Capítulo 14

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Rizia saiu do carro olhando para Gabriela e sorrindo. Não precisaria dizer nada, nem que ela se explicasse. Sabia que ali estava rolando algo, poderia sentir desde que elas se encontraram no corredor mais cedo. A tensão que envolvia aquelas duas podia ser percebida de longe. Achou estranho Isabella não ter  comentado nada; talvez a ideia de Carol estar afim de Gabriela lhe fosse tão absurda que nem reparara nos flertes trocados a noite inteira. Inclusive, aquela história de Peixinho não estar bem era pura balela, como bem sabia. Elas estavam querendo transar a noite inteira e inventaram aquilo. Rizia inclinou-se para a janela de trás, onde Gabriela a observava.

– Cuide de Carolzinha, viu Gabriela?! – falou, tentando soar séria. – E quando chegar em casa me avise. – não esperou a amiga responder, deu as costas e sorrindo.

Gabriela sorriu em resposta e continuou olhando pelo vidro. Sempre que estava com Peixinho as situações lhe pareciam irreais demais. Era como se o universo estivesse lhe mandando sinais ou arranjando situações para se encontrarem. Se era coisa do destino, já não saberia dizer. Olhou para a mulher que estava tão próxima de si como se o carro estivesse cheio. Suas pernas roçavam a cada movimento do carro, sem necessidade.

Carol sentiu os olhos da paulista sobre ela, mas nada fez. Adorava ser observada, desejada. Sabia que Gabriela estava sedenta só pelo selinho que deram no banheiro e ao pensar naquilo, sentiu suas coxas contraírem. Todo seu corpo tensionou pensando no que fariam dali em diante e logo se deu conta que haviam chegado no hotel. Gabriela desceu do carro e Carol logo em seguida, a encarando. Caminharam em silêncio até o quarto, sem um toque sequer. Era como se elas estivessem se guardando para o que viria a seguir.

Peixinho entrou pelo quarto jogando os sapatos por qualquer canto. Virou-se para Gabi, que a seguia, com as mãos por dentro da calça jeans. Parecia estar posando para um ensaio de tão perfeita que ficara. Carol cambaleou olhando para a mulher à sua frente.

– É agora que eu explico o bilhete? – a paulista falou, desabotoando o botão do pescoço da camisa xadrez que usava. Carolina deu um passo em sua direção, tão certa de si que nem parecia ser a vacilante de segundos atrás. Direcionou seu olhar para as mãos de Gabriela que agora estavam no segundo botão.

– Explicar? – Carol caminhou novamente, sem tirar os olhos de Gabriela, que vacilou.

– Achei que cê não tivesse entendido. – liberou mais um botão, mordendo rapidamente seu lábio inferior, ainda encarando Peixinho com um sorriso safado.

– Eu tô aqui, Gabriela. – Carolina prendeu dos dedos da mulher, impedindo-a de prosseguir. – Venha. – soou como um sussurro.

Gabriela sentiu uma pontada na espinha com a voz de Carolina. Não lhe parecia igual a nada que já ouvira da baiana. Um frio percorreu seu corpo, espalhando-se por cada extensão sua até chegar em sua intimidade. Antes que Gabriela pudesse esboçar qualquer resposta, sentiu Carolina roçar o dorso de suas mãos em seus seios. Mesmo que não sentisse o toque direto, por conta da camisa que vestia e o sutiã, era a ideia daquelas mãos em seus seios que a fez fechar os olhos e morder os lábios.

– Não se afasta de mim não. – Carol pediu, apoiando rosto no pescoço da paulista. Ficou triste por se dar conta de que Gabi assumira se afastar das pessoas quando estava apaixonada. Mesmo escrevendo o bilhete, ela havia fugido. Gabi, que não esperava por aquilo, abriu os olhos procurando o olhar da baiana.

– Me afastar? – questionou, segurando o rosto da baiana entre suas mãos. Carol não respondeu, desviando seu olhar para o chão. – Cê me bagunçou toda, Carolina. – respirou. – Mas eu já me alinhei. – Carol voltou a encarar Gabriela, o coração batendo forte.

Então segurou o pescoço de Gabi e inclinou-se lentamente, sem tirar os olhos dos dela. Pararam a milímetros da boca da outra, tocando a ponta gelada de seus narizes e sentindo o hálito quente de suas respirações descompassadas. Tocaram seus lábios gentilmente, sentindo as suas texturas. Carol passou a língua pela boca da mulher, tentando redesenhá-la. Soltou mais um botão de Gabi, aproveitando para olha-la.

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