Na região da cidade de Humble, em algum lugar da rigorosa Europa, uma carruagem luxuosa passava lentamente pelas calosas ruas de uma estrada principal, que se localizava no centro de um lindíssimo reino, que estava entrando em decadência. Os mais pobres não tinham o que comer e lhes restavam apenas três opções, ou virar mendigos, ou virar comerciantes e tentarem se manter no mercado sem falir ou.. virarem ladrões. O bairro pela qual tal carruagem em perfeito estado passava estava com uma aparência apocalíptica, havia pessoas sentadas pelas calçadas, bêbadas ou famintas demais para se manter em pé, até mesmo mortas.
As casas aparentavam ter sofrido demais com a falta de manutenção, as pedras e madeiras que formavam paredes e telhados eram corroídos pelo tempo, deixando alguns buracos e rombos, mostrando que veementemente elas não estavam em um bom estado para serem habitadas. Todo esse cenário pós apocalíptico fazia parte do dia-a-dia do pequeno Flug. Mesmo que este não seja exatamente seu nome, o chamavam assim a muito tempo. Ele odiava esse apelido, foi dado por seus irmãos, pois sua voz era mais fina e manhosa que a deles. Agora, de tanto ouví-lo, ele se acostumou, mesmo não o aceitando. Seus olhos vagaram da janela aberta, na qual emanava um cheiro muito forte da viela, cheiro de lixo e podre, e passaram a encarar as pessoas que estavam ali. Fora ele, haviam mais 6 pessoas, seu pai e seus irmãos. Todos estavam sérios e ninguém pronunciava palavra alguma.
- Deveria se desaproximar da janela, Flug, irá bater a cabeça. - Seu irmão, o que estava sentado ao seu lado, advertiu enquanto lia um grosso livro. Mas Flug nada disse, o ignorando.
Isso trazia ao ambiente um clima mais desagradável que o que se propagava lá fora. Flug suspira inaudivelmente e volta a encarar a janela, sem o mínimo interesse de permanecer mais 5 minutos que fossem naquele local. A carruagem acabou atravessando um buraco e Flug, por estar mais próximo da janela, bateu a testa na grade da mesma. O rapaz massageou a própria testa, grunhido, vendo que saia um pouco de sangue pelo pequeno corte que se abrirá nela.
- Eu lhe disse. - O que estava ao seu lado, Hector Stultus, disse suspirando irritadiço.
- Cale a boca. - Flug sussurou e virou novamente a cara para a janela.
- Como és teimoso, menino. - O mais velho, que estava ao lado do pai, que apenas observava tudo com um olhar cansado, reclamou pela vigésima vez do caçula. - Da próxima, ficará no meio, para evitar ser um incompetente e se machucar. - Ele cruza os braços e revira os olhos.
- De preferência, eu não teria vindo. - Flug diz em alto e bom som, encerrando a conversa e fazendo seu pai suspirar.
Ele sabia que tinha de acompanhar para aprender os negócios da família, mas achava que era algo tão inútil e monótono, que simplesmente detestava vir às viagens que seu pai o fazia. A carruagem se torna silenciosa mais uma vez, estavam todos tão cansados que discutir não parecia mais uma boa ideia. Mais uns minutos até que enfim, chegaram a casa da família Stultus. Uma linda mansão com 3 andares, paredes de cores pastéis misturado com detalhes brancos, estátuas estavam pelas quinas, pelas entradas, no meio do pátio, anjos, moças enlaçadas com seus amantes, tão delicadas e brancas, lisas e de expressão serena, nem pareciam estátuas de tão próximas da vida. As vidraçarias brilhavam como se tivessem luz própria. Simplesmente, uma divina casa que esbanjava claramente a ótima condição financeira da família, anos e anos de viagens bem sucedidas e boa lábia para conquistar reis e rainhas de diferentes reinos.
Flug desceu da carruagem rapidamente e logo viu suas irmãs na porta, ela riam e acenavam para eles, mas o caçula ignorou-as completamente, ele sabia que os acenos não viriam para ele. Ele seguiu quieto para dentro de casa, passando pelas meninas e mulheres indo abraçar seus irmãos e pai. Abriu as portas de madeira pesada com um pouco de esforço, entrou sem falar com nenhum dos empregados que estavam lá, subiu as escadas e seguiu a direita, no corredor do primeiro andar, entrando na primeira porta, seu quarto. O que deveria parecer um quarto, mais parecia-se com um escritório. Havia uma grande mesa de um lado da parede, era um grande quarto, junto com duas grandes estantes de livros, de diferentes tamanhos, expessuras e assuntos. Do outro lado havia uma espécie de closet, ele preferiu não ter um guarda-roupas e deu a ideia de que as roupas tivessem um lugar próprio, pois assim ratos e outros seres teriam mais dificuldades de roer suas roupas.
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Paperhat: Beauty and Beast version
RomanceA Família Stultus era a mais rica de toda a cidade de Humble, mas nem mesmo toda sua riqueza seria capaz de comprar um novo e próspero futuro, diferente do desgraçado que foi programado para eles. Mas é como dizem: "O que está ruim, ainda pode piora...