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   — Alguém tem notícias do Allen? — Gwilym chegou no trabalho segunda feira levemente desesperado. — Eu liguei pra ele o final de semana inteiro, fui até a casa dele mas ele não estava...

   — Quanta preocupação com seu namorado.

   — Não é questão de namoro Joe. — Brian interferiu. — O Allen desapareceu, e isso é preocupante, ele deveria estar aqui a uma hora...

   Todos os funcionários estavam no hall esperando o início das atividades, era o vice diretor que cuidava do cronograma. Alguns minutos depois, alguém entrou.

   — Desculpem o atraso. — O rapaz de olhos azuis foi até eles, segurando a sua famosa prancheta com os horários.

   — Você não deu notícias, ficamos preocupados. — Gwilym sorriu para ele, sentando-se tentando a acariciar seus cabelos, ele estranhou quando Allen não retribuiu o sorriso, era a linguagem deles n ambiente de trabalho.

   — Meu celular quebrou, mas eu estou aqui então não precisam se preocupar... — Ele olhou para a ficha que carregava. — Senhor May a audiência na prefeitura.

   — É semana que vem.

   — Recebi uma ligação sexta-feira, eles mudaram o horário, é hoje, mas como eu falei, não pude notificar, devemos ir buscar a doutora Boynton agora?

   Todos se olharam, Allen estava meio estranho, ele estava agindo de uma forma mais formal e mais fria do que de costume, se Roger estivesse mostrando suas orelhas, elas estariam em alerta.

   — É, a gente pode ir buscar a Lucy agora. — Ele pegou o casaco, franzindo o cenho. — Mas você é o vice diretor, se eu estou fora você tem que ficar aqui, eu mesmo dirijo.

   — De modo algum, exigiram minha presença também. — Ele sorriu. — Estarei aguardando no meu carro.

   Ele saiu do hall, deixando todos os funcionários com um ponto de interrogação na testa.

   — Bom... Gwilym toma conta das coisas por aqui, certo?

   — Certo... — O veterinário disse, obviamente desapontado, e depois foi para sua sala.

   — Vamos Roger. — Ele chamou o marido, os dois foram até o estacionamento e entraram no carro. — Aconteceu alguma coisa nesse final de semana Allen?

   — Nada demais. — Ele respondeu, começando a dirigir.

   Brian olhou para trás, percebendo que Roger também estava desconfortável com aquele silêncio, alguma coisa tinha acontecido com Allen, ele estava agindo muito diferente do que geralmente agia.

   — Você falou com seus parentes?

   — Não tenho parentes. — Allen deu de ombros, ainda dirigindo, ele pegou um potinho de balas de menta no porta luvas do carro. — Aceitam?

   — Agradeço. — Brian pegou uma e colocou na boca. — Amor?

   — Passa uma pra cá. — Ele deu a pastilha na boca do gato.

   Allen sorriu.

   — Já sabem sobre quais projetos vão falar na audiência?

   — Sabemos, você até sugeriu a ideia de levar o Roger e o Rami para falar sobre o resgate de gatos... — Brian disse, começando a ficar meio tonto. 

   — Ah é, eu sugeri, foi uma ideia brilhante, não acha Felis Catus? — Ele olhou para o banco de trás pelo retrovisor, vendo uma expressão estranha por parte do híbrido.

   — É... Foi uma ideia brilhante, mas por que está me chamando assim? — Roger também estava começando a ficar meio sonolento.

   — Não é nada, afinal, esse é um de seus nomes também, nunca vi o híbrido teste da 773 pessoalmente...

   — Brian, não é o Allen... — Foi o que Roger disse antes de desmaiar.

   — Desgraçado. — Brian tentou tirar as mãos dele do volante, mas desmaiou logo em seguida.

   — Crianças não aceitem doces de estranhos. — Ele disse, voltando a guardar as pastilhas. — Agora onde é a casa daquela maldita...

   Ele parou um pouco ao lado da casa de Lucy, uma localização estratégica para ter acesso a janela da sala. Ele conseguia ver Rami, sentado no sofá, de costas para ele, aparentemente assistindo televisão, estava destraído, no lugar errado, e na hora errada.

   — Tudo seria tão mais fácil se o Allen não fosse um inútil... — Ele saiu do carro, colocando as mãos no bolso e um sorriso falso no rosto, antes de ir até a porta, ele se aproximou da janela e atirou um tranquilizante na nuca de Rami, levaria um tempo para que ele sentisse o efeito, era o tempo para que ele pegasse a garota.

   Ele bateu na porta, e Lucy abriu, sorrindo para ele.

   — Oi Allen, você veio me ver?

   — É claro, nós estamos preocupados, depois dessa loucura do perseguição...

   — Também não é seguro pra você aqui... — ela parou um pouco e olhou para o que estava atrás do ombro dele. — Por que o Brian e o Roger estão no seu carro? E por que eles parecem desmaiados?

   — Eles só estão dormindo... — Paul agarrou Lucy pela cintura, tirando a mão do bolso e colocando um lenço na boca dela. — Agora fica quietinha.

   Ela tentou pedir ajuda para Rami, mas arregalou os olhos quando viu o marido cair desmaiado no chão da sala e com um tranquilizante na nuca. O ar estava começando a lhe faltar, aquele lenço cheirava a álcool, ela não conseguia respirar.

   Tudo estava ficando escuro...

•••

   Depois de passar o final de semana inteiro trancado em uma gaiola, Allen finalmente saiu da adaptação cerebral e conseguiu abrir a gaiola. Se os híbridos estivessem sob a adaptação cerebral e não recebessem ordens por vinte e quatro horas, eles saíam do transe. Depois de ver que seu irmão não estava no apartamento, ele soube que ele já tinha colocado o plano em ação.

   Então saiu voando desesperado até o santuário para ver se não era tarde demais.

   Allen entrou pela janela aberta de Gwilym, dando um susto no veterinário.

   — Allen? Mas você saiu com o Brian e o Roger.

   — Gwilym, não era eu. — Ele tocou os ombros do rapaz desesperado. — Precisamos chamar os outros, o Brian e o Roger correm perigo, pra onde eles foram?!  — Ele quase gritou, saindo da sala do veterinário.

   — Foram atrás da Lucy e do Rami pra audiência, mas espera, como não era você? Era idêntico! — Ele seguiu o híbrido.

   — Lembra daquele irmão que eu te falei que morava em Nova York com a esposa? Eu menti, ele é meu irmão gênio e é um dos cientistas do projeto H, ele é meu cientista responsável, eu sou quem estava perseguindo os híbridos.

   — Você o que?! — Ben ouviu a conversa dos dois.

Meow!? Yes, Again. Onde histórias criam vida. Descubra agora