A verdade sempre aparece

66 3 4
                                    

Pov Elizabeth

Depois do ocorrido, eu não tinha mais expectativa de vida.

Não poderia permanecer por muito tempo no convento, pois meus dias de freira estavam chegando ao fim, eu não poderia estar com Helena, pois ela acha que a trai.

Não sei o que fazer da minha vida daqui em diante.

Cada dia que se passava, minha dor e sofrimento apenas aumentava.

Ser ignorada por Helena era o mais doloroso para mim.

Comecei a me enclausurar, ficava apenas em meu quarto, fazendo minhas orações e não tendo contato com ninguém do convento. Meu sofrimento se refletia em meu estado físico, estava mais magra, pálida e com olheiras. Não queria que me vissem assim.

Irmã Lilian, demonstrou ser uma grande amiga, levava as refeições em meu dormitório e mesmo sem saber o que aconteceu, me aconselhava a cuidar da saúde.

Um lindo dia de sol, e eu como sempre em meu dormitório, olhava pela fresta da janela o céu limpo, totalmente azul. Pela janela podia enxergar o quanto estava bonito o jardim.

Escutei leves batidas na porta. Pelo horário, era irmã Lilian me levando a refeição do dia, mas qual minha surpresa ao abri-la.

– Minha querida! O que está acontecendo com você? – Madre Isaura surpreendeu-se ao me ver.

– Desculpe Madre, estou apenas fazendo minhas últimas orações aqui, compreende? – Foi a primeira ideia que surgiu em minha mente, dizer que estava em profunda oração antes de minha saída do convento.

Pelo olhar da Madre ela não acreditou em minhas desculpas, mas continuou:

– Há alguém aqui que está morrendo de saudades, e não sossegará até vê-la.

– Perdão Madre, mas não posso ver ninguém, eu...

Minhas palavras morreram ao ver quem a madre se referia, ela deu passagem para que o pequeno rapazinho entrasse.

– Nem a mim mamãe? Não quer me ver? – Estevão perguntou com tristeza no olhar.

– Meu pequeno Estevão! – Não pude conter minhas lágrimas.

O abracei com tanta força, estava com tanta saudade dele. Todos os dias pensava em meu pequeno.

A madre nos deixou a sós e ficamos por algum tempo brincando.

Antes de ir, ele exigiu que eu fosse vê-lo todos os dias e não me trancasse no quarto. Esse pedido jamais poderia recusar.

Ele me trouxe um pouco de alegria diante de tanta tristeza.

E foi assim que comecei a sair da clausura, todos os dias, no horário de menos movimento do convento, saía quase que às escondidas, para que o menor número de pessoas me visse, apenas para encontrar Estevão e passar o tempo com ele.

No entanto, nada poderia ser perfeito, em um dia, enquanto estava brincando com meu pequeno, escutei a voz que tanto sentia falta, a voz que fazia meu coração pulsar freneticamente.

– Estevão! Meu amor, eu... – Helena paralisou quando me viu.

Não sei se sua reação de espanto foi por meu estado físico, por me ver, ou por ter que estar em minha presença, depois de tanto tempo.

– Estevão, querido, vá brincar lá fora, por favor, preciso conversar com irmã Elizabeth. – Assim que o garoto saiu, ela aproximou-se de mim, nossos olhos se prenderam, pude sentir seu perfume, e a cada segundo meu coração batia mais forte.

Meu Santo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora