capítulo onze

159 22 5
                                    

O raiar do sol atravessou todos os montes, passando dentre as milhares de folhas, flores e frutos da floresta densa, para acordar cada habitante daquela região, seja ele racional ou irracional. Foi uma noite tranquila sem muitas preocupações e serena o suficiente para os trabalhadores pudessem descansar o dia de trabalho. Os olhos desacostumados com a claridade despertaram assim que ela iluminou suas pupilas, acordando seu olhar cansado e despertando seu corpo dolorido. Kinille bocejou, estralando todos os ossos que conseguiu, ainda pesado e bem indisposto.

- Bom dia, rapaz! - Noah abriu a porta assustando Kinille.

Ainda usava seu costumeiro capuz enorme e marrom, as botas pretas sujas de poeira e lama seca, desta vez ela não estava tão fechada e pode notar que ele usava uma blusa branca larga, com alguns babados nas mangas longas, calças de tecido grosso preto e nada mais pode ser notado.

- Terá de acostumar-se comigo acordando-te todas as matinas, de agora em diante. - Ele parecia de ótimo humor, o loiro esboçou um lindo sorriso gentil.

- Bom dia. - Ele sentia conhecer aquela voz. Mas não lembrava direito de onde . . - Não se preocupe, eu apenas me assustei com tua entrada repentina.

- Se dizes. - Noah mais nada disse, esboçando um breve sorriso. - Está atrasado para o café, mas não se preocupe, o amo ainda não levantou. Mas, evite acordar tão tarde, tem que sempre que estar disposto antes dele. - Ele adverte, como uma ama que ensina as noviças como o serviço da realeza funciona.

- Perdão, eu.. não repetirei meu erro. - Ele levanta, ainda vestindo a mesma calça e a mesma blusa bordada, cheia de belos babados.

Pegou seu casaco marrom escuro, mas antes que pudesse vesti-lo, Noah o interrompeu novamente.

- Não use-o agora, pode atrapalhar você nas atividades matinais. - Ele guardou a única peça de roupa que não estava no corpo. Kinille não disse nada contra a ação.

Ambos andaram rapidamente até a cozinha do palácio, algo que o jovem reparou é que aquele lugar não tinha tantos enfeites. Parecia não ser tão rico de decorações como a sua antiga casa, ou mesmo outros palácios que visitou. Os quadros eram consideravelmente pequenos, os jarros de flores diversas se faziam mais presentes, tapetes, algumas vidraçarias, mas nada de pinturas da realeza que morou ali. Era estranho, pois sempre tinham várias e várias assim. Pensando sobre isso, seu cérebro estava lhe dando a estranha sensação de já conhecer vagamente aquele lugar. Até a roupa que Noah usava lhe era muito familiar, e ao chegar na cozinha, um estalo decisivo para sua estadia naquele lugar foi dado.

- Você é o Noah, certo? - O encapuzado se arrepiou, ainda não tinha revelado isso para o loiro. - Oh, deus.. Aquela noite não foi um sonho! - Kinille não sabia se achava aquilo bom ou péssimo.

- Ah.. Sim? - Um sorriso amarelo surgiu nas sombras do capuz, ele estava muito envergonhado. - Ai! Qual a chance de eu dar de trabalhar justo com o  último que sal-  - Nem teve tempo de terminar de sussurar, o demônio abriu as portas da cozinha, assustando os dois.

Kinille deu vários passos para trás, em visível estado de pânico e nervosismo, já Noah apenas ficou mais rígido em sua postura. O ser bocejou e ignorou o comportamento dos dois lacaios apenas para sentar-se próximo a enorme mesa de madeira da cozinha.

- Senhor, por que não vais para a sala de jantar? Te servimos sempre lá. - Noah sugeriu como todos os dias, que ele fosse para o devido canto onde o príncipe come.

- Sabe que eu não encaixo naquelas cadeiras, nem a mesa é apropriada para mim. - Ele rosna, odeia quando o empregado o trata como alguém da realeza. Ele já não é mais desse nível há muito tempo.

Paperhat: Beauty and Beast version Onde histórias criam vida. Descubra agora