V

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Albus tirou a franja da frente dos olhos pela quinquagésima vez em dez minutos enquanto esperava Harry entre as plataformas nove e dez da linha ferroviária de Londres. Os bolsos repletos de presentes encantados por Reducio que havia comprado em Hogsmeade e numa visita – levemente ilegal – a Londres trouxa com Scorpius, dia desses.

— Achei que não viria. – Murmurou, quando os cabelos bagunçados de Harry chegaram a seu campo de visão. O pai sorriu.

— Jamais deixaria de vir. Venha, vamos pra casa.

O trajeto de carro foi longamente entediante. Embora pai e filho conversassem animadamente durante alguns minutos, o silêncio que se seguia matava Albus por dentro. Queria abrir a boca, falar sobre Draco; tirar toda aquela angústia de Harry a força, deixar seu pai chorar em seu colo novamente se fosse preciso, mas não podia. Ali estava ele: o tabu de Harry Potter, mais uma vez, mantendo os olhos verdes velhos e cansados atentos ao trânsito enquanto a mente vagava pelo patriarca dos Malfoy.

— Quero dizer, você sabe que Scorp vem passar o Natal conosco esse ano, certo? – Perguntou casualmente, após entrar em casa e pendurar o casaco. Harry acenou em concordância, usando uma magia simples para acender a lareira da sala.

— Sim, você disse em uma das cartas, não foi?

— E.. Você sabe também que Astoria foi passar o Natal desse ano com Narcisa e os Black, e por isso nós não fomos ver o Teddy ainda..

Harry revirou os olhos com um sorriso torto, embora o coração estivesse louco dentro do peito.

— O que você está aprontando, Al?

Ele respirou fundo e jogou tudo num fôlego só.

— Scorpiusvaitrazerodracoprapassaronatalcomagente.

— Scorpius o que..? – Balbuciou Harry. Quando entendeu, seus olhos se arregalaram atrás das lentes dos seus óculos. – Scorpius O QUE?!

Albus sorriu e correu escadas acima, se escondendo em seu quarto da fúria falsa de Harry Potter.

— Scorpius Hyperion Malfoy, se você está pensando que eu vou.. – Ele começou, grave, o olhar sombrio pairando pela figura do seu filho a sua frente.

— Vamos, pai, Albus é meu melhor amigo. Você não pode se esconder dos Potter pra sempre!

Ouch, pensou Draco. Essa doeu.

Ele desviou os olhos para a janela respirou fundo enquanto observava a neve cair em silêncio do lado de fora da Malfoy Manor. Avaliou a situação com cuidado, e enfim voltou a atenção para o filho.

— Você sabe que eu não sou bem-vindo pelos Weasley.

Scorpius deu de ombros.

— Gina e Lily vão pra casa dos Granger-Weasley, James ficou em Hogwarts por causa dos NIEMs.

— Scorpius..

— Até as milhões de fotos que eles devem ter foram guardadas pra você não ficar se magoando com isso, pai. – Insistiu o Malfoy mais novo, cruzando os braços à frente do peito.

— As fot- Scorpius! O que você e Albus estão planejan.. Há quanto tempo vocês estão arquitetando isso?

— Hm.. Cerca de um ano? – Arriscou um sorriso amarelo. Draco fez uma expressão de horror, mas logo riu, afundando o rosto entre as mãos em descrença. – Vamos, pai! Só queremos que você converse com o Harry. Só uma tentativa.

Draco suspirou.

— Eu tenho outra alternativa?

Scorpius sorriu.

— Eu vou pegar o meu casaco!

drarry; 「after all this time? 」Onde histórias criam vida. Descubra agora