LOVERS

20.

Christopher

E lá estava Richard me ganhando mais uma vez. Já se passavam das nove horas da noite e eu estava muito cansado, mas isso não era desculpa para impedi-lo de me zuar.

- O que acontece Vélez? Não que você jogasse bem antes mas hoje está sendo histórico - ele provoca.

- Estou cansado ok? Tive um dia puxado no trabalho - falo e me espreguiço, eu realmente tive um dia cheio e o sono estava me consumindo.

- Desculpa esfarrapada - ele ri e eu jogo uma almofada nele.

- Já vou indo, antes que você comece a rolar de rir de mim - me levanto - Amanhã eu quero revanche.

- Estarei aqui no mesmo lugar, na mesma hora, pronto para ganhar de novo - ele diz convencido e eu reviro os olhos.

Pego minha mochila e caminho para a porta ao mesmo tempo que a campainha toca. Richard grita para que eu atenda e eu me deparo com um Allan muito embriagado.

- Christopher, meu grande amigo - ele me abraça desajeitado - Bom te ver, muito bom te ver.

- O que aconteceu com você? - pergunto enquanto o ajudo a entrar.

- Uma bebida ou outra, foi coisa pouca - ele dá de ombros - Eu queria...

Ele não consegue terminar porque quase cai, Richard vem ao meu auxílio e o colocamos no sofá. Allan fica em silêncio por alguns segundos e logo levanta o olhar para nós.

- Louise terminou comigo de vez - ele diz - Não me quer perto dela de jeito nenhum.

- Poxa cara, sinto muito - Richard diz e aperta seu ombro,logo em seguida me cutuca para eu falar alguma coisa.

- Pesado cara - digo e Rich revira os olhos - O que ela falou?

- Disse que não sentia o mesmo por mim, que...eu nem lembro mais - ele confessa - Mas de uma coisa eu sei, tem outra pessoa nessa história. Ela não terminaria comigo assim.

- Não deve ter ninguém - tento desconversar - Vocês já estavam passando por problemas não é? Vai ver juntou tudo e ela não aguentou...

- Não sei cara, só sei que eu preciso investigar - ele responde - É, eu preciso investigar.

- Esquece isso - Richard intervém - Vocês dois precisam de um tempo e esfriar a cabeça,deixa ela em paz um pouco.

- Mas ela precisa de mim!

- Cara, você não é tão essencial assim...

- Você não entende, a mãe dela está mal e ela está lá no hospital sozinha - Allan explica - Eu tenho que voltar lá.

- Você fica ai, nesse estado só vai piorar tudo - Richard o faz ficar sentado - Tenho certeza que algum amigo dela vai ajudá-la amanhã.

Rich olha para mim nesse instante e eu assinto. Minha vontade era de ir lá agora, mas estava tarde e eu não queria atrapalhar. Me despeço dos dois, Richard lutando para levar Allan para o quarto de hóspedes, e vou para minha casa.

(...)

Chego mais cedo no trabalho, porém o meu interesse era puramente falar com meu chefe para ele me liberar mais cedo. O que eu consigo, mas não sem antes argumentar por meia hora e combinar de compensar as horas em um outro dia.

Saio e vou direto para o hospital, sem saber como Louise vai me receber, mas com a desculpa que eu queria dar uma carona para ela até em casa. Ótimo, desculpa perfeita.

Acho o andar que elas estão com certa dificuldade mas logo a vejo na sala de espera. Sua expressão é de cansaço e de quem não dormiu a noite.

- Oi Lou - digo me aproximando.

- Chris! -ela diz surpresa - Como você soube?

- O Allan me contou, ele apareceu ontem no Richard meio alterado - respondo - Como você está?

- Bem, foi mais um susto - ela suspira - Ela vai ter que se cuidar mais agora, mas não tem nada de perigo.

- Que ótimo saber disso - sorrio de leve - Ela vai ter alta? Eu vim ver se vocês queriam uma carona.

- Eu vou aceitar - ela sorri - Ela vai sair já já, você não se importa de esperar um pouco?

- É claro que não - digo - Estou aqui.

Não demora nada e logo as duas estão prontas para ir, a mãe de Lou me agradece inúmeras vezes e eu chego a ficar sem jeito. Quando chegamos, vou até a vizinha pegar o Mathew que me dá um abraço apertado quando me vê.

- O que você faz aqui Chris? - ele pergunta curioso.

- Vim te levar para casa - respondo - Você não quer jogar um pouco comigo?

- Sim, eu tenho que te mostrar o que aprendi - ele diz animado e desata a falar sobre o que ele e os amigos tinham descoberto.

Entramos e vamos direto para o quarto dele, já que eu não tinha visto nenhuma das duas.

Perdemos a noção do tempo jogando e eu dou um pulo quando escuto uma batida na porta.

- Ei mocinhos, ninguém está com fome? - Lou pergunta - Pedi pizza para nós.

- Você é a melhor! - Mat exclama e levanta animado. Eu o sigo e ajudo Lou com as pizzas na cozinha.

- Obrigada por cuidar dele, estava ajudando minha mãe - ela me explica.

- É sempre um prazer - sorrio - Embora ele esteja ficando melhor no jogo e eu estou começando a passar vergonha, não está mais tão legal quanto antes.

- Eu não acredito que você está perdendo para uma criança Christopher! - ela ri.

- Uma criança muito inteligente ok? Ele é muito avançado para a idade dele...

- Claro, com certeza é só isso - ela ri mais ainda.

- Ei, para de rir - faço cara de magoado, o que a faz rir mais ainda.

- Você fica lindo assim - ela solta sem querer, percebo por sua expressão.

- Fico é? - a provoco, me aproximando.

- Nem tanto, só um pouco sabe - ela diz e se afasta, até bater em um armário.

- Vocês estão comendo a pizza inteira?- Mat nos interrompe - Eu estou morrendo de fome.

Nós rimos e eu passo o prato para ele, que segue feliz para a sala, enquanto Louise leva algo para a mãe dela comer. Quando volta, seu olhar até mim é cauteloso mas percebo um esboço de sorriso.

- Mat está que nem pisca prestando atenção no filme - ela comenta.

- Criança se distrai fácil - digo - O que é ótimo.

- É? Você acha? - ela passa para mais perto de mim.

- Acho, assim diminui a possibilidade dele nos ver.

- Ver fazendo o quê? - ela se faz de desentendida.

Sorrio e caminho em sua direção. Paro bem na sua frente e ela me encara, afasto o cabelo do seu rosto e seguro seu pescoço, me inclinando para selar nossos lábios.

Meu braço a envolve pela cintura e a puxa para mais perto, enquanto sinto seus braços ao redor do meu pescoço, acariciando meu cabelo.

Suas unas percorrem minha nuca e eu envolvo suas coxas, a colocando sobre o balcão da cozinha. Suas pernas ficam entrelaçadas ao redor da minha cintura e eu passeio com a ponta dos dedos pelas suas costas. Deposito beijos em seu pescoço e a sinto suspirar contra minha pele.

Até que uma voz nos sobressalta.

- Vocês adultos fazem cada coisa - Mat diz, pega um pedaço de pizza e sai, nos deixando rindo.