Povs Elizabeth
– Eu também te amo Helena.
É claro que o amor que Helena havia me dito era um amor de irmã, um amor de amiga, mas ela jamais saberá que o amor que acabei de confessar a ela é um amor infinito. A amo de todas as formas, como a melhor amiga que pude ter, como a pessoa incrível que é, como a mulher maravilhosa que me faz sentir coisas que nunca ninguém me fez sentir. Por ela desobedeci algumas regras do convento, fazendo com que Estevão não fosse adotado. Além de o amar muito, sei que o alerta que a madre me disse é verdade, mas fiz por amor, não poderia imaginar Helena sem ele. Sou capaz de tudo por ela.
Passado alguns dias, o dia de nosso Estevão chegou, dia 16 de agosto, comemorávamos o aniversário dele.
Era um dia muito feliz para nós. E como costumávamos fazer todos os anos, pedíamos ao senhor Joaquim, que vez ou outra trazia algumas encomendas para o convento, para que tirasse uma foto de Helena, Estevão e eu, de sua antiga câmera. Todos os anos na data de aniversário de Estevão, o Sr. Joaquim nos fotografava, a foto saía na hora em sua câmera, e assim ele nos presenteava.
Enquanto Estevão brincava com Helena e as outras crianças, irmã Laura aproximou-se de mim.
– Elizabeth. - Disse um pouco baixo para que apenas eu a escutasse. – O velho Joaquim chegou.
Assim que estava me direcionando ao portão para recebe-lo, irmã Laura me impede.
– Hoje você não irá tirar essa foto.
– O que? - Perguntei a ela sem entender.
– Lembra-se daquela noite, em que estava tomando banho de madrugada. - Meus olhos se arregalaram. – Ah se lembrou de que não está em posição de questionamentos. - Ela sorriu ironicamente.
– O que quer com isso?
– Ah você sabe minha querida. Você ainda me deve um castigo que irá pagar.
– Castigo? Mais do que eu já tenho feito por todo esse tempo?
– Não Elizabeth. Aquilo eram apenas serviços domésticos, nada que não machucasse seu pobre coração.
Ela colocou sua mão em meu peito para sentir meu coração. Em seguida retirei a mesma dali. Ela então concluiu:
– Venha comigo, vamos comprar alguns suprimentos para o convento.
Eu não poderia desobedecê-la, mas tentei dar algum jeito de que eu retornasse há tempo para a foto com meus amados.
Laura demorou no mercado mais que de costume, propositalmente. Sentia-me cada vez mais triste por aquilo.
Quando finalmente colocamos todas as sacolas dentro da caminhonete do convento, antes que ela entrasse, impedi sua passagem, a olhando com determinação perguntei:
– Por que me odeia tanto Laura? O que te fiz para que me odiasse tanto assim?
– É sério Elizabeth? - Ela parecia indignada. – É sério que não enxergou ainda? - Laura suspirou e concluiu. – Não que eu lhe deva satisfações, mas... Eu a odeio por não me tratar como gostaria que me tratasse.
– O que? Do que está falando?
– Ah Elizabeth... Não se faça de desentendida. Eu gostaria que me tratasse como trata sua protegida, a Helena. Queria que tivesse comigo a mesma preocupação que tem por ela... - Laura começou a dizer mais suavemente. - O mesmo carinho... - Ela acariciou meu rosto. –O mesmo desejo.
Imediatamente retirei sua mão de meu rosto e a repreendi.
– Não sei do que está falando irmã Laura. Trato todas as irmãs igualmente. - Afirmei mesmo sabendo não ser verdade. – Vamos logo para o convento. O sr. Joaquim já deve ter ido embora. Já conseguiu o que queria.
Retornamos o caminho em total silêncio, eu dirigindo e ela ao meu lado, até que ela quebrou o silêncio.
– Mas pensando bem, eu tenho um trunfo que Helena não tem.
– Já disse para parar com isso irmã Laura.
O silêncio permaneceu por mais alguns segundos até que Laura novamente o quebrou.
– Não quer saber qual é?
Fingi que não havia a escutado e continuei a dirigir silenciosamente.
– Mas vou dizer mesmo assim. - Ela dizia em um tom provocativo. – Pelo menos Helena não tem você nas mãos dela, como eu a tenho. - Laura aproximou-se de mim e sussurrou. – Pelo menos ela não a viu nua como eu a vi. E ela não sentiu sua intimidade molhada como eu senti.
Ela já estava próxima ao meu ouvido quando sussurrou a ultima frase:
– Você tem um gosto maravilhoso Elizabeth. - E em seguida deslizou sua língua por meu pescoço, fazendo-me ficar arrepiada involuntariamente.
Para minha sorte havíamos chegado ao convento. Retirei meu cinto de segurança e imediatamente saí da caminhonete sem olhar para trás.
Caminhava pelo jardim do convento desnorteada. Então era por isso que Laura não me afrontava como fazia com as demais irmãs, e por isso ela odiava Helena. Por minha culpa. Porque ela me deseja.
Ao entrar em um corredor, acabei trombando em algo, ou melhor, em alguém.
– Lizzy! Finalmente te achei! - Helena estava feliz por ter me encontrado. – Vamos tirar nossa foto. O sr. Joaquim ficou aguardando até que eu a encontrasse para tira-la.
Depois daquele momento, tudo ocorreu bem, tiramos nossa foto como de costume e passamos a tarde com nossas crianças nos divertindo. Mas por algumas vezes minha mente ia a tudo o que Laura havia me falado mais cedo, e por isso resolvi tomar uma decisão.
– Helena.
– Sim Lizzy?
– Preciso conversar com você, mas deve ser hoje a noite, para que ninguém saiba.
– Ok, mas está tudo bem? - Ela ficou preocupada por minha seriedade.
– Não precisa ter medo de nada, mas o que tenho para te falar é sério, por isso estou pedindo para ser hoje à noite, após ao toque de recolher. Irei ao seu quarto e lá conversamos. Sem que ninguém saiba.
Eu estava disposta a contar tudo a Helena, até mesmo de me declarar, pois depois de hoje, eu não sabia do que Laura era capaz, e pelo ódio que ela sente por Helena, ela está correndo perigo.
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Meu Santo Amor
RomanceElizabeth entra para o convento e acaba despertando sentimentos profundos e conflitantes em duas freiras: Helena, seu verdadeiro amor, e Laura, cuja obsessão a leva ao tormento e tenta de todas as formas impedir o romance entre Elizabeth e Helena. D...