Capítulo dois- Reencontro

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FELIX

Estou vestido com minha armadura de couro, levo minha espada na cintura e aljava com arco nas costas. Tenho expressão dura, não nego, sou atraente. Nunca passei necessidade, as mulheres sempre se jogaram em meus braços.

Sempre preferi mulheres experientes, por isso detesto a idéia de que, não basta ter que me casar, terei que me casar com Laura.

Ela sempre me pareceu uma criança, e sei que será um estorvo para mim.

Eu só quero meu trono. Mas para isso preciso me casar. E minha noiva é essa criança.

Tentei procurar uma forma de driblar essa regra ridícula. Mas um rei só pode ser coroado quando tiver uma esposa como rainha.

Os elfos não tem esse problema, e são um dos povos mais prósperos já vistos.

Não quero dividir meu poder, por isso, após o casamento, manterei Laura trancada dentro de seu quarto. E, quando chegar a hora certa, procriarei com ela.

Voltei de uma longa viagem ontem, porém o rei dos elfos me seguiu, e daqui à alguns minutos terei que me fingir de noivo carinhoso e filho obediente.

Desço as escadas e vou até a sala de jantar. Após ser anunciado entro e vejo meu pai e Frodo III, o rei dos elfos sentados em uma discussão sobre como tratar o comércio de pôneis.

- Senhores- digo me curvando, logo depois me sento em minha cadeira, em frente aí rei dos elfos, do lado esquerdo de meu pai, de frente à porta.

Estou absorto em pensamentos tolos quando escuto a porta ser aberta para anunciar alguém.

- Reis e príncipe, sua senhorita Laura, A Pura, próxima rainha do grande reino das Fadas.

Todos na mesa nos levantamos, entra, então mais bela mulher com quem já me deparei na vida. Me curvo na direção de meu pai e sussurro:

- Onde está Laura?

Ele me olha de soslaio e com um sorriso responde:

- Sua noiva está logo a frente meu filho.

Ainda sem acreditar que aquela mulher era Laura, aquela meninha, foi em sua direção, acompanhado de perto por Frodo III.

Segurou sua mão:

- Hà quanto tempo, estás ainda mais linda do que poderia imaginar, minha Laura. - disse beijam-do-lhe a mão.

- Não tem ninguém escutando esse seu galanteio senhor. - disse se inclinando levemente em minha direção e sussurrando. Mas confesso que não prestei a devida atenção em suas falas, pois o odor de sua pele deixou-me perdido em pensamentos não muito... puros.- Não tem porque tentar me convencer de que é um cavalheiro.

Pego de surpresa com sua sagacidade apenas esboço um sorriso.

Desde quando ela tem personalidade?

Frodo III segura a mão de minha noiva, e diz:

- Prazer em lhe conhecer, sou Frodo III, o rei dos elfos. - deposita então um beijo na mão da minha Laura.

- O prazer é todo meu, majestade. - diz fazendo uma reverência graciosa.

- Infelizmente terei que discordar da senhorita, - ela o olha com uma expressão perfeita de confusão - o prazer é apenas meu. Afinal, duvido ser tão lindo e gracioso quanto a senhorita.

- Oh, obrigada pelo elogio, majestade. - diz levando a mão direita ao peito e corando levemente.

- É realmente uma pena que seja comprometida, adoraria tê-la como noiva, que dirá como esposa.

- Se bem me lembro, vossa majestade também está comprometida, não é mesmo?

- Touche.

Os dois riem como se já fossem íntimos. Sinto algo que realmente não me agrada.

Quem esse elfo acha que é?

Laura é minha noiva há mais de dez anos, MINHA. De mais ninguém.

Se ele acha que poderá se divertir com ela está muito enganado.

Passarei a noite na porta dela se preciso, mas não passarei por essa humilhação.

- Filha! - diz em alto e bom som meu pai. Desde que ela passou a morar no palácio ele a trata como filha.

- Pai!

- Está tão bonita hoje. - abraça-a carinhosamente.

- Obrigada, mas acho melhor conversarmos mais tarde, temos visitas.

- Oh, é verdade, mil perdões majestade.

- Tudo bem, eu entendo, se tivesse uma filha tão linda com certeza passaria o tempo que pudesse com ela.

Começam então a conversar sobre como o castelo está belo e elogiar como Laura o controla.

Aproximo-me e, o mais discretamente possível, chamo um guarda.

- Sim? Vossa majestade?

- Quero que vigie esse menino, não deixe que ele fique um segundo sequer sozinha com minha noiva. Ok?

- Sim senhor, não ficaram sozinhos em momento algum.

- Certo, é o que espero. Agora vá.

Sinto alguém se aproximando e quando viro-me para ver quem é deparo-me com Laura me observando um tanto intrigada.

- O que faz aqui? - pergunto meio ríspido.

- "Oh, como vai Laura? Vou bem. E Vossa majestade? Vou muito bem. Que bom. Não achas que deveria estar acompanhada, querida?" Cairia muito melhor do que um "O que faz aqui?", não acha?

- Não estou aqui para brincadeiras, nem para ser simpático. E como disse mais cedo, não tem ninguém escutando.

Olha-me então com um meio sorriso.

- Ah, esse sim é o Felix que eu conheço. Sabe já estava assustada pensando que você poderia ter se apaixonado, talvez por uma ninfa, então me livraria desse casamento, e livraria-me desde martírio de ser sua esposa.

Perplexo com sua contra-resposta apenas observo-a.

- Você mudou menina...- digo ainda pensativo.

- Não sou mais uma menina, Vossa majestade. E acho, ao julgar não apenas pelas suas olhadelas, mas de Frodo III também, que já reparou, não é mesmo?- disse me interrompendo com o tom de voz alterado.

- Meus filhos, que tal se deixassem essa conversação para mais tarde, é viessem bailar um valsa? - diz meu pai, aproximando-se de repente.

Laura leva um pequeno susto ao vê-lo, mas logo muda sua feição e presenteia-nos com um belo sorriso.

- Ah, papai, o senhor sabe que eu, entre conversar e dançar prefiro mil vezes conversar. - diz abraçando-o, meu pai então gargalha com sua observação infantil.

É possível amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora