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Louise

Minha mãe já apresentava uma melhora visível e eu não estava falando só da saúde.

Sua disposição havia mudado, ela conversava mais, ajudava Mathew com os deveres e até abria um e outro sorriso tímido, coisa que era raro ela fazer por anos.

Não sei quem estava mais feliz, Mat ou eu, e ambos aproveitavam essa nova versão da mamãe e nem queríamos sair de casa.

Eu agora estava colocando a mesa enquanto ela terminava o jantar.

- Christopher sumiu essa semana – ela comenta. Era quinta feira e eu e Chris tínhamos combinado de evitar minha casa por uns dias.

- Ele esteve muito ocupado – respondo distraidamente.

- Então...- ela começa mas para. Eu fico quieta, fingindo estar concentrada nos talheres – Você e ele são o que exatamente?

- Amigos – me apresso a falar – Apenas amigos.

- Não foi isso que o Mat me falou...

- Fofoqueiro – digo mas não evito um sorriso – Então, a gente se beijou, só isso.

- Você aprendeu a mentir com quem? Porque até eu minto melhor que isso.

- Mãe! – exclamo e dou risada – Eu...eu e o Chris nós...

- Se pegam, sei, não precisa explicar – ela ri – Não adianta negar filha, eu percebo o jeito que vocês se olham.

- É, eu não sei bem como estamos e nem nada, então eu não sei explicar o que temos.

- Você terminou com o Allan certo? Então o caminho está livre para se envolver com quem você quiser.

- Sim, mas a senhora não acha que é muito rápido? – questiono.

- O que eu acho é que independente do tempo, você tem que ter certeza do que sente, para ninguém sair magoado – ela se aproxima – Tempo minha filha é algo relativo, não se apegue a isso.

- Obrigada mãe – a abraço – Vou fazer o que for melhor para nós dois.

Jantamos animados, envolvidos na história de Mathew sobre seu dia na escola.

Vou dormir cedo e me sinto até animada no dia seguinte, mas talvez era porque era uma sexta feira. Me arrumo um pouquinho e saio de casa no horário, encontrando com Erick no elevador.

- Tenho novidades – ele sorri.

- Você sempre tem – a vida desse garoto era melhor que novela.

- Vou sair amanhã com... adivinha? – ele sorri ainda mais e eu faço uma careta – Madison, irmã do seu Chris.

- Primeiro que ele não é nada meu e segundo: quê? Como você conseguiu? – chegamos no nosso andar mas eu o paro.

- E tem algo que eu não consiga? Uma ajudinha do Instagram e alguns contatos e pronto, consegui o número dela – ele faz uma cara de convencido.

- Você é inacreditável garoto! – dou risada – Se comporta hein? Olha lá onde você vai levar a garota Erick.

- Relaxa, vou ser um cavalheiro – ele pisca – E logo faremos parte da mesma família.

Reviro os olhos: - Tenha um bom dia Erick, preciso trabalhar.

- Você pode fugir mas sabe que eu estou falando a verdade – assoviando, ele se afasta.

Sorrio e entro no trabalho, mas logo desanimo ao ver o tanto de coisas que tinha para fazer.

O lado bom é que não vejo o dia passando, logo é tarde e eu me vejo recolhendo minhas coisas e fechando tudo.

Quando saio do prédio, tenho uma surpresa. Christopher estava encostado em seu carro, me esperando.

- Oi linda – ele abre um sorriso.

- Oi Chris – sorrio de volta – Que surpresa.

- Pensei que a gente poderia comer alguma coisa e depois eu te levo para casa – ele coça o cabelo sem jeito – Foi só uma ideia.

- Eu adorei – falo me aproximando – Estou morrendo de fome.

Ele não disfarça a animação e logo abre a porta do carona para mim. Entro e nós seguimos para uma pizzaria ali perto.

Chris me pergunta como foi meu dia e eu faço um resumo, mas ele se empolga contando de um caso que apareceu no escritório sobre um cara que foi pego traindo a esposa e ela agora queria tirar até o último centavo dele.

Me pego rindo das imitações dele e logo percebo ele se aproximando e segura minha mão.

Chris afasta uma mecha de cabelo e se inclina, mas é interrompido pelo garçom que chega com nossos pedidos.

- Isso é algum tipo de punição, eu tenho certeza – ele comenta e eu o olho sem entender.

- Do que você está falando?

- Não reparou que sempre que estamos juntos alguém interrompe? Parece karma – ele diz exasperado e eu dou risada.

- Ou o Universo está mandando um sinal – brinco mas ele faz uma cara de chateado – Era brincadeira Chris.

- Ainda bem que eu não estou entendendo então – ele responde – E continuo insistindo.

- Faz muito bem – deixo escapar e ele ri – Fica difícil desanimar você quando toda vez eu falo alguma coisa que não devia.

- Eu adoro, você pode continuar – ele continua rindo e eu bato no seu ombro de brincadeira.

Comemos e ele insiste em pagar a conta e saí me provocando porque faço uma cara emburrada.

Ele então abre um sorriso de lado e pega na minha mão. Quando nossos dedos entrelaçam, sinto o conhecido formigamento na barriga que aparecia toda vez que ele fazia alguma coisa inesperada.

Não sei dizer se eram borboletas no estômago, mas com certeza meu organismo não funcionava bem na presença de Christopher. Nem minha cabeça. Nem meus braços que insistiam em trazer ele para mais perto.

Chris abre a porta do carro e quando assume o volante, sua mão vai direto para minha coxa.

- Chris, eu queria falar uma coisa – começo mas perco a coragem.

- Pode falar – ele me olha de esguelha – É algo vergonhoso? Ou você quer me fazer uma proposta indecente?

- Garoto! – dou risada – Não, é sério.

- Mas quem disse que eu estou brincando?

- Christopher, presta atenção – tento em vão segurar a risada.

- Sou todo ouvidos – e lá estava o bendito sorriso dele.

- Eu não quero me afastar de você sabe, mas eu queria deixar claro que, eu acabei de sair de um namoro então eu gostaria de ir devagar – ele me olha e logo eu dou um tapa – Não é para você desacelerar o carro Vélez!

- Estou fazendo o que você pediu – ele ri e eu não aguento e rio também.

- Impossível falar sério com você – falo e ele aperta minha coxa.

- Foi uma brincadeira mas eu entendi Lou e não quero forçar nada – ele para o carro – Estarei aqui se precisar de um amigo, de um ombro, de um conselho...

Sorrio e tiro o cinto, ele se cala e só acaricia meu rosto.

- Obrigada – sussurro e ele apenas assente.

Sei que foi eu que falei para ele ir com calma, mas só por uma noite eu poderia esquecer disso não é? Então tomo uma atitude e o beijo.

Seguro seu rosto e aproximo nossos lábios, sinto seu braço envolver minha cintura enquanto o outro permanece no rosto.

E ali me perdi por horas a fio.

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