Meu Santo Amor

Hoje à noite

Pov Elizabeth

Assim que sai da sala, caminhava pelos corredores desnorteada. Sentia-me enganada, incapacitada, impotente.

Pela conversa que acabara de ter com Laura, percebi que, mesmo depois do grande sacrifício que fiz por Helena, de nada valeu. Laura ainda era perigosa e para minha infelicidade, agora Helena me odiava. Eu tinha tudo, e de repente, agora não tenho nada.

Meus objetivos agora seriam outros, já que Helena jamais me perdoará. Focarei todas as minhas energias em Laura, não a deixarei fazer mal a mais ninguém.

- Está na hora de jogar o seu jogo Laura! - Disse determinada a mim mesma, enquanto dava meia volta e retornava a sala da Madre.

Pov Autora

Laura estava furiosa na sala da Madre, que ocupava. As palavras de Elizabeth não saíam de sua mente.

"- Você não entende que eu amo Helena, e mesmo que ela me odeie, eu a amarei pelo resto de minha vida?"

A vilã não se contentava de que Elizabeth jamais deixaria de amar Helena.

- Eu tenho que fazer alguma coisa! - Laura disse determinada enquanto esmurrou a mesa em sua frente.

Batidas na porta chamaram sua atenção.

- Estou ocupada! Volte outra hora. - Ela disse sem se importar quem quer que fosse.

Elizabeth ignorando suas palavras entrou e trancando a porta, ato que deixou Laura surpresa, aproximou-se sentando a frente de Laura.

- Ainda não terminamos nossa conversa! - Elizabeth disse a mulher paralisada e boquiaberta a sua frente.

- O que mais quer falar Elizabeth? Sobre o quanto ama Helena... O quanto ela é importante pra você... Eu já estou cansada dessa conversa e...

- Eu quero saber... como é o procedimento para cancelar a anulação dos meus votos! - Lizzy perguntou a interrompendo.

Laura a observou com espanto, e sem compreender nada a perguntou:

- O que a fez mudar de ideia tão repentinamente?

- Porque enquanto faremos o cancelamento, você irá apressar a anulação dos votos de Helena e a adoção de Estevão para ela.

As feições de Laura mudaram de espanto para raiva. Havia entendido o motivo da brusca mudança de Elizabeth.

- Sempre Helena! Sempre ela! - Laura levantou-se zangada, dando volta a mesa, ficando de frente para Elizabeth.

- Não é tudo o que você quis? - Elizabeth levantou, ficando cara a cara com Laura. - Helena não estará mais aqui, e nunca mais a verá.

- E você será toda minha... - A freira acariciou o rosto de Elizabeth, achando sua proposta tentadora.

- Quanto a isso, não posso te garantir nada. - Lizzy disse séria enquanto retirava as mãos da freira de seu rosto.

- É o que veremos... - Laura a provocou. - Porém, gostei da sua... proposta. Eu aceito! Iremos apressar a adoção e a anulação dos votos de Helena. Quanto ao cancelamento da sua anulação dos votos, é bem simples, assim que chegarem os papeis, ao invés de assina-los, basta você rasgá-los. E quanto a nós...

- Não há nós! - Elizabeth a interrompeu. - Era apenas isso. Com licença.

-Espere! - Laura a segurou pelo braço, e voltando a ficar frente a frente com Elizabeth, a beijou à força.
Lizzy a afastou imediatamente e com toda sua força, deu um tapa no rosto de Laura.

- Nunca mais faça isso! - Elizabeth disse e logo em seguida, saiu da sala.

Enquanto Laura passava sua mão no rosto um pouco vermelho e dolorido pelo tapa, sua outra mão tocou delicadamente seus lábios, lembrando que segundos atrás, estavam grudados aos de Lizzy.

- Ah Elizabeth, você será minha, e quando isso acontecer, não vai querer ser de mais ninguém. - A freira disse a si mesma enquanto um sorriso maléfico surgiu em seus lábios.

Alguns dias se passaram, e o convento estava em clima de festa! O aniversário da madre estava próximo, e aproveitando a melhora de sua saúde, todo o convento estava nos preparativos para um belo jantar em sua homenagem.

Elizabeth aproveitando um tempo livre, durante as organizações do dia, foi até a capela, fazer suas orações e ao mesmo tempo refletir o quanto sua vida mudava extremamente a cada pequena decisão que tomava.

- Um dia sou amiga de Helena, outro dia ela me odeia, em outro nos beijamos e confessamos nosso amor, e agora há dias não a vejo. - Elizabeth murmurava em suas orações. - Qual futuro reserva a nós meu Deus?

A religiosa continuou alguns instantes em oração, até que percebeu alguém sentando-se ao seu lado.

Ela não desviou seu olhar da imagem de Jesus Crucificado em frente ao altar da capela, mas sabia exatamente quem era, a reconhecia por seu perfume.

Elizabeth ficava nervosa a cada instante, não sabia o que poderia acontecer, Helena ao seu lado, sem dizer nenhuma palavra, apenas estando ali, sem expressar nenhum sentimento ou palavra.

Perguntas de todos os tipos rodeavam a mente de Lizzy.

Se ela a odeia, por que sentou-se ao seu lado?
Se queria falar algo, por que não dizia, ao invés desse terrível silêncio?
Se quisesse discutir, por que não fazia isso logo?

A angústia crescia a cada instante, Elizabeth já sentia-se incomodada com aquela situação, até que Helena, finalmente fez algo.

- Hoje... - Helena sussurrou. - Hoje à noite, após o jantar, em seu dormitório.

Assim que sussurrou as palavras, Helena saiu, deixando a outra freira completamente confusa.

- É isso mesmo que ouvi? - Lizzy perguntava a si mesma. - Ela marcou um encontro comigo, hoje?

De certa forma, Elizabeth ficou feliz, sempre aquela ponta de esperança surgia, contudo, o medo da rejeição tomou conta de si.

- Meu Deus, o que Helena tem para falar?