Eu me ofereço

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Pov Elizabeth

Helena foi hospitalizada imediatamente.

Era inacreditável como Laura era sem escrúpulos. Ela relatou a madre que Helena e eu estávamos sob sua supervisão cumprindo penitências na capela e que tudo foi um acidente.

Após alguns exames realizados em Helena, foi constatado que não era nada grave, porém ainda estava desacordada por conta da pancada e dos sedativos segundo o médico.

Ele havia nos informado que ela precisaria passar dois dias ou mais hospitalizada em observação, e que poderia ficar apenas 1 acompanhante.

- Bem, podemos fazer uma escala com todas as irmãs para que não sobrecarregue ninguém... - A madre começou a sugerir, mas a interrompi.

- Eu me ofereço! Eu me ofereço para ficar com ela todo o tempo que for preciso! – Disse um pouco ansiosa.

- Não poderá irmã Elizabeth! – Laura disse irritada. – As crianças do orfanato precisam de você. – Em seguida ela me olhou com repreensão.

Direcionei-me a madre e implorei a ela:

- Senhora Superiora, não conseguirei esconder minha tristeza diante das crianças. E comigo aqui não precisará deslocar mais nenhuma freira para esta missão. Eu me responsabilizarei por Irmã Helena e darei notícias.

Madre Isaura segurou minhas mãos, talvez para acalmar-me, e disse:

- Minha querida, ficará muito cansada estando o tempo todo neste hospital.

Pude ver um sorriso malicioso e discreto vindo de Laura, porém a madre continuou:

- Mas... como sei que é teimosa, e que ficará impaciente no convento. Concederei seu pedido, apenas peço que me informe caso precise revezar com alguma irmã.

- Mas... – Laura indagou. – Madre! Elizabeth ficará o tempo todo aqui? A sobrecarregará demais. Me ofereço para revezar com ela e...

- Não se preocupe irmã Laura... – A interrompi, percebendo sua real intenção. – Caso seja necessário um revezamento, informarei a madre. – Em seguida disse ironicamente a ela: - Muito obrigada pela preocupação.

- Está decidido, assim será. – A Madre afirmou. – E como está disposta a ajudar Irmã Laura, por este período ficará responsável pelos cuidados das crianças do orfanato.

Segurei-me para não rir da decisão da madre, Laura odiava crianças, para ela seria um castigo.

Passei o tempo todo ao lado de Helena, segurando sua mão, a acariciando, implorando a Deus que ela acordasse, mas ainda permanecia imóvel, apenas com o movimento de sua respiração.

Devido ao curativo em sua cabeça, o médico recomendou que ela não utilizasse o véu até segunda ordem, deixando a mostra seus fios dourados, a deixando ainda mais linda.

Seu semblante era sereno, parecia estar em um sono profundo, lembrando-me a bela adormecida, a linda princesa dos contos de minha infância.

Estávamos no hospital há três dias, já passando do prazo estimado pelo médico, pois Helena ainda não havia acordado. Ela receberia alta apenas quando acordasse.

Era madrugada e não conseguia dormir, observava Helena, implorando para que ela fizesse um movimento sequer, para mostrar que estava acordando e bem, mas nada acontecia.

Estava quase amanhecendo quando senti o sono chegar, dava leves cochilos, mas de certa forma atenta a Helena, ate que ouvi sua voz, o que me fez despertar de imediato.

- Lizzy... Lizzy... Lizzy! – Sua voz era fraca, mas precisa.

Ela me chamava, mas ainda estava com seus olhos fechados, parecia ser um pesadelo.

- Estou aqui meu amor. – Apertei sua mão para que sentisse que estava a seu lado, enquanto com a outra mão acariciava seu rosto para tentar acalmá-la.

- Não. Não! – Ela dizia em delírio com a voz assustada. – Laura, não!

- Helena, acorde. Eu estou aqui.

Ela estava agitada, remexia-se na cama, até que acalmou e disse quase inaudível:

- Lizzy, meu amor, eu também te amo.

Ao ouvir tais palavras, soltei sua mão e dei um passo para trás. Sim eu sabia que ainda ela estava delirando, mas ouvir aquilo deixou-me estupefata, tanto que não havia percebido que segundos depois Helena havia acordado.

- Ai minha cabeça. Lizzy o que aconteceu? - Ela percebendo que eu estava em devaneio preocupou-se.

- Lizzy, está tudo bem? O que houve?

Voltei a minha realidade e dei um passo a frente ficando próxima a Helena.

- Que bom que acordou. Sente-se bem? – Voltei a minha posição que mais fiquei nesses dias, com uma mão segurando a dela e a outra acariciando seus cabelos.

- Apenas um pouco de dor de cabeça, mas creio que pela situação seja normal.

- Você se lembra de tudo?

- Ahm... Apenas algumas coisas. – Ela parecia receosa no que dizer.

- Preciso saber Helena. Não esconda nada de mim.

Ficamos alguns segundos com nossos olhares conectados, até que ela enfim resolveu falar.

- Lembro-me de tudo. Laura te agarrando, Laura me derrubando. É tudo culpa dela.

- Não! Você não pode falar isso. Você viu do que ela é capaz. Entregá-la seria perigoso demais.

- Mas Lizzy, uma hora todos terão que saber a verdade. Não somos apenas nós que corremos perigo naquele convento.

- Você tem razão Helena. Mas eu te garanto que ela não fará mais nenhum mal.

- Como pode ter tanta certeza?

- Farei um acordo com ela.

- Não é o que estou pensando, né? Não irá se afastar de mim?

O silêncio permaneceu por alguns segundos. Até que Helena o quebrou.

- Lizzy não! Me prometa que não se afastará de mim.

- Eu só lhe causo problemas.

Senti que algumas lágrimas surgiam em meu rosto, as limpei apressadamente antes que saíssem.

- Depois falamos sobre isso. Agora cuidaremos da sua alta.

- Lizzy! Só me responda uma coisa. - A voz de Helena ainda era fraca, mas estava determinada no que dizia: - O que disse a Laura é verdade? Você... me ama?

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora