Meow!? Yes, Again.

15

   Alguns dias haviam se passado desde que todos descobriram sobre o novo híbrido, e tudo estava indo bem. Nenhuma outra novidade assustadora.

   Até Brian receber uma ligação de Lucy enquanto estava no escritório.

   "Brian, eu tenho que te contar uma coisa, e é meio urgente".

   — Outra ligação? — Ele se ajeitou em sua cadeira.

   "Não, é que... Eu não sei como eu posso dizer isso, mas acho que você vai ter que me deixar de licença futuramente por outro motivo."

   — Diga, estou ficando preocupado.

   "Eu estou grávida."

   — Minha nossa... Meus parabéns Lucy. — Ele sorriu, escutando um latido do outro lado do telefone. — Ele está saltitando por aí de felicidade não é?

   "O Rami? Só fala disso desde que eu descobri."

   — Como você descobriu?

   "Comecei a passar mal ontem a noite, eu fui ao médico e o resto você já sabe, certo eu fiquei super em choque por que eu tomei o remédio certinho, mas ele disse que esse tipo de coisa acontece."

   — Eu estou muito feliz, de verdade, já estão pensando nos nomes?

   "Ele quer Anna pra menina e David pra menino, eu nem sei como ele aprendeu esses nomes, eu estou dizendo que ele vai ficar com a cabeça impecável e ninguém vai me convencer do contrário".

   — Você está certa por acreditar na melhora dele.

   "Mas então? Como as coisas estão aí? Nunca achei que iria sentir saudades de trabalhar..."

   — Tudo normal, Ben e Joe se pegando pelos cantos achando que eu não estou vendo, Roger e Mary atrás dos bichinhos da rua, o Gwilym negando até a morte que tem uma queda pelo ararinha, apenas o habitual. — Os dois deram risada. — Você e o Rami estão fazendo falta aqui.

   "Também sentimos falta de vocês..." Ela suspirou. "Agora vamos para a parte ruim da ligação, alguma outra notícia sobre o 121?"

   — Beach disse que não houve nenhuma movimentação perceptível já que ele não te ligou mais, mesmo assim é melhor você continuar sem aparecer no trabalho. Eu marquei para falar com ele sobre o Allen, sabemos que não é por mal mas ele pode atrair atenção pra nós, e aí não adiantaria nada você estar afastada.

   "É melhor falarmos sobre o Allen o quanto antes... Eu vou desligar agora, vai ficar tudo bem."

   — Eu espero... Tchauzinho Lucy, boa sexta-feira.

   "Tchauzinho Brian."

   Ele desligou, respirando fundo e olhando para a pilha de contas que deveria acertar, se quisesse ver os seus preciosos texugos antes de ir embora, teria que acabar tudo aquilo rápido.

   Enquanto ele estava no escritório, o vice diretor estava no hall com o resto da equipe, fazendo a famosa pausa pro café. Juntamente com ele estavam Roger e Joe.

   Tudo estava correndo normalmente até Gwilym aparecer, ele e Allen trocaram olhares e sorrisos, os dois tinham saído no sábado, foram até um planetário, e se beijaram de novo em "Saturno". Era óbvio que ninguém da equipe sabia.

   — Boa tarde. — Gwilym disse, pegando uma xícara de café e indo até a cafeteira.

   — Que sorrisão ein Gwil, viu um passarinho verde? — Roger brincou.

   — Tá mais pra arara.

   — Vocês dois têm que calar a boca. — Ele respondeu, pegando a xícara cheia e levando aos lábios.

   — Você não quer admitir que gosta dele. — Joe cruzou os braços. — Allen o teu macho não te assume, vai deixar assim?

   — Eu não sei do que vocês estão falando... — Ele abaixou a cabeça, tentando segurar o riso.

   — Mudando completamente de assunto, está deixando a barba crescer? — Gwilym olhou para Allen, tentando segurar um sorriso.

   — Eu estou, está ficando ruim?

   — Está bonito... E os dois podem parar! — Gwilym cortou a onda de "awwwn" feita pelos dois.

   — São quase cinco horas, daqui a pouco eu preciso ir embora. — Allen disse com as bochechas levemente coradas. — Até segunda feira galera.

   — Até mais cara. — Joe e Roger se despediram.

   Antes de sair pela porta da frente, ele olhou para Gwilym, o veterinário não disse nada, ele apenas continuou sei caminho para o estacionamento. Quando estava quase entrando em seu carro, sentiu a mão do homem em seu ombro.

   — Eu não me despedi adequadamente.

   — Considerando que você não quer que ninguém saiba, não vejo problema. — Ele desviou o olhar apenas para provocar Gwilym. — Eu não sou tão relevante assim pra você...

   — Não é isso, é que eu só quero assumir pra todos quando for oficial. — Ele acariciou os cabelos do outro. — Não diga coisas como essa.

   — Tem vergonha de mim? — Ele fez uma expressão triste de propósito.

   — Eu não tenho vergonha de você, eu só preciso de tempo pra assimilar toda a situação.

   — Então eu vou embora. — Allen entrou no carro, colocando as mãos no volante, mas Gwilym sentou no banco do passageiro. — O seu turno ainda não acabou doutor Lee, vou ter que reportar esse comportamento ao diretor.

   — Eu sei o que você está fazendo, está fazendo birra só pra ganhar atenção não é?

   — Não. — Mentiu.

   — Venha aqui. — Ele segurou a nuca de Allen, ficando com os lábios bem próximos aos dele, iniciando um beijo demorado e cheio de carinho, ele precisava cuidar com cuidado daquela ararinha. — Prontinho.

   — Minha nossa. — Allen riu, colocando as mãos no rosto.

   — Me liga no final de semana. — Ele novamente segurou a nuca dele, lhe dando um último selinho antes de sair do carro. — Manda mensagem quando chegar em casa.

   — Eu vou... — Ele sorriu, mandando um beijo para Gwilym. — Tchau.

   — Tchau... — Ele mandou um beijo de volta, e Allen saiu do santuário.

   Ele estava praticamente nas nuvens, Gwilym era uma pessoa tão incrível, ele estava tão feliz...

   Então por que sentia que algo estava errado?

   Ignorando aquela sensação, ele dirigiu até seu prédio, subiu pelo elevador como sempre fazia, e parou na frente da porta de casa para destrancar a mesma.

   A porta estava destrancada, e ele não havia deixado ela assim.

   Ele abriu a porta, e não ficou muito animado ao encontrar o irmão sentado no sofá enquanto fumava.

   — Como você entrou aqui? — Ele fechou a porta.

   — Pedi a chave extra na portaria, eles acreditaram que eu era você. — Ele deu um sorrisinho cínico. — Já fez o que eu te pedi?

   — Eu deixei bem claro que eu não ia mais...

   — Ara Macao, reprogramação. — Ele apenas disse aquelas palavras, e Allen ficou paralisado, as pupilas dele dilataram, ele não estava mais no comando do próprio corpo.

   Aquilo era a adaptação cerebral, transformar os híbridos em marionetes de seus cientistas responsáveis.

   — Ara Macao, me conte tudo sobre os dois híbridos, também quero saber sobre seu trabalho na ONG, fale tudo sobre cada um dos seus amiguinhos.