LOVERS

24

Christopher

Dormi mal essa noite, com muitas coisas na cabeça. Mando uma mensagem para Louise assim que acordo mas decido passar no Richard antes de vê-la.

Bato na porta e vejo um Richard com cara sonolento, que resmunga alguma coisa e me deixa entrar.

- A noite foi boa hein – rio ao me sentar no sofá.

Ele bufa: - Até parece. Fiquei de babá a noite toda.

- Allan?

- Sim – ele se vira para mim – Depois da sua mensagem eu fui atrás dele, encontrei em um barzinho que a gente sempre ia, mas ele não queria conversa. Ficou lá sentado no balcão, bebendo uma atrás da outra.

Passo as mãos no meu cabelo, frustrado: - E depois?

- Chegou um momento que ele não aguentou mais, quase caiu ao se levantar – ele abre um sorriso inseguro – Eu fui ajudar porque ele queria ir dirigindo, vou te poupar do que ele falou mas ele estava transtornado.

- Você acha que eu devo falar com ele?

- Hoje não, ele não está bem e deve acordar com uma baita ressaca – ele suspira – Eu vou falar com ele, você espera alguns dias.

- Valeu cara – respondo – Estou me sentindo muito mal no momento.

- Chris, você não controla o que sente. Sei que se apaixonar pela namorada de um amigo não fez parte de seus planos, mas aconteceu – ele sorri – Você não é a pior pessoa do mundo e além do mais, o namoro deles terminou por culpa do Allan.

- Eu sei – suspiro – Porém é uma sensação estranha sabe, talvez se eu não tivesse aparecido...

- Eles teriam terminado e Lou arrumaria outro. O Allan é um grande amigo mas ele agiu como babaca com ela mais de uma vez e você sabe – Richard me diz sabiamente – Esquece isso agora ok? Se concentra na sua garota.

- É – sorrio – Vou tentar.

- E então, em que pé vocês estão?

- Pronto para dar o próximo passo, mas não sei como fazer isso.

Ele ri:- Nossa, até que enfim! Você não precisa pensar muito cara, só tem que fazer ser especial.

- Você poderia me dar um conselho mais direto?

- Bom, estou cobrando por conselho agora – ele se levanta – Um engradado de cerveja por conselho prático, se for muito específico tem que comprar o aperitivo também.

- E para um amigo?

- Dois engradados por conselho.

- Você é um idiota – dou risada e o sigo para a cozinha.

(...)

Vou para casa de Louise e sou recebido por um Mathew muito animado. Ele me diz que ela ainda estava no quarto.

- Desde que ela chegou, ela foi dormir e não saiu de lá – ele me informa – Parece um urso que eu vi na tv, hiberna no inverno inteiro.

Dou risada:- Ontem foi um dia longo, ela estava cansada. Vou lá despertar o urso.

Ele ri e eu subo para o quarto de Lou. Abro a porta devagar mas logo vejo que ela está acordada.

- Bom dia ursinha – rio – Como você está?

- Com preguiça – ela sorri – E você?

- Com muita disposição – me sento na cama – Pensei de te levar para almoçar ou comer alguma coisa já que nem café você tomou.

- Tentadora sua proposta – ela começa – Mas a gente não pode ficar aqui?

- Queria fazer alguma coisa...só nós dois – abro um pequeno sorriso.

- O que você está aprontando Vélez? – ela se levanta e se aproxima.

- Eu? Nada – rio nervoso – Só achei que você iria querer espairecer um pouquinho.

Ela me olha desconfiada mas sorri: - Acho ótimo, preciso de uns minutinhos para me arrumar.

- Estarei com o Mat – beijo sua testa e vou jogar com seu irmão caçula.

Depois de algumas partidas, Louise aparece. Me distraio completamente quando a vejo entrar com um vestido florido, solto e o cabelo preso em um rabo de cavalo. Não sei se ela usava alguma maquiagem além do batom, mas ela estava linda.

- E morreu! – Mathew exclama – Você foi muito burro nessa Chris.

Nem noto que ele está rindo da minha cara.

- É, foi péssimo – me levanto e me aproximo de Lou – Você está maravilhosa.

- Obrigada – sorri tímida – Vamos?

- Onde vocês vão? – Mat interrompe antes que eu possa responder.

- Vamos em um restaurante bem careta, você não ia gostar, não tem nenhum brinquedo – tento desconversar.

- Mas vocês vão me deixar sozinho?

- Mamãe já está chegando, vou pedir para a vizinha ficar de olho em você – Lou explica e eu respiro aliviado.

- Mas eu vou ficar sozinho. E quando a mamãe chegar ela vai fazer as coisas e me deixar aqui – ele diz chateado – Vou passar o dia sem fazer nada.

Lou abre um pequeno sorriso e me olha confusa. Eu suspiro, mas sabia o que ia fazer.

- Podemos ir em uma hamburgueria – digo – Se você prometer se comportar.

- Eu sou um exemplo – ele diz e corre para trocar de roupa.

- Obrigada por isso – Lou entrelaça nossas mãos – Sei que atrapalhou seus planos.

- Está tudo bem, eu adoro o Mat – sorrio.

- Você não ia fazer nada mesmo?

Que percepção essa garota tinha hein? Ou ela só me conhecia bem?

- Nada – rio – Só queria estar com você sem plateia.

- A nossa plateia vai fazer uma careta a cada beijo, mas tirando isso vai ser ótimo – nós rimos.

- Então vamos aproveitar agora – me aproximo e selo nossos lábios.

Envolvo sua cintura e sinto suas mãos segurando meu braço. Afasto seu cabelo e seguro sua nuca.

- Eca! – Mat reaparece – Vocês não podem fazer isso em outro lugar?

- E lá vamos nós...- falo e Lou sorri.

(...)

A tarde foi muito agradável e é claro que nos divertimos.

Pedi o maior lanche que tinha e Louise não acreditou que eu comeria tudo. Não sei porque ela desconfiaria de mim, mas fiz questão de roubar a batata dela depois de terminar a minha e ganhei um olhar incrédulo.

Voltamos para sua casa e Mat entra, deixando nós dois finalmente a sós.

- Você sabe como me animar mesmo – ela começa – Hoje foi incrível.

- Tudo para ver esse sorriso – acaricio seu rosto – Lou, eu queria dizer...

- Louise! – a mãe dela chama – Desculpa vocês dois, mas Lou, você poderia me ajudar aqui? É importante.

- Claro mãe, já vou – sua mãe entra e eu suspiro.

- O que você ia dizendo?

- Que hoje foi incrível graças a você – sorrio fraco – Melhor você entrar. Mas você não vai escapar.

- E nem quero – ela me beija – A gente se vê.

- Tchau linda.

Me despeço e volto para a casa, onde me jogo no sofá assim que chego.

- E aí, pediu a Lou em namoro? – Madison entra na sala.

- Não consegui – suspiro.

- Faltou coragem? – ela ri.

- Faltou oportunidade – falo triste.

- Não vai ficar emburrado o resto do dia? Você sabe que pode ir lá e pedir ela a qualquer momento.

- Mas eu queria fazer alguma coisa especial...

- Ela mexeu mesmo com você hein?

Eu só a olho e ela sorri, me dá um beijo e me deixa perdido em pensamentos.