capítulo nove

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O sol estava ameno naquele dia, um vento frio assobiava pelas folhas amareladas, vermelhas, laranjas, multicoloridas no belo gradiente do fim de outono. Hugo acordou com o canto dos pássaros, a força dos Zéfiros deve tê-las aberto durante o período noturno, fazendo que alguns pássaros tenham entrado. Era tão lindos que Hugo evitou se mexer, saiu da cama lentamente, não fazendo movimentos bruscos nem mesmo para se vestir, vendo as pequenas aves voarem de um lado para o outro dentro do quarto. Queria ter algumas sementes para alimentá-los, mas não tinha nem mesmo para si, quiçá, para animais selvagens.

Ele, já vestido, decidiu sair. Teve de tirar os pássaros dali, para que não fizessem bagunça nas poucas coisas que tinha, mas prometeu a si mesmo que iria dar um jeito de por algo para que eles comessem. Fechando as janelas, suspirou e espreguiçosou-se, saindo para fora do quarto e indo até a cozinha. Viu os filhos andando de um lado para o outro, preparando o café. Percebeu que acordou mais tarde, mas logo sorriu, ao ver Kinille apoiado em uma bengala de madeira, escorado a porta.

- Bom dia, minhas crianças! - Ele diz sonoro e todos respondem a altura, até mesmo Kinille que costuma ser mui quieto.

- Papa, sente, irei servir pão fresco, um pouco de leite e polenta. - Edith, a mais velha das irmãs, avisou, enquanto tirava o leite do fogo a lenha, junto dos pães, enquanto os outros revisavam entre servir os pratos e por a mesa.

Kinille mancou até a ponta mais isolada da mesa quadrada, bem no canto, bem próximo ao pai, que sorriu e começou uma conversa amigável, onde perguntava se ele se sentia melhor e com quem ele tinha conseguido a bengala, dizendo que David tinha feito a ele, até que enfim, depois da oração, puderam comer a vontade. A venda de verduras e carne na feira da cidade próxima estava dando certo e eles estavam conseguindo se virar aos poucos. Não tão confortáveis como antes, quando eram ricos, mas puderam mobilar melhor a casa. Agora, conseguiram madeira para um sofá na sala, além da poltrona para o pai, pretendiam mobilar os quartos.

- Papa, por que não tira o dia de folga? Fique com Kinille, vamos cuidar de todo o resto. - David sugeriu enquanto levantava, depois de comer.

- Concordo plenamente. - Sophie disse o mesmo, com todos os outros concordando junto, exitantes.

- Tem certeza? Posso ir para a feira com vocês, não me sinto cansado. - Ele insiste, mas na verdade, Hugo nunca esteve tão cansado em toda sua vida, e ele realmente queria ficar um dia com seu caçula. - E-eu insisto! - Ele tenta levantar de maneira desajeitada, tremendo nas pernas, mas foi impedido por Hector.

- Fique papa, não se preocupe, daremos nosso jeito. - Ele não concordava com aquela situação, mas o descanso iria fazer bem ao seu pai.

- C-claro... Se dizes, irei ficar. - Ele sorri desconsertado, saindo da cozinha a passos empolgados. - Tenham boa sorte na feira, minhas crianças! - Ele diz bem na porta da cozinha, saindo muito animado.

- Ele realmente precisava do descanso. - Hector afirma por alto.

- Exato, como eu planejei. - David completou, colocando a mão no ombro do mais novo.

- Quero ver quantos dias de descanso vai precisar para ele superar que vão entregar nosso irmão para um demônio. - Hector se desvencilha do toque, se virando para o irmão.

- Não pode agir desta forma, querido irmão, sabe que esse é o único modo...- David nem terminou de falar.

- Sabe que não é, mas vou fingir demência e acreditar que sim. - Ele sai da cozinha também, para se preparar para mais um dia de feira.

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Hugo observava o campo, o vento do fim de outono movia as folhas coloridas em uma dança que só os deuses da mata entenderiam o significado de tamanha leveza e sutileza. Kinille estava sentado ao seu lado, com a bengala apoiada nas pernas, pegando o brilho do sol fraco que brilhava no céu. Nenhum dos dois dizia alguma coisa. Apenas aproveitavam o doce silêncio dos montes que davam visão a extensa floresta a frente da casa.

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