É possível amar?

Capítulo três- A dança

LAURA

Quando vi Felix se aproximando logo depois de entrar na sala de jantar, meu coração parou.

E quando ele se aproximou... tive certeza, a mais plena, de que o que sinto por ele é mais forte que tudo. Eu o odeio!

Simples assim.

O odeio. E saber que terei de passar o resto da minha vida, não só presa dentro dos portões da vila, mas também presa em um casamento com a única pessoa que eu odeio e já odiei em toda a minha existência.

Bem, a vida nunca foi justa para ninguém, não seria para mim agora não é mesmo?

Eu poderia simplesmente fugir. Viver na floresta, e me livrar desse casamento indesejável. Mas... não posso fazer isso com meu pai, ele, ainda, de alguma forma, acreditava que Felix possa vir a ser um grande rei, e não pode-se coroar um príncipe como rei sem uma rainha.

Ele poderia encontrar outra esposa, mas meu pai ficaria mais do que decepcionado.

Fui criada para ser a próxima rainha, desde criança sou apresentada como a noiva de Felix, O Grande.

Meu povo me ama e eu amo meu povo. Não posso simplesmente fazer isso com todos, sou responsável por eles.

E, por esses motivos, por mais que eu queira, não posso simplesmente fugir.

Aqui estou eu, nos braços de meu noivo, enquanto bailamos sob uma melodia lenta e suave, e tendo de aguentar esse... esse... nojento olhando-me com desejo.

Se ele acha que eu irei permitir que me toque está muito enganado.

Sinto sua mão direita começar a descer em minhas costas.

- Melhor controlar suas mãos, não estou aqui para ser mais uma de suas amantes. - Digo em seu ouvido, depois olho-o com nojo para deixar claro que não aprovo-o.

Arregala seus olhos espantado com o que digo, porém permanece dançando.

Sei que não esperava encontrar uma mulher no lugar daquela menina boba e impressionável, muito menos uma mulher decidida e total e absolutamente aversa a ele.

Ouvi falar de sua fama com as mulheres. Todas, assim que estalava os dedos, caiam aos seus pés sem exitação.

Mas não pretendo e nunca pretendi entrar nessa lista de conquistas, se possível fosse, preferia nunca ser obrigada a lhe dar um herdeiro.

Infelizmente isso não é possível. A rainha é obrigada a dar um herdeiro ao rei, sempre foi assim. Muitas mulheres já sacrificaram suas vidas apenas para cumprir esse dever.

Tudo o que posso fazer é deixa-lo me tocar apenas quando estiver no tempo correto para que engravide. Dessa forma não precisarei aguenta-lo na mesma cama que eu por mais de uma vez. Espero.

- Porque não deixa-me toca-la? - pergunta de repente Felix em meu ouvido - Juro que não entendo. Daqui alguns dias seremos marido e mulher, será obrigada a cumprir seus deveres de esposa, por que não começar desde agora?

Fico simplesmente chocada com o que diz. Afinal quem ele pensa que é?

- Não permito que me toque com mais audácia pelo simples fato de que tenho nojo de você, e quando nos casarmos não pretendo deixa-lo tocar-me mais do que o necessário para que engravide.

- Pensa mesmo que permitirei?

- Pensa mesmo que sua opinião é de alguma relevância para mim?

- Como ousa?

- Não quero e não permitirei que toque-me mais do que o necessário, entenda.

- Porque? O que eu lhe fiz de tão ruim?