02.

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Acordo tarde na manhã seguinte e confirmo com a minha vizinha que Mathew estava lá. Peço que fique com ele por mais um tempo, pois queria ir até a casa de Allan.

Tomo um banho e um café e saio caminhando até a casa dele. O dia estava ensolarado e eu demoro mais do que o comum.

Chego na casa de Allan e minha sogra atende a porta.

- Que bom que você apareceu, ele está no quarto ainda – ela me informa – Vê se consegue fazê-lo comer alguma coisa.

Assinto e subo até seu quarto. Está tudo escuro e ele ainda está dormindo.

- Acorda dorminhoco – me abaixo e o encho de beijos – Hora de levantar amor.

- Sai, eu quero dormir – um amor, como dá para perceber.

Me afasto e abro as cortinas, puxando o cobertor em seguida.

- Ei! – ele reclama.

- Ninguém mandou beber demais e estragar a noite – sorrio ironicamente.

- Devia estar estragada aquela bebida, eu não bebi demais – ele tenta se defender.

- Claro, com certeza foi isso – bufo – Como você está se sentindo?

- Péssimo, parece que um tanque de guerra passou por cima de mim.

- Exagerado.

- É sério, não vou sair dessa cama hoje – ele reclama – Você pode pegar alguma coisa para mim comer?

Concordo e vou até a cozinha, preparando uma bandeja cheia de coisas gostosas.

- Você é a melhor – ele sorri enquanto come.

- Nem isso te anima pra gente sair e fazer alguma coisa hoje? Talvez só um sorvete?

- Desculpa amor, vamos deixar para a próxima – ele se recosta na cama – Quer ficar aqui e a gente vê um filme? Você pode escolher.

- Claro – suspiro e pego o notebook, focando em escolher o que eu queria ver.

Até que escutamos passos e uma batida na porta.

- Posso entrar? – a voz de Christopher me sobressalta – Ei, oi Louise.

- Oi Chris – sorrio.

- Atrapalho?

- Claro que não brother, pode vir – Allan aponta a poltrona – O que conta de bom?

- Você que tem que me contar, depois do estado que você saiu ontem – ele ri.

- Foi mal bro, ter que fazer você vir até aqui e tudo mais – Allan sorri – Obrigado.

- Esquece isso mas e aí, pronto para outra?

- Definitivamente não – eles riem.

- Está certo – Chris olha para mim – Então, o Richard disse que você tinha aquele vídeo game lançamento, estávamos pensando em fazer um campeonato lá em casa mais tarde, você se importa de emprestar?

- Claro que não, está ali no escritório, já volto – Allan se levanta e saí.

Assim que passa pela porta, Christopher se levanta e vem até mim.

- Calada hein? Está de ressaca também?

- Não, estou muito bem, só procurando um filme.

- Filme? Está um dia lindo lá fora, por que não sair?

- Eu queria, mas o Allan não está bem então vamos ficar aqui – dou de ombros.

- Tem razão, aproveitar nessa cama com você deve ser bem melhor...

- Christopher! – exclamo indignada.

- Desculpa, eu não controlo meus pensamentos quando estou perto de você.

- Deveria, pois eu namoro – falo nervosa.

- Já me calei!

Allan volta e eles se perdem falando de jogos e eu fico de fora, sem entender nada até que foco minha atenção nas redes sociais e me desligo deles.

- Então Lou, algum problema? – Allan chama minha atenção.

- Problema? Quê?

- Eu quero ir na casa do Chris mais tarde para jogar, você não vai achar ruim não é?

- Você não disse que não ia sair da cama hoje? Que não dava nem pra ir tomar um sorvete? – eu estava ligeiramente brava.

- É, mas até mais tarde eu estou melhor...- ele sorri fraco – O Chris acabou de chegar, todo mundo está sentindo a falta dele.

- É claro – me levanto – Bom, vou deixar vocês combinando as coisas.

- Você não precisa ir agora Lou – ele segura meu braço.

- Na verdade tenho sim, vou ficar com o Mathew – não era totalmente verdade, mas eu estava brava.

- Eu já estava de saída – Christopher diz.

- Você fica, eu vou – digo e saio.

Escuto Allan se desculpar, não sei pelo quê e alguns passos. Um aperto no meu braço me para e eu imagino que seja Allan mas é Christopher.

- Eu realmente preciso ir embora, quer uma carona? – ele pergunta.

- Não, obrigada.

Saio da casa mas sou interrompida novamente.

- Para de ser teimosa, entra no carro – ele abre a porta e eu cruzo os braços.

- Não vou com você.

Para minha surpresa ele começa a rir e eu fico sem entender.

- Você fica linda até nervosa, é impressionante – ele balança a cabeça – Ok, se você quiser encarar esse sol todo sem óculos ou boné, vai em frente.

Penso nas minhas opções e acabo cedendo. Entro no carro e ele sorri, vitorioso.

Seguimos com Christopher assobiando uma música, batucando no volante até eu notar algo estranho.

- Esse não é o caminho da minha casa – olho para ele.

- Não vamos para sua casa – ele diz simplesmente.

- Como não?

- Surpresa, fica tranquila aí – ele sorri.

- Christopher! – exclamo – Você não pode mudar o cami...

- Chegamos – ele anuncia.

Estamos na melhor sorveteria do bairro, que estava lotada graças ao sol escaldante.

- Você pode me explicar? – peço enquanto ele sai do carro.

- Você falou que queria tomar um sorvete e eu também – ele dá de ombros – Vamos?

- Garoto? Quem entende você?

- Ninguém – seu sorriso aumenta ainda mais.

Pegamos a fila para fazer nosso pedido.

- Quem é Mathew? – ele pergunta do nada.

- Meu irmão mais novo – explico.

- E por que você tem que ficar com ele?

- Minha mãe trabalha de final de semana e ele está com a vizinha, mas eu não gosto de incomodar.

- Ele gosta de que sabor de sorvete?

- Chris, você não vai comprar sorvete pra ele também – reviro os olhos.

- E porque não? Já vou levar pra minha irmã.

- Você tem uma irmã?

- Eu tenho um mini furacão em casa, mas a gente chama ela de Madison – dou risada – Uma adolescente que vai fazer cair meus cabelos.

- Ainda bem que você tem muito – rio.

- Andou reparando? – ele passa a mão nos cabelos que estava em seu rosto.

- Não fica muito feliz com isso – desconverso.

- Já fiquei – ele pisca e chega nossa vez.

Christopher não sabe o que significa “ não” e compra um pote de sorvete para Mathew. O vejo encher seu pote com todas as coberturas possíveis.

- Tem certeza que cabe tudo isso aí? – pergunto espantada.

- Isso aqui? É só a primeira parte, eu ainda nem almocei – ele comenta alegremente.

Era fácil demais estar perto de Christopher e eu percebia que a cada momento que passávamos juntos, eu desejava ficar mais próxima a ele.



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