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A semana passou depressa, talvez porque eu tivesse com a tal festa em minha cabeça.

Eu amava sair e no meu ensino médio eu não parava um final de semana em casa, mas agora era algo que eu raramente fazia, na verdade, eu não me recordava da última vez que tinha saído a noite.

Desenterro um vestido preto que eu amava e demoro fazendo cachos em meu cabelo, finalizando com uma caprichada maquiagem. Sorrio na frente do espelho, eu estava me sentindo muito bem.

- Onde você pensa que vai? – minha mãe entra no meu quarto.

- Sair com o Allan, é claro – reviro os olhos.

- Desse jeito? Onde vocês vão?

- Para uma festa mãe e não tem nada de errado comigo.

- Você nunca mais foi a uma festa – ela comenta – Estranhei.

- Pois hoje eu vou, não precisa se preocupar que o Allan vem me buscar e me trazer na volta – sorrio.

- E o seu irmão?

- O que tem ele?

- Bom, eu tenho que trabalhar amanhã cedo, se você voltar de madrugada não vai conseguir acordar para ficar com ele – ela responde.

- Deixa com a vizinha, você sempre faz isso.

- Mas seu irmão pode estranhar, logo cedo ter que sair e pegar o vento gelado...

- Mãe – a interrompo – Eu quase nunca saio, um dia só não vai ser um problema para ninguém.

- Mas...

A campainha toca e eu corro para abrir, vendo Allan também todo produzido. O beijo e escuto os passos de minha mãe, suspiro e vou pegar minha bolsa.

- Que horas vocês vão voltar? – minha mãe insiste.

- Tarde – respondo ao mesmo tempo que Allan se explica: - Não se preocupe sogrinha, eu vou trazê-la de volta segura.

- Allan, meu filho...

- Tchau mãe – interrompo de novo e saio com meu namorado – Íamos ficar por aí se você desse bola para ela.

Ele ri e me leva até o carro e seguimos por uns vinte minutos até a casa de Christopher. Era enorme e o som dava para ouvir desde a esquina.

Entramos mas não vemos Christopher em um primeiro momento, que aparece minutos depois só para nos cumprimentar e volta a sumir.

Allan encontra alguns amigos e nos juntamos a eles na sala, alguém me dá um copo de bebida e eu aceito de bom grado.

Conversamos por um bom tempo, as garotas eram bem legais e eu estou me divertindo como há muito tempo não fazia. Allan também está animado ao meu lado e bem solto, acredito que pela quantidade de copos que ele já virou.

- Vamos jogar beer poing – alguém diz e a maioria se empolga.

- Cuidado para não exagerar hein – digo para Allan.

- Relaxa bebê, eu sei o que estou fazendo – ele me dá um beijo e escolhe um lado da mesa.

Eu recuso o convite, já me sentindo tonta depois de três copos e pergunto pelo banheiro. Passo pela cozinha e acho que vou na direção errada, pois acabo no quintal da casa ao invés do meu objetivo.

O vento gelado no meu rosto me ajuda a ficar um pouco melhor e eu decido ficar ali por alguns minutos.

- Perdida? – a voz de Christopher me assusta, eu estava admirando algumas flores.

- Na verdade sim – sorrio – Acho que errei o caminho do banheiro.

- Tem um aqui fora – ele aponta – Você está bem?

- Só um pouco tonta, mas nada demais – dou de ombros.

- Vem, vamos sentar um pouco – ele me guia até um banco afastado.

- Casa legal – olho em volta – E grande e de muito bom gosto.

- Obrigado, mas o crédito é todo da minha mãe, ela adora decoração, jardinagem e essas coisas – ele ri.

- Ela é muito boa – me viro para ele – Por que eu não sabia da sua existência se namoro o Allan há dois anos?

- Eu saí do país assim que terminei a escola, fui fazer faculdade fora – ele me encara.

- Você conhece o Allan faz muito tempo?

- Muitos anos, mas esse tempo fora eu me afastei dele, foi muito bacana ele não ter nenhum ressentimento.

- Ele é de boa – sorrio.

- E você mocinha, não sei nada sobre você – ele se vira para ficar totalmente de frente para mim.

- Eu morava em outro bairro, então não fizemos o ensino médio juntos. Me mudei para cá quase um ano depois de terminar e logo conheci o Allan e bem, estamos juntos até hoje – sorrio.

- Ele tem muita sorte – levanto uma sobrancelha – Tem mesmo, olha pra você.

- Christopher...

- Só estou dizendo – ele levanta as mãos, num gesto de rendição – Ele não é tão bonito assim e você, minha nossa, eu ainda não acredito que ele está contigo.

Não aguento e caio na risada.

- Ele não é feio ok? – Chris balança a cabeça.

- Agora você vai dizer que o que importa é o que se tem por dentro.

- Exato, porque é – ele que ri agora – Não sei porque as pessoas implicam tanto com ele.

- Ele é meio esquisito, mas é gente boa – Chris continua rindo.

- Enfim – mostro a língua para ele – Por que você voltou?

- Isso é alguma investigação?

- Só estou curiosa – dou de ombros – Estou sendo muito chata?

- Não, estou gostando – ele sorri e pisca – Eu voltei...

Ele começa mas é interrompido por uma garota.

- Desculpa Chris – ela se vira para mim – Você é a namorada do Allan não é? Ele está passando mal ali no banheiro...

- Ai meu Deus, obrigada – saio correndo dessa vez acertando o caminho.

Encontro com meu namorado colocando tudo para fora e seus amigos rindo do lado, é claro.

Continuamos ali por alguns minutos, até uma alma solidária aparecer com água e um remédio. Espero até ele aparentar uma melhora e peço ajuda para levá-lo até o carro.

- Levem ele até o meu carro – Christopher diz.

- Você não precisa fazer isso – digo.

- Não vou deixar você sair sozinha no meio da noite.

- Mas é sua festa, você não pode sair assim.

- Olha em volta, ninguém nem vai notar – ele ri – Vamos.

Sigo até seu carro, garantindo que o de Allan estava perto da casa de Chris e guardando as chaves.

Deixamos Allan em casa primeiro e depois o guio até a minha, com Christopher me enchendo de perguntas.

- Chegamos – aponto para a entrada de casa – Obrigada por isso.

- Não foi nada – ele pega minha mão – Queria mesmo ter a oportunidade de conversar mais com você.

- Depois eu que estava fazendo interrogatório – reviro os olhos mas sorrio.

- Eu me empolguei um pouco ok? – ele abre um largo sorriso – Boa noite Lou.

- Boa noite Chris.

Me inclino para depositar um beijo no rosto e ele acaricia minha bochecha. Saio do carro e aceno, entrando em casa em seguida.

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