XIX. O ômega vivendo prazerosamente

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Capítulo 19 - O ômega vivendo prazerosamente

A partir do dia em que descobri que meu pai era um alfa horrível e que minha mãe era vítima de um transtorno, as coisas passaram a ser diferentes. 

Nós, Joshua e eu, obrigamos Bon-Hwa a ir embora. Ele deu um certo trabalho se fazendo de coitadinho, quebrou algumas coisas em casa, falou várias merdas mas, após ameaças de denúncias e processos vindas do tio Taehyung, assinou que abria mão de lá, pegou suas coisas e se mandou. 

Como nenhum de nós tem boas lembranças daquela residência, não demoramos a entrar em acordo. Se fosse por Mari, ela queimaria tudo, foi o que afirmou quando pedimos para o advogado levar o papel para que assinasse permitindo a venda. Então também nos livramos dela.

Nós aproximamos da minha progenitora, principalmente tio Taehyung que estava pagando por um tratamento especializado. Estamos empenhados em ajudá-la a se curar. Uma tarefa que foi muito difícil no início pois seus pensamentos estavam extremamente depressivos, seus TOCs complicados de lidar e seus surtos mais constantes. 

A doutora Lee Go Eun não nos permitia vê-la pois ela ainda se mantinha nos encarando como seres pecadores e abomináveis. 

Mas, agora, meses depois, podemos nos comunicar. Apenas por cartas. Mari se sente bem as escrevendo. Aliás, é a forma que está conseguindo desabafar desde o início com a Dra. Lee sem se render a grandes surtos. 

Concentrada em escrever seus pensamentos e sentimentos de forma mais racional, ela é capaz de ver que sua mente é um completo caos e buscar desfazer os nós existentes nela. E atualmente é capaz de conversar conosco sem ficar, a todo momento, nos julgando ou querendo nos forçar a ser o que a faria se sentir um pouquinho melhor. 

Eu recebi algumas dessas cartas.

Na primeira, Mari dizia que estava sofrendo entre se abrir e permitir entrarem na sua mente para dar um jeito nela ou se render a um pecado específico - a morte - ao qual rezava para ser perdoada e sentir alguma paz pois ela chegou ao limite. Não conseguia lidar com seus pensamentos contraditórios, seus sentimentos que sempre caíam em autodepreciação e repulsa, suas atitudes obsessivas e compulsivas. Tudo estava desmoronando e sentia que ia ficar pior. Por isso, ela teve algumas tentativas de suicídio.

Em suas palavras eu pude notar a agonia, o quanto ela queria paz. Eu a entendia, odiava seu tormento tanto quanto a mesma, mas não concordava que morrer era a solução. Eu escrevi de volta, deixando as lágrimas respingarem no papel, me atrapalhando a visão, mas não importava desde que terminasse e a entregasse o mais rápido.

Mari não podia desistir. Não era justo porque ela não nos deixou conhecê-la. Não era justo porque ela não foi uma boa amiga, irmã, mãe. Não era justo porque ela nunca sequer cogitou, quem dirá tentou fazer diferente. Não era justo ela não persistir e deixar o lado ruim ganhar.

Eu não sei se ela começou a raciocinar diferente por si só ou se foi eu quem a tocou de alguma forma, se foi meu irmão, tio Taehyung, nas cartas que eles também trocavam. Ou a doutora Lee, ou até mesmo aquela vizinha psicóloga com quem Mari fez amizade e ainda mantinha contato. Mas sua segunda carta veio mudada. 

Disse que essa era a primeira tentativa - podiam vir outras - das quais a muitos anos negou a ter. Não se sentia pronta para me deixar a conhecê-la pois não se conhecia mais e não queria tocar no passado. 

Uma das partes da minha resposta foi que eu respeito o seu tempo. Só de saber que está abrindo os olhos, basta. 

E ela está começando a acordar para uma nova vida porque pediu desculpas ao tio Taehyung por nunca ouvi-lo e ter o afastado bruscamente, várias vezes, até ele se cansar. Ao meu irmão por tratá-lo com ignorância. A mim. 

Minha Vida, Meu Prazer! {Jikook}Onde histórias criam vida. Descubra agora