A casa da família Stultus acordou com o amanhecer do sol, como todos os dias, teriam muitas tarefas a fazer e tempo não poderia ser jogado fora. As mulheres são as primeiras a acordar, juntamente ao pai, Hugo, iria as ajudar a montar o café da manhã. Com o tempo, os homens foram levantando também, pegando os machados para catar lenha para o fogão, ou indo ajudar na horta, cada um teria uma responsabilidade e um dever, menos uma pessoa. Ninguém se tocou que Kinille não estava em seu quarto, a não ser Hugo, que sempre dava falta quando o mesmo não aparecia, mesmo que apenas uma vez no dia em seu campo de visão.
Hugo perambulou pela cabana: Kinille não estava nem na horta, nem na cozinha, nem no quarto, muito menos no lago, ou na árvore que tinha costume de sentar e observar tudo, menos ainda na sala, encarando a janela, como se esperasse alguém chegar. Ele não estava em casa. O desespero correu por suas veias, enviando altas cargas de energia para seu cérebro, o fazendo tremer dos pés a cabeça, como se o corpo passasse um frio extremo. Ele se senta na velha poltrona da sala, suspirando e tremendo, de medo, me ansiedade, não poderia se imaginar sem a presença do único filho que lembrava o semblante de sua falecia mulher. Hector passava pela sala e viu o pai, em puro estado de desespero, logo se preocupando em acudir o pobre homem que quase tinha um piripaque de tanto que tremia.
- Papa! Meu deus, o que aconteceu? O que está sentindo? Treme tanto que parece convulsionar! - Hector fazia faculdade de medicina, quando a famosa instituição ficou sabendo da situação do aluno, o expulsou, não suportavam o fato de um nobre falido estudar em um lugar de tanto nome e importância. Ele conferiu os batimentos do pai, estavam acelerados, mas nada muito fora do normal quando se está nervoso.
- Kinille sumiu, Hector! Meu filho não está em lugar algum! - Hugo disse, segurando firmemente nos ante -braços do filho do meio, o assustando com tamanha força que o pai conseguiu de repente.
- C-Como assim sumiu, papa?! - O mais novo se assusta, vendo o pai se levantar e perambular ansiosamente pela sala.
- Ele não está em canto nenhum da casa, Hector! - Ele diz exaltando o tom de voz. - Em seu quarto, lhe faltam as roupas que usa diariamente, mas o mesmo não se encontra em canto nenhum, nem mesmo me avisou ou comentou que sairia sozinho! - Ele estava muito angustiado, parecia ter perdido a coisa mais preciosa em sua vida.
- Papa, Kinille já é crescido, ele ficará bem e não irá demorar a vir. Está em plena matina ainda, acalme-se! - Hector segura delicadamente os ombros do velho pai, que suspira, ainda tentando se acalmar e parar de tremer, voltando a sentar-se na poltrona.
- Tens razão.. Irei-me-ei esperá-lo, certeza de que não demorará. - Ele suspira, audivelmente exasperado pela falta do caçula, Hector sente um leve ciúmes de Kinille, mas estava mais preocupado em tentar manter o pai em sã consciência e calma, do que que horas o irmão mais novo chegaria.
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Os belos olhos azuis celestes entraram em contato com o local onde estavam, sem prestar muita atenção onde exatamente era, quando os primeiros raios solares atravessaram as cortinas de veludo vermelho-sangue, fiadas com linhas de ouro, cheios de detalhes ondulados que formavam belas rosas. A pele branca rosada começa a aquecer levemente, acordando e fornecendo lucidez ao dono dos olhos azuis celestiais. Kinille sente a cabeça latejar fortemente, levanta-se da cama confortável e quentinha, apoiando-se em sua cabeceira, sentindo-a girar. Tocou o local, era recoberto por um pano fino, branco, com manchas sangrentas que dão detalhes da perseguição e da onda de adrenalina que sentiu noite anterior. Cobria parcialmente seus bagunçados cachos louros, tomando também a visão de um dos olhos, ficando só com metade de sua visão periférica normal. O mesmo sentindo um peso enorme sobre o corpo, nem cogitou levantar-se, por hora, para explorar onde estava ou ir embora, seria tolice também, pois nem conhecia a área, acabaria apenas se perdendo.
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Paperhat: Beauty and Beast version
RomanceA Família Stultus era a mais rica de toda a cidade de Humble, mas nem mesmo toda sua riqueza seria capaz de comprar um novo e próspero futuro, diferente do desgraçado que foi programado para eles. Mas é como dizem: "O que está ruim, ainda pode piora...