drarry; 「after all this time? 」

IX

Harry respirou fundo quando chegou em casa, várias vezes. Albus estava de volta à Hogwarts junto de Scorpius, Draco estava de volta à Malfoy Manor, e ali estava ele. Em sua casa, depois de mais uma missão como auror. De volta às responsabilidades, como sempre. Não tinha visto o Malfoy outra vez depois do Natal, e sabia que por enquanto era melhor assim: eles já tinham traído suas esposas na data, não iriam cometer o mesmo erro mais uma vez.

Harry iria desfazer o elo com Gina e pedir o divórcio.

Entrou em casa e esfregou as têmporas ao sentir o cheiro de sua comida favorita vindo da cozinha; aquilo ia ser difícil. Gina talvez já sentia o que estaria prestes a vir e não estava disposta a aceitar sem se esforçar.

— Harry! Que bom que você chegou, fiz o seu favorito! – Ela disse, animada, quando notou o esposo na porta. Tirou as luvas e ele se forçou a sorrir quando a cabeleira ruiva registrada dos Weasley se aproximou.

Abraçou a esposa e beijou sua testa quando ela quis selar seus lábios. Se Gina havia estranhado tal ação, ficou quieta.

— Ginny.. – Começou, assim que a ruiva se afastou. Aquele era um bom momento. Seus filhos estudando, eles sozinhos em casa. – Nós..

— Shh.. Temos algum tempinho antes do jantar ficar pronto. – Ele arqueou as sobrancelhas com o sorriso estranho da moça. Foi puxado para o sofá e engoliu em seco. O sofá que havia trocado os presentes com Draco.

Gina empurrou seu corpo para se sentar e foi logo se sentar em seu colo, procurando seus lábios e pousando as mãos do esposo em sua cintura.

— Ginny, eu tenho que.. – Tentou, num sussurro que foi ignorado enquanto ela subia beijos pelo seu pescoço, as mãos deslizando pelo uniforme de auror. Se fossem outros tempos, Harry não teria pensado por um segundo antes de puxar a esposa e arrancar suas roupas ali mesmo.

Mas aquele era um Harry Potter pós-Malfoy.

— Gina, nós temos que-

— Calado, Harry. – Interrompeu, a voz manhosa, os dedos desabotoando a calça pesada e se enfiando lá dentro. O moreno prendeu a respiração.

Esperou pelo prazer que o faria esquecer o que tinha a falar, quais decisões tinha que tomar, porque ele perderia o controle, sempre perdia; mas ele não veio. Minutos se passaram e nada. Ela arqueou as sobrancelhas.

— Ginevra. Nós precisamos conversar. – Finalmente, Gina lhe deu atenção. Harry tirou sua mão de dentro da calça e a abotoou novamente num estalo, as mãos descendo para o sofá.

— O que foi, Harry?

Ele respirou fundo.

— Eu quero me divorciar e desfazer o elo. – Disse, com calma.

— Você.. Você o que? – Balbuciou, confusa.

— Divórcio, elo, acabar o casamento, me separar..? – Potter sorriu amarelo, sem saber direito o que pensar daquela reação.

— Eu.. Eu deveria saber. – Disse, enfim, suspirando derrotada e balançando a cabeça em negação levemente. – Lily e James tem estado distantes. Albus está estranho. E você não toca em mim há meses. Muito bem, Harry.. Você conheceu numa das suas missões?

Harry negou com a cabeça.

— Não, eu.. É uma paixão da escola. De 1992. Achei que esqueceria, mas..

— É Cho Chang?

— Por que é que todo mundo pensa que eu ainda gosto da Cho? – Resmungou, cruzando os braços, embora não estivesse irritado de verdade. Gina saiu do seu colo e se sentou ao seu lado.

— Então quem é, querido?

— Ginny.. Eu não quero falar sobre isso. Não sem conversar com Rony e Mione primeiro. – Harry estava incerto. Não queria nem contar isso para os dois. Hermione talvez entendesse, ela sempre desconfiou, lá no fundo. Mas Rony? Impossível.

— Vamos, Harry. Quem é ela? – O tom de Gina foi diminuindo gradativamente, mesmo que eles estivessem sozinhos em casa. – Eu acho que mereço saber ao menos isso..

Harry suspirou. Ela tinha razão.

— Eu.. Não é uma garota. – Ele se remexeu, desconfortável. Ginny arqueou as sobrancelhas. – É.. Draco Malfoy.

Silêncio. Ele baixou a cabeça, esperando o sermão, os gritos ou o que fosse, mas não. O único som que preencheu o ambiente, minutos depois, foi o tapa forte no rosto que recebeu antes de Gina se levantar e sumir cozinha adentro.

Mais tarde, no mesmo dia, eles desfizeram o elo e Gina foi embora, levando suas coisas, as milhares de fotos espalhadas pela casa, e a certeza de que seus outros dois filhos o deixariam também.

Ao menos ela havia cozinhado seu prato favorito.