Capítulo cinco- Perdida...

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LAURA

Não acredito que ele me agarrou daquela forma.

Não serei hipócrita o suficiente para dizer que não gostei. Mas ele tratou-me como uma qualquer, e isso eu não iria admitir.

Quando pedi que parece, o que ele fez?

Agarrou-me.

Duas vezes.

Ou três.

Isso não importa. O que importa é que... quando lembro-me da forma que tratou-me, senti-me uma qualquer.

Já estava sem forças para empurra-lo novamente, entrei em desespero.

Desde a morte da rainha tenho pesadelos com homens violentando-me e depois matando-me.

E senti-lo tratando-me daquela forma fez-me lembrar desses pesadelos. Antes que percebesse estava chorando.

No final acabei soltando, da boca para fora, que o odiava.

Agora estou aqui, no meu quarto a chorar.

Não posso mais viver aqui.

Tenho que pensar em mim uma vez na vida.

Felix jamais mudará, por isso não devo permanecer aqui.

Sei que encontrará outra que aceite submeter-se a seus caprichos. Afinal as mulheres sempre o cobiçaram.

Irei até Marcos, pedirei abrigo por uns dias. Depois buscarei o povo livre, viverei lá, como curandeira.

Viverei em paz.

Levanto-me, seco as lágrimas dos olhos, vou até meu espelho.

- Adeus, Laura, A Pura.

Pego meu arco de caça, minha aljava. Visto-me com um vestido azul claro, parecido com um vestido de criada, prendo meus cabelos em um rabo de cavalo.

Caminho até a porta, antes de abri-la olho para meu quarto uma última vez.

Paredes de pedra, piso de madeira, uma cama enorme com um mosquiteiro branco, baús todos pintados de branco assim como uma estante onde há um espelho.

Tudo passa uma imagem de alguém paciente e bom.

Temo não ser essa pessoa. Temo não poder lidar com Felix. Temo decepcionar meu povo. E temo acima de tudo, não ser feliz.

Por mais que negue, sei que sinto algo muito forte por Felix, mas vivo com a certeza de que esse sentimento não é recíproco.

Cada partícula do meu corpo implora por um toque seu. Meu coração bate descompassadamente sempre que lembro-me de seus beijos.

A forma como beijou-me...

Não posso deixar de imaginar como aqueles beijos terminariam, porém sei que assim que o dia amanhecesse seria tratada como todas as outras. Como uma praga.

Abano minha cabeça para afastar tais pensamentos e saio.

Consigo sair do castelo sem problemas. Entro no bosque dos trols.

Caminho lentamente em direção ao acampamento de Marcos.

O dia está quase amanhecendo quando escuto um som estranho. Parece-me homens. Homens? No bosque?

Por prevenção encanto uma árvore para que possa subir em cima dela e estar fora de vista.

Não são exatamente homens, mas sim elfos. E eles estão vestidos para batalha.

É possível amar?Onde histórias criam vida. Descubra agora