IV. O ômega que decidiu mudar

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Capítulo 4 - O ômega que decidiu mudar

Eu sempre tive alguém para segurar minhas mãos e guiar meus passos. Era bom pois era uma vida fácil. Porém, eu fui crescendo e nesse processo vendaram meus olhos para que nunca desejasse me soltar e andar por mim mesmo em outro caminho. Então eu me tornei dependente. Não me virava sozinho em nada. Necessitava de ajuda para tudo o que ia fazer, desde o que comer à qual roupa vestir, pois nada do que pensava sozinho parecia o suficiente. Precisava de opinião para tudo, principalmente de Jeon Mari. Tinha medo do que os outros podiam dizer caso vacilasse, portanto, constantemente buscava ser perfeito dentro dos ensinamentos e regras impostas para agradar.

Eu tinha que agradar em tudo, afinal, sou ômega.

Cansativo, mas eu nunca parava. Eu não fui criado para questionar, vivia abaixando a cabeça e atacando ordens. E, por mais que eu não concordasse cem por cento, estava tudo bem. Eu estava protegido dentro da minha redoma de cristal. Eu era adestrado o suficiente para me aceitar essa realidade de vida. A realidade de ser constantemente mandado e julgado por hipócritas.

Eu não tinha poder na voz. E nem precisava pois foi me ensinado ser submisso. Mas, depois de tanta merda, agora me pergunto... Essa é a melhor forma de se viver? Eu concordo com essa realidade? Eu quero continuar assim? 

Talvez, se fosse antes de cair, me machucar e acordar, saindo do cristal ao qual eu morava, a resposta seria: sim. Eu concordava com tudo, pois desde pequeno acreditava que vivia um verdadeiro sonho. Eu era o ômega perfeito, vivendo em sua família perfeita, ansiando pela alfa também perfeita para pegar nas minhas mãos e continuar me guiando, até termos a própria família igualmente perfeita e padronizada. Sem nem me dar conta que isso, lá no fundo, não me satisfazia. Sem notar que perfeição sequer existe. 

Somos um bando de imperfeitos, errados, vivendo, caindo, levantando, aprendendo e buscando ser melhor. Ou ao menos deveria ser. Eu mesmo não enxergava nada disso.

Hana quem começou a quebrar a bolha de cristal a qual eu sempre fui obrigado a estar. Eu sofri com a enorme rachadura que foi feita no teto onde os pedaços de vidro começaram a cair e me feriram. Porém, ao mesmo tempo, com aquele espaço vazio, eu consegui ver uma luz. Ela era atrativa e me chamava para conhecer um novo mundo. O receio não me permitia ficar completamente confiante mas desejei ultrapassar aquele buraco que foi feito ali então me pus a escalar, sem me dar conta que ainda estava preso ali - nos costumes, nos medos - e apenas sonhando em ser alguém lá fora. Em seguida, veio as consequências da minha cegueira de todo esse tempo e justo onde eu estava subindo, desmoronou. Eu caí no chão outra vez com a descoberta no médico e as paredes desabaram, mais uma vez me machucando. A esperança me fez levantar. Eu desejei sair daquele lugar pois a redoma de cristal não me pertencia mais. Todavia, mesmo começando a despertar daquele sonho para realmente começar a viver a vida real, eu percebi que estava preso bem ali no centro de tudo por fortes amarras vindas da insegurança, incerteza... Daí veio Mari. Por ironia, a pessoa que me colocou dentro daquele mundo frágil e extremamente idealizado, que me oprimia e segurava as amarras, foi justamente quem destruiu o restante. 

As cordas que ela me mantinha preso, as quais eu mesmo queria ficar enrolado por amor e dedicação a ela, também me feriram. Eu fiquei muito afetado porque a pior dor era confiar sua vida nas mãos de alguém, dar todo seu coração e o seu ser, buscando unicamente ter o orgulho dela e amor recíproco e a pessoa não ligar para você, para o seu bem, te tratar de forma tão hostil e... Ah. É muito frustrante amar quem só quer sua obediência e nada mais. Por isso doeu. Senti que também machucou quando fui me soltando e a deixando ir para longe, levando consigo suas paranóias e medos que na maior parte eram mesmo só dela apesar de ter me contaminado.

Minha Vida, Meu Prazer! {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora