capítulo sete

154 16 3
                                    

Faziam dias que o pai não voltava, todos estavam preocupados. Tudo bem, sendo sinceros, a viagem era longa mesmo e cansativa, mas à priori ele não tinha levado tanto dinheiro assim pra se manter por um tempo a mais que o estipulado, à posteriori, estava demorando demais para uma simples viagem de recuperação de recursos. O mais velho era quem cuidava da casa e Kinille queria pular no rio mais próximo e se afogar, pois já não suportava mais os comandos dele. Estavam todos muito confiantes que o pai demorava por estar se dando bem, mas ao mesmo tempo, preocupados e pensando no pior. Era difícil dizer o sentimento que emanava pela casa, estava tudo tão confuso e mal esclarecido.

Enquanto ajudava as irmãs a cuidar da horta, pensava no misterioso castelo no qual tinha sonhado. Ao menos parecia muito um sonho, ele não tinha tanta certeza, já que foi estranho demais pra ter sido realidade, mesmo parecendo ser incrivelmente realista. Ele lembrava que tinha ido passear a pé pela floresta, sabia que a perseguição aconteceu, as cicatrizes nos pés e na cabeça deixava aquilo bem explícito para ele. Mas.. Não viu aquela construção tão majestosa quando veio para cá, nem ouviu os irmãos comentarem sobre ela. Como surgiu em tão pouco tempo ali? Quem o ajudou naquela noite? Apenas tinha vagas memórias de uma doce voz, mãos macias, seria a sua idealização de mulher perfeita falando alto demais? Não, impossível sua cabeça loira imaginasse tantas coisas aleatórias durante uma corrida para fugir de lobos.

Mas seria bom que fosse alguém para amá-lo e tirá-lo dali.

• • •

Hugo acordou sentindo cada articulação sua latejar, o frio foi cruel com o velho homem, que ainda sofria pelas consequências de tentar atravessá-lo. Mas também, haveria outro modo? Estava tão afastado da civilização que não teve onde se refugiar. Ou era isso que ele pensava. Pois ao se tocar, estava em um belo quarto, aparentemente mais confortável que o de sua casa, mesmo ele dormindo sozinho. Observando bem ele, pode notar elementos que o deixavam com um ar casual e bem arrumado, muito agradável de se dormir e viver. Mas não lembrava, em momento algum de ver alguma casa quando vinha para o único refúgio que lhe sobrou, deveria ser sua velha memória lhe falhando. Resolvendo se levantar, mesmo seu organismo clamando por misericórdia e descanso, ele ignora e segue lentamente até a porta. Abrindo, viu os corredores lindos de um mármore liso, com alguns enfeites de vasos simples com orquídeas azuis e brancas.

Ele seguiu pela direita, onde havia uma porta de madeira escura com uma placa "Reis de Humble" vendo uma sala mais aberta, com alguns lindos quadros e certos bustos de homens barbudos e portadores de uma coroa. Viu que era uma sala redonda e que não tinha tempo para um passeio histórico, decidiu virar-se e continuar a explorar. Foi pela esquerda, vendo várias e várias outras possibilidades, sentindo o corpo reclamar mais pela acolhedora textura macia da cama, percebendo também que não aguentaria estar de pé por mais tempo. Apressou o passo, cobrando mais energia que inexistia e se apoiando nas paredes, andou e perambulou por todos os corredores que encontrou e acabou parando em uma fabulosa cozinha. Havia uma mesa com comida, estava tão cansado e faminto que nem reparou ao redor, indo direto atacar a alimentação. Considerando que nada havia em cima ou em torno para confundi-lo, ele não se conteve. Em poucos momentos, a bandeja farta de frutas, pães e um copo de vinho se findou. Hugo sentiu-se satisfeito e revigorado, decidiu por fim procurar alguém para agradecer, pois não havia alma viva alguma para dizer um simples obrigado. Perambulou por mais cantos do palácio reluzente, admirando o máximo dos detalhes que seus olhos captavam naquele esplendoroso lugar.

Não encontrando ninguém, sem suas coisas, sem seu cavalo, sendo a coisa mais pobre de vida daquele local, decidiu voltar para casa. Até que ouviu algo se arrastar pelo laje do chão, algo de madeira, vendo a uma pequena mesa com sua bolsa e suas poucas coisas que levou para Humble. O pouco de dinheiro que restou, um saco com restos de comida, documentos e papéis, recibos, nada mais. Suspirou aliviado e andou por mais alguns minutos e achou a saída depois de ver que todos os locais por qual tinha passado, era apenas do segundo lugar, já que as portas que davam para aquele lindo dia estavam logo após uma bela escada, com um lindo tapete vermelho. Desceu alegremente, parando ao pés da escada.

Paperhat: Beauty and Beast version Onde histórias criam vida. Descubra agora