Capítulo 18

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– Carol! Ta na cara que esse vídeo é editado!

– Então você não falou isso? – Carolina bufou.

– Não nesse contexto. – Gabriela tentou ajustar.

– Então falou!

Gabriela tentava ha uma hora se explicar para a baiana, que parecia estar cada vez mais irritada – se é que era possível. Sentia-se incapaz de arrumar qualquer coisa, até mesmo as tentativas mais simples, como convencer alguém de sua inocência, caminhavam pelo lado oposto de suas intenções. Suspirou, tentando lembrar de como meditava, mas antes que pudesse falar qualquer coisa, Carolina falou novamente.

– Vá se arrumar, Gabi. Cê tem um voo pra pegar.

– Ainda devo ir? – Gabriela perguntou baixinho. Passara o mês ansiando por aquele encontro, mas não queria forçar nada. – Se você quiser, eu posso...

– Eu quero. Ande, vá! Sei que você não arrumou metade das suas coisas ainda. – Carolina ordenou, lembrando-se da mania de procrastinação de Gabriela e riu silenciosamente. Mas a outra não pode ver, apenas recebeu suas palavras duras. – A gente termina isso aqui.

– Certo, Bahia. Falo com você por mensagem. Beijo.

– Tchau.

Peixinho tentou reorganizar seu dia em sua mente. Iria para a massagem meio dia, e a tarde teria uma reunião com Vitor e Natália sobre os contratos que andava assinando. O clima era de felicidade, afinal Gabi chegaria à noitinha. Não queria pensar no problema que Clarisse explanara, mas seria inevitável tocar naquele assunto na reunião. Havia decidido não ir à academia hoje, apenas uma corridinha pelo calçadão da praia, mas depois daquelas notícias sentia que precisava liberar os sentimentos abafados dentro de si.

– Bom dia, Carol! – um rapaz cumprimentou enquanto corria na esteira. Ela sorriu e acenou com a cabeça enquanto caminhava para a esteira do lado.

– E aí, Julio! Queimando essas calorias?

– Ontem foi pesado... To pagando o extra... – ele falou, ofegante.

– É isso aí! – incentivou. Colocou os fones no ouvido e configurou a máquina para sua rotina. Olhou para cima num relance e viu uma figura familiar. Um rapaz alto, moreno, um tanto mais magro que suas últimas lembranças levantava peso. Aquela cena lhe foi tão incomum que titubeou assim que reconheceu o cabelo desgrenhado de Mateo. Ele parecia não vê-la, embora a posição em que estavam fosse perfeita para isso.

– Carol?! – Julio estava parado ao seu lado, com o dedo no botão de pausa da esteira. – Ta tudo bem contigo?

– Ta sim, eu só me distraí.

– Cuidado!

– Foi só uma distração. – Carol voltou o olhar para Mateo e ele olhava para ela e sorria. Ela tentou desviar o olhar antes do contato visual, mas foi tarde e la vinha ele, pomposo, em sua direção. Parecia o rapaz alegre que conhecera na praia passeando com o Nescau.

– Carol! Que surpresa agradável! – Mateo falou alto, do meio do caminho, chamando atenção de Julio.

– O que você faz por aqui? – Carol falou simpática, mas ele sabia que aquilo não passava de protocolo para o homem que estava ao seu lado.

– Oxente, o mesmo que você. – Mateo sorriu, beijando o rosto da baiana. – Exagerei ontem demais, cara.

– É, tamo junto. – Julio concordou, apertando a mão de Mateo.

– Vamo tomar alguma coisa depois daqui? Faz tanto tempo que não nos vemos... – Mateo sugeriu, só para Carol. Julio voltou para sua esteira, pondo seus fones e dando privacidade aos dois.

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