Pov Elizabeth
Como pode um amor existir e não poder ser vivido?
Como pode duas almas se amarem e não poderem expressar tal amor?
Como pode um singelo e puro sentimento existir, e o mesmo ser criticado, rejeitado ou reprimido?
Tudo o que antes não me fazia sentido, agora faz.
Helena me ama, e sem minha espontânea vontade, confessei a ela tudo o que sinto.
Eu sei que é reciproco, ela mesma já me afirmou, mas era complicado... Somos freiras! Ao entrarmos no convento, renunciamos qualquer tipo de amor ou desejo carnal.
Tentei de todas as formas reprimir tais sentimentos, mas será que agora adiantaria? Helena sabia de tudo, e não sei se ela irá renunciar a esse sentimento ou ignorar esta confissão.
...
Ainda estava paralisada ao ver que era Helena dentro do confessionário, e agora? O que ela faria sabendo de tudo?
Pov Autora
Helena não disse nada, apenas enxugou suas lágrimas, aproximou-se de Elizabeth, o que a fez recuar por tanta proximidade.
Helena avançou novamente, mantendo seu rosto a milímetros ao de Lizzy. Ambas mantinham seus olhos interligados, além de suas respirações estarem descompassadas.
- Eu te amo Elizabeth! – Após dizer tais palavras, poucas, mas com grande significado, Helena encostou seus lábios aos de sua amada.
Sua mão direita pousou sobre a nuca de Lizzy, a mantendo naquele encostar de lábios.
Por alguns instantes, Elizabeth manteve-se firme, sem entregar-se ao beijo, até o momento em que Helena pediu passagem com sua língua para que o beijo se aprofundasse, a partir dai, Lizzy não resistiu, levou sua mão direita até a nuca de Helena, enquanto a esquerda foi até a cintura de sua amada, fazendo com que houvesse mais proximidade de seus corpos.
O beijo intensificou-se trazendo além de amor e carinho, desejo e volúpia. Enquanto as línguas dançavam em bela sincronia, as mãos de ambas instintivamente tentavam puxar uma para a outra como se ainda fosse possível mais proximidade.
Apenas quando o ar se fez necessário, o beijo foi se acalmando, as freiras, davam selinhos antes da separação total dos lábios.
Os corpos não se desgrudaram, elas ainda estavam ofegantes, Lizzy encostou sua testa na de Helena, e uma sorriu para a outra, o mesmo sorriso foi retribuído e ficaram assim por mais alguns instantes.
- O que vamos fazer agora? – Elizabeth perguntou.
- Shhh! Não se preocupe com o depois, agora vamos apenas desfrutar este momento.
Alguns dias haviam se passado, tudo parecia manter-se na normalidade do convento, mas apenas Lizzy e Helena sabiam que tudo estava diferente, para melhor.
Helena cantava enquanto caminhava pelos corredores, enquanto Elizabeth não conseguia retirar de seu rosto o sorriso escancarado.
Laura, porém, era astuta, e havia percebido que algo estava acontecendo.
Por alguns dias, seguia por vezes Elizabeth e por vezes Helena, para descobrir algo, porém nada descobria, até aquele dia.
Durante a noite, já se passava da hora de recolher, Laura percebeu movimentações em um dos corredores, e mesmo na escuridão, percebeu que era Elizabeth. Sem pensar duas vezes, começou a segui-la, que resultou até a capela da igreja.
Ela observava Elizabeth sentada no primeiro banco, e realmente estava fazendo suas orações, o que fez Laura desacreditar de que havia algo suspeito. No entanto, sua opinião mudou a partir do momento em que Helena chegou.
Ela escondeu-se mais, para que não fosse vista pelas duas.
Sua feição de curiosidade foi substituída por fúria ao presenciar o beijo entre as duas freiras.
Laura deu um passo, indo em direção as duas para surpreendê-las, mas arquitetou imediatamente um plano, e para que ele funcionasse, ela não poderia surpreendê-las, então deu meia volta e, sem ser vista, retornou ao seu dormitório.
Algum tempo se passou e sempre que podiam, Lizzy e Helena encontravam-se as escondidas.
Laura presenciou mais algumas vezes os encontros, isso a deixava cada vez mais furiosa, contudo em uma noite ela ouviu uma conversa das duas, o que a fez decidir que seu plano seria posto em prática imediatamente.
Elizabeth e Helena planejavam sair do convento para viverem juntas, como um casal, não achavam certo permanecerem daquela forma, e assim poderiam viver seu amor. A única coisa que ainda as impediam era Estevão. Queriam adotá-lo e leva-lo com elas e para isto, precisavam da ajuda de madre Isaura para conseguir rapidamente a adoção, portanto, teriam que expor toda a verdade para a madre.
Pov Elizabeth
Era uma bela manhã, logo cedo o sol já brilhava, deixando o dia mais bonito.
Eu estava na parte externa do convento, algumas crianças já estavam acordadas e brincavam alegremente no jardim.
- Irmã Elizabeth! – Laura me chamou enquanto aproximava-se de mim. – Tem um minuto?
Afastei-me um pouco das crianças, de modos que não as perdesse de vista.
- Diga irmã, o que deseja? – Perguntei receosa, pois havia tempos que Laura não me dirigia a palavra.
- Desejo você! – Ela respondeu sarcasticamente.
- Se o assunto for este, melhor não inicia-lo...
- Não é sobre mim! – Ela me interrompeu e continuou. – É sobre você... e Helena!
Pela forma que Laura disse o nome de Helena, senti medo.
- Vamos direto ao ponto, Lizzy!
- Não me chame assim!
- Mas a Helena pode te chamar assim. Por que eu não?
- Helena é minha amiga. – Respondi ríspida.
- Amiga e algo mais não é mesmo?
A afirmação de Laura me deixou paralisada.
- Elizabeth, eu sei de tudo... Encontros noturnos... beijos ardentes... planos para o futuro.
Eu permaneci em silêncio. Não conseguia dizer nada. Ela descobriu tudo e poderia arruinar minha felicidade.
Após alguns segundos ainda em silêncio, consegui dizer algo.
- Como?
- Ah Lizzy, eu percebi que estavam muito felizes e as segui algumas vezes. Mas isto não é importante. O que realmente importa é o que vou te ordenar a fazer.
- Me ordenar a fazer? Você está louca! Não vai conseguir me chantagear Laura. Em breve todos saberão sobre mim e Helena e você não poderá fazer nada.
- Se eu fosse você não teria tanta certeza... – Ela dizia maliciosamente. – Se todos descobrirem por mim e não por vocês, nunca conseguirão adotar o moleque. Seria um escândalo. Ah Lizzy, mas essa ainda nem é a ameaça principal...
Laura fixou seu olhar em mim e sorriu com perversidade.
- Lizzy, se você não terminar seu caso com Helena... Ela morre!
- Vo-você n-não seria capaz de u-uma coisa dessas. – As palavras de Laura eram verdadeiras, arrepiei-me de medo apenas pela forma que falou.
- Eu já a feri uma vez, posso fazer novamente, mas agora com consequências maiores.
- Aquela vez foi um acidente Laura, você não quis fazer aquilo...
- Você tem razão, naquela noite Helena se machucou e foi hospitalizada por acidente, pois se fosse minha vontade já estaria morta!
- Laura, por favor, você é uma freira, como tem coragem de...
- Por você! – Ela me interrompeu. – Por você sou capaz de qualquer coisa!
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Meu Santo Amor
RomanceElizabeth entra para o convento e acaba despertando sentimentos profundos e conflitantes em duas freiras: Helena, seu verdadeiro amor, e Laura, cuja obsessão a leva ao tormento e tenta de todas as formas impedir o romance entre Elizabeth e Helena. D...