capítulo doze

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A manhã chegou mais rápido do que temiam, ambos os leitores não tiveram sono por boa parte da noite. O pequeno loiro ainda conseguiu dormir alguma hora, então Black ficou sem sua leitura tão prazerosa. Ele era experiente com as palavras, recitava o poema como se estivesse frente a uma enorme plateia cheia de pessoas que iam aplaudí-lo após a leitura. Mas, com tantos poemas lidos, a fera passou a gostar cada vez mais e a sentir-se nostálgico pelos tempos que ele mesmo fazia isso. Pegar livros em sua biblioteca particular e ficar lendo ao léu, sem muitas preocupações. Já nascia o sol e o demônio não tinha pregado os olhos, mas o louro ao seu lado nem se mexia de tão cansado.

A fera estava apenas deitado na cama, pesado, lerdo, com o sono domando todos os seus nervos, mas sem conseguir descansar as pálpebras. Ele levantou-se, sem se importar muito se acordaria o loiro e foi ao chão, começou a espreguiçar-se igual a um felino felpudo, estralando o máximo de ossos que seu corpo permitia, logo sacudindo o seu pesado corpo para relaxar os músculos, enchendo o lugar de pêlos. Por um momento sentou-se e encarou o rapaz que estava largado de qualquer jeito na cama, nem notou a posição que ele estava, parecia estar agarrado em algo, ou alguém, mas este saiu do local, deixando o novilho com braços e pernas estirados para a direita.

Black Hat questionou em que ponto estava chegando, não deveria estar agarrando-se junto com o mais novo! Era um nível de carência que ele não se submeteria. Logo, tratou de expulsar o rapaz do quarto, para que ele pudesse pensar sem se afetar com a imagem da possibilidade deles estarem dormindo abraçados. Mas, antes que pudesse tomar quaisquer ações, Noah entrou no lugar, bocejando preguiçosamente, sem imaginar a batalha interna que seu amo passava. Ao se deparar com a cena, ficou confuso.

- Senhor, já acordado? - Ele temeu por ter levantado tarde demais. - Que horas hão de ser? Acordei atrasado novamente? - Ele, desesperadamente, procurava seu relógio de bolso, mesmo esquecendo-se que normalmente, usava-o apenas em festas.

- Não seja idiota, estás no horário correto. - A fera bufou. - Eu que não consegui dormir a noite, o noviço que ajudou-me a tentar relaxar.

- Kinille? Onde ele estaria? - Noah ficou até confuso, pois nem tinha notado que o rapaz não estava em sua cama. O questionamento inocente deixou o demônio rubro de vergonha, não literalmente, mas demonstrou constrangimento.

- Está com problemas de visão?! Ele está aí na cama, deixe de bobagens mais! Prepare algo para o desjejum, imediantamente! - O amo, irritadiço pela noite e com seu mal-humor matinal em alta, expulsou o pobre urso do quarto aos empurrões, usando a cabeça e a força do corpo, com receio do que pensaria se desse a entender que ambos dormiram na mesma cama.

- O-o que? M-mas onde o senhor dormiu? Dormiram no mesmo aposento?! - Noah apenas estava extremamente confuso, mas começou a correr no ritmo que seu superior o levava. 

- Sem perguntas! Estou com fome, poderia me alimentar de vocês 3, incompetentes! - Ele rosnou e latiu, rugindo "baixo", mesmo que fosse alto o suficiente para fazer o menor correr para a cozinha o mais rápido possível, deixando a fera ali. - E trate de ser ágil, pois ainda quero meus domínios limpos! - Ele gritou, antes de ver o menor virar no corredor em direção a cozinha, logo, voltando ao quarto.

Black Hat suspirou aliviado, Noah nem notará que o loiro ainda dormia, mesmo que o peludo gatuno endiabrado tivesse dito que o mesmo estava ali.

- E tu! - Ele rosnou. - Acorda-te! - Puxou com a boca, às mordidas, o braço do louro e o atirou no chão, sem por força, mas assustando muito o menino, que acordou pulando de susto.

- Ah! S-senhor! O que aconteceu? Que horas.. J-jesus! Desculpe-me! Perdão, perdão! - Ele levantou-se, nem lembrando de pegar seu pequeno lençol e saiu do quarto, às pressas, nem fechando a porta.

Paperhat: Beauty and Beast version Onde histórias criam vida. Descubra agora