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   — Amor não é por que você acertou uma vez que você vai acertar todas.

   — Mas Joe eu tô dizendo, eu acertei que o Brian ia arrumar um namorado, eu sinto essas coisas! — O casal estava no carro, indo para casa depois do trabalho. — Algo me diz que o Gwilym vai arrumar um namorado.

   — O nosso Gwilym? O machão?

   — Um machão que gosta de outros homens, você sabe que isso acontece muito.

   — Ah eu não sei... — Eles passaram pela portaria do condomínio, em direção ao estacionamento. — É, pode acontecer.

   — Eu tô morrendo de fome, e não quero cozinhar. — O loiro saiu do carro depois que eles estacionaram.

   — Por que você não falou isso antes? A gente parava no mercado. — Joe saiu logo em seguida e trancou o carro.

   — Por que eu só lembrei agora. — Ben respondeu, segurando o pulso dela e caminhando com o marido até os elevadores. — A gente pede, sei lá, comida chinesa?

   — Estava pensando em comida árabe.

   — Então comida árabe. — Os dois entraram no elevador, trocaram olhares por alguns segundos e depois desviaram o olhar, sorrindo. — Se quiser eu posso me vestir de árabe pra você me comer.

   — Vamos guardar essa ideia pra outro dia. — Ele selou os lábios de seu marido. — É uma droga morar no terceiro andar quando você quer pegar alguém no elevador...

   As portas se abriram, e eles entraram em seu apartamento, sendo recebidos por seus três cães.

   — Meus bebês estavam com saudades? — Ben se ajoelhou, tentando abraçar os três cães. — Oi Frankie, oi Mazzello, oi Hardy.

   Ele acariciou sua Golden, o salsicha com pelo castanho e sua cadelinha branca com manchas escuras. Entrou em casa, deixando suas coisas no chão, ao lado do sofá, o marido também cumprimentou os cachorros e entrou.

   — Eu vou tomar banho, aí você pede a comida. — O loiro tirou o colete e a camiseta, recebendo um assovio do marido em resposta. — Para com isso!

   — Vamos lá, você me mostra tudo isso e eu ao invés de tomar banho com você vou ter que ficar aqui e pedir comida? — Ele colocou a mão na cintura, fingindo estar revoltado.

   — Alguém tem que ir receber o pedido. — Ele começou a se desfazer da calça.

   — Então tira a tentação da minha frente. — Joe olhou para aquele corpo de cima a baixo.

   — Não, é mais divertido te provocar. — Ele riu, colocando a língua entre os dentes. — Eu tô indo.

   — Beleza então, você vai ter o que merece depois! — Ele se jogou no sofá, a Golden subiu em seu colo. — Calma Hardy...

   Ele pegou o celular para fazer o pedido, enquanto escutava o som do chuveiro, se sentindo tentado a ficar lá com ele, respirou fundo, acariciando a cabeça de sua cadela e sorrindo logo em seguida.

   Depois de ficar assistindo televisão, a comida chegou, e no exato momento que ele fechou a porta, Ben saiu pela casa apenas com uma toalha na cintura.

   — Bem na hora.

   — Previu isso também? — Joe brincou, enquanto colocava a comida sobre a mesa.

   — Para de ser idiota. — Ele sorriu, dando um soquinho no ombro de Joe, sentando-se a mesa logo em seguida, recebendo um olhar estranho do marido. — O que foi?

   — Vai jantar pelado?

   — Amor eu tô com fome. — Ele disse fazendo um pouco de manha.

   — Que seja. — Joe sentou-se a mesa com o marido, pegando um pedaço de  pão sírio, molhando o mesmo em babaganuche e levando até a boca de Ben. — Abra a boquinha. — Ele comeu o pãozinho, mas mordeu o dedo de Joe de propósito. — Porra!

   — Desculpa... — Ele tentava segurar a risada e manter a comida na boca.

   — Você está muito assanhadinho hoje. — Joe mordeu um kibe.

   — Eu só queria brincar. — Ele colocou o cotovelo na mesa, apoiando o rosto em sua mão, enquanto seus olhinhos azuis olhavam apaixonadamente pro marido. — Você é tão adorável.

   — Eu só estou comendo...

   — Você é adorável fazendo qualquer coisa. — Ben sorriu, e Joe não aguentava aquele sorriso, era mais fácil dar um tiro no coração dele, e eles já eram casados fazia um tempo.

   — Eu fico bobo quando eu vejo esse sorriso. — Ele pegou outro kibe. — E não me morde. — Joe deu a comida novamente na boca dele.

   — Vai ficar assim a noite inteira?

   — Acredite eu estou adorando te dar comida na boca, e não fale de boca cheia senhor Mazzello. — Os dois riram, antes de Joe pegar mais um pedaço de pão sírio. — Vai querer mais babaganuche ou mhamara?

   — Tanto faz. — Ele respondeu, voltando a mesma posição e com o mesmo olhar de bobo apaixonado.

   — Mhamara então. — Joe sorriu também, observando cada detalhe daquele rosto completamente perfeito.

   Ben era tão perfeito para Joe.

•••

   — Você tem certeza que quer fazer isso?

   Edward Golden encarava a moça, uma mulher de olhos azuis e cabelos castanhos, cobrindo sua pele clara com roupas escuras e pesadas, enquanto encarava a parede daquela sala.

   — Eu quero. — Ela disse com toda a confiança que tinha. — Eu preciso do dinheiro.

   — Essa mutação pode causar complicações para você, você vai estar carregando um híbrido.

   — As complicações vão me matar?

   — Não.

   — Eu vou ter que tomar conta desse filho depois?

   — Como em toda inseminação artificial, vamos colocar três espermatozóides em você, vamos alterá-los em laboratório primeiro para fazer com que o DNA humano e animal consigam se unir, tem chances de não acontecer em todos os três ou não acontecer em nenhum, é um trabalho extremamente minucioso. — Ele se aproximou da mulher. — Talvez nenhum dos filhos sobreviva.

   — Eu não me importo, você sabe que eu estou aqui por que estou falida, esse ou esse filho não é meu, é de vocês e seja lá que maluquice vocês queiram fazer.

   — Certo, vou precisar que você assine como colaboradora do projeto H, depois vamos falar sobre o bebê que você vai dar pra gente.

   Depois de todo o processo, dois bebês sobreviveram, um deles nasceu híbrido, com penas coloridas cobrindo partes de seu corpo, e o outro nasceu humano. A mulher pegou a fortuna que lhe foi paga e desapareceu, os dois gêmeos foram criados pelos cientistas.

   Um criado para ser o híbrido que obedecia e o outro criado para ser o humano que o controlava.

   O cientista que controlava ara macao cyanopterus.
 

 
  

Meow!? Yes, Again. Onde histórias criam vida. Descubra agora