, como se eles estivessem se comunicando.

– Eu tenho pressentimento que você não irá permanecer ajudando na cozinha. – Após dizer essas palavras, Elizabeth começou a gargalhar, um riso leve e gostoso de ver e ouvir. Comecei a gargalhar junto.

De todas as irmãs do convento, apenas com Elizabeth me sentia livre para ser quem exatamente eu era.

Pov Elizabeth

Após o incidente do jantar, Helena foi afastada da cozinha de imediato, mas para meu desgosto, ela não foi para o grupo de freiras que cuidam das crianças, ela havia ido ao grupo da irmã Lilian, para cuidar da jardinagem.

Eu não sei o que aconteceu, mas três dias depois, todo o convento ficou sabendo que a horta e as roseiras estavam destruídas. A culpada? Helena.

Ela era do tipo desastrada e isso me encantava ainda mais.

Minhas esperanças se renovaram, pois agora era a hora de tê-la em meu grupo, mas para minha infelicidade, ela foi para o grupo da irmã Lorena, para ajudar na limpeza e organização.

Desta vez ela parecia ter se adaptado, não fazia nada errado... até o momento em que as irmãs procuravam seus pertences e não os encontravam mais por Helena ter guardado em lugares diferentes.

Ninguém percebia que ela se esforçava, que ela era uma boa moça apenas a criticavam.

Eu sentia que ela foi feita para mim... quer dizer... para o meu grupo. Elas não percebiam que somente comigo Helena daria certo? Era como se já estivesse predestinado.

Decidi ir falar com a madre sobre ela, mas ao ouvir ela falando com a irmã Laura sobre Helena, meu coração se despedaçou. Elas queriam transferir Helena para outro convento por não se adaptar.

Esperei a irmã (cobra) Laura sair da sala para conversar com a madre.

Implorei a madre Isaura para que desse uma última chance a Helena e fomos conversando pelo caminho até chegar a ala das crianças órfãs.

Ao chegarmos no pátio, onde as crianças estavam em recreação, uma linda imagem nos pegou de surpresa.

Helena estava com as crianças, dançava e brincava com elas, exibindo sua doçura e pureza. Parecia até ser uma criança também. Ver aquela imagem fez meu coração disparar repentinamente.

E com aquela imagem convenci a madre a dar uma última chance a Helena.

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora