18.

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Acordo com a sensação de que estava sendo observada mas quando abro os olhos não tem ninguém.

Me acostumo com a luz e logo escuto um barulho na cozinha. Será que minha mãe tinha voltado?

Desço devagar e paro quando vejo a cena. Christopher estava na frente do fogão, sem camisa, a mesa parcialmente arrumada e uma música baixinha no fundo.

- Bom dia – falo sorrindo e ele se assusta.

- Bom dia Lou – ele se vira – Eu ia te fazer uma surpresa.

- Você conseguiu – falo olhando tudo.

- Mas não está pronto, senta – ele puxa uma cadeira.

- Eu posso te ajudar.

- Sim, se sentando – Chris insiste e eu rio.

Observo ele terminar as panquecas e colocar na minha frente, depois tira alguns ingredientes da geladeira e se senta ao meu lado.

- Por que tudo isso? – pergunto enquanto me sirvo um pouco de café.

- Depois da noite de ontem, imaginei que você precisaria de algo para levantar o ânimo – ele dá de ombros – Comida sempre me ajuda.

- Eu sei bem disso – digo brincando.

- Ei! – ele faz cara de bravo mas logo ri.

Então Chris desata a falar e sei que ele está fazendo de tudo para me distrair, o que consegue com muita facilidade. O tempo voa quando eu estou ao lado dele, talvez por ele ser tão leve e divertido.

Quando terminamos, ele se levanta para arrumar as coisas mas eu não deixo.

- Você já fez o café, agora eu lavo a louça – pego os pratos da mão dele e coloco na pia.

- Não adianta discutir não é? – eu balanço a cabeça – Então vou subir e arrumar a cama do seu irmão, para estar tudo pronto quando ele chegar.

Concordo mas só porque ele já estava subindo e termino de arrumar a cozinha.

Christopher desce já pronto para sair e um nó se forma na minha garganta antes que eu possa conter.

- Eu tenho que te agradecer de novo por tudo – falo quando me junto a ele na sala – Eu não sei o que faria se você não tivesse ido me buscar.

- Não pensa nisso e não pensa nessa garota – ele diz – E mais uma vez, é um prazer ajudar você, não precisa me agradecer. Eu estou aqui para o que precisar e isso não é uma promessa da boca para fora.

- Eu sei – abro um sorriso e ele corresponde. Chris então pega minha mão e entrelaça nossos dedos.

Ficamos um tempo sem dizer nada, apenas nos encarando. Minha respiração acelera quando ele dá um passo na minha direção e seu corpo fica a poucos centímetros do meu.

Eu não sabia explicar, mas eu parecia não ter o controle do meu corpo quando estava perto de Christopher.

Um frio se instala na minha barriga e eu me inclino para poder deixar meu rosto mais perto do dele.

Então, um barulho na porta nos sobressai e um grito de “Chris” vindo do meu irmão acaba com o clima.

- Como você está pequeno? – Chris pergunta enquanto Mat o abraça.

Minha mãe olha sem entender e eu apenas dou de ombros. Nem eu entendia a relação desses dois.

- Estou bem, mas acredita que eles enfiaram uma agulha enorme no meu braço? Bem aqui ó – ele mostra o local com curativo.

- Ai, eu odeio agulha – Chris diz fazendo uma careta.

- Eu também – meu irmão balança a cabeça – Mas eu não chorei e a médica me deu um presente depois.

- Esse é meu garoto! – Chris exclama e eles fazem um toque de mão. Espera aí, então eles já tinham um toque de mãos só deles? – Mas agora eu tenho que ir, descansa e outro dia eu apareço aqui para a gente jogar combinado?

- Combinado! Não demora – Mat responde e sobe para o quarto.

Christopher se vira e me dá um beijo no rosto, depois vai até minha mãe e beija sua mão. Ele sabia como encantar as pessoas.

- Bom, agora que seu amigo ou sei lá o que é já foi, você vai me explicar porque está em casa tão cedo ? – minha mãe pergunta.

- Amigo mãe, só amigo – porém ela faz uma cara que não acredita muito – Não foi uma boa ideia ir nessa festa, não pertenço ao grupo que eu fazia parte antes.

- Eles te trataram mal?

- Só a Ashley, lembra dela? – ela assente – Ela falou algumas coisas que me machucaram, mas não quero falar sobre isso.

- Eu respeito, mas saiba que ela nunca foi uma boa garota então já era de se esperar – minha mãe vai até a cozinha – E as notas dela? Sempre tinha reclamação na reunião dos pais, já você nunca me deu trabalho, pelo contrário, eram só elogios.

Nem lembro a última vez que tive uma conversa tão calma com a minha mãe e ela ainda estava de certa forma me elogiando.

- Mas o dinheiro sempre fizeram ela acreditar que era melhor que os outros – respondo.

- Gente vazia – minha mãe diz – Não vale a pena dar atenção.

Vou falar algo mas sou interrompida pela campainha. Pensando que é Christopher que esqueceu alguma coisa, corro para abrir.

- Oi minha linda – Allan me puxa e me dá um beijo – Vim te ver.

- Que surpresa – digo e ele entra.

Dá um oi de longe para minha mãe e faz sinal para irmos para o meu quarto.

- Você me ligou ontem?

- Sim, precisava de uma carona – respondo e vejo ele se sentar na minha cama – Fui numa festa e queria ir embora, foi uma péssima ideia.

- É? Que pena – ele fala – Eu estava num jogo com os meninos, não vi meu celular tocando. Pensei em ligar depois mas resolvi deixar pra lá.

- Bom, pelo menos eu cheguei sã e salva em casa – ironizo.

- Com certeza linda – ele se aproxima de mim – Senti muito sua falta ontem.

Ele se inclina para me beijar e então seu celular vibra. Ele para e vai ver a mensagem, enquanto eu fico aguardando.

- É o Richard, vai ter um campeonato na casa dele hoje – Allan explica – Preciso ir pegar minhas coisas.

- Agora? – ele assente – Essa é a saudade que você tava de mim?

- Linda, a gente pode se ver depois que o jogo terminar – ele sorri – Nunca tem hora para acabar mas eu te aviso.

- Claro, claro, pode ir – sorrio fraco mas ele nem presta atenção. Me dá um selinho e sai porta afora.

Eu demorei para cair em mim e ver que merecia mais do que eu tinha com o Allan. Não que eu reclamava dele fazer as coisas com os amigos, mas parecia que qualquer coisa era mais importante do que eu.

Depois do que o Christopher fez por mim no café da manhã e agora esse tratamento “seco” do Allan, eu decidi que precisava por um ponto final definitivo na minha relação com ele.

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