Capítulo 17

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Carol estava no bar do saguão esperando Vitor retornar do banheiro quando um homem, que passara a noite inteira observando-a, aproximou-se. Respirou fundo, imaginando o que viria pela frente e tomou um gole do gin em suas mãos.

– Boa noite! – falou o homem, sorridente. – Posso te fazer companhia?

– Boa noite. – sorriu diplomática. – Eu já tenho companhia, na verdade.

– Eu sei, estava observando você durante a noite. – disse ele, permanecendo em pé ao lado da baiana. "Onde tá Vitor que não volta desse banheiro?", ela pensou, olhando para sua bebida e tomando mais um gole para não responder-lo. – Meu nome é Hugo, prazer em finalmente te conhecer.

– Finalmente?

– É, porque ouço muito de você ultimamente.

– Espero que coisas boas. – sorriu.

– Nem teria como ser o contrário. – Hugo falou meio que de lado, ainda com um sorriso travesso nos lábios. Chamou o barman que atendia a uma moça distante e pediu sua bebida.

– Obrigada. – a mulher riu novamente, olhando para baixo dessa vez.

– Seu acompanhante parece estar bem ocupado, ali. – ele falou, direcionando o olhar para algum ponto às costas de Carol, que virou-se para acompanhá-lo. Vitor conversava com algum rapaz e piscou para ela, assim que notou que era observado. Carol ficou nervosa, sabia que ele lhe dava espaço para flertar com Hugo, mas não queria aquilo. Em outro momento teria aprovado aquela atitude, mas agora não tinha o menor interesse. Mas não julgaria Vitor, afinal não havia contado nada do que rolava com Gabriela. Ainda não conseguia se abrir com o melhor amigo, o medo de decepcioná-lo de alguma forma a consumia.

– É, ele me troca bem fácil. – bebeu novamente, pensando em como escapar daquela situação. Seu dia havia sido terrível, com pequenas coisas que a irritaram bastante. Não gostava de assumir para ninguém, por isso fora para o bar descontar na bebida. Vitor até tentou animá-la, mas tudo que ela queria era ficar bêbada com seu amigo e xingar todos que a irritaram. Hugo apareceu e só acelerou o processo.

– Acredita que eu conheço ele de algum lugar? – o homem interrompeu seus devaneios.

– Ah, mas aqui em Salvador todo mundo se conhece.

– É, mas tenho a impressão que já estudei com ele, ou fiz natação, algo assim.

– Vitor fez natação mesmo, muito novo. Eu fazia junto.

– Atleta desde criança? – soltou um sorriso galanteador, olhando para as pernas da mulher.

– Não sou atleta. Gosto de esportes e tal, mas não como profissão.

– Me expressei mal. Mas é por isso que você tem esse corpo esculpido. – Hugo insistiu nos elogios, correndo os olhos pelo corpo de Carol, que nem fez menção de corresponder suas investidas.

– Cuido muito bem de mim. Sempre gostei de fazer exercícios e me alimentar bem. – se gabou.

– É bom mesmo, dá outra vida. – ele olhou para a mesa, e apontou. – Ó, seu celular tá tocando.

Carol olhou e viu o rosto de Mateo em sua tela. Só poderia ser brincadeira. O que aquele cara queria? Seria um motivo para sair dali, mas não iria atendê-lo. Apenas travou a tela do celular e deu outro gole.

– Você bebe rápido! – Hugo notou. – Dia cheio?

– Demais. Tudo dando errado. Vou encerrar esse aqui e dormir feito pedra já que amanhã é outro dia, graças a Deus!

Teus OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora