LOVERS

04.

                        Christopher

Estar de volta a cidade estava sendo melhor do que eu imaginava. Confesso que no começo fiquei com receio de todos terem me esquecido e me sentir deslocado, mas não foi isso que aconteceu.

Meus pais estavam felizes pela minha volta, depois de mais de três anos estudando fora e até minha irmã mais nova, Madison, estava radiante em ter mais alguém para encher a paciência.

Ela tinha feito o meu quarto como um extra dela, quase um closet e tinha reclamado um pouco pela perda de espaço, mas não foi tão ruim assim.

Meus amigos me surpreenderam com a recepção deles e o quanto estavam fazendo questão da minha presença em todos os lugares.

Agora mesmo, eu estava de novo na casa do Richard e seu pai tentava nos ensinar uma das suas especialidades na cozinha.

- Vocês podem usar essas cantadas baratas que vocês usam quantas vezes quiserem, mas o que vai ganhar uma garota mesmo é sua habilidade na cozinha – ele dizia – Foi assim que eu casei.

- Eu pensei que fosse ao contrário – Richard ri.

- Bobagem, garotas gostam de serem surpreendidas e quer coisa melhor do que alguém que sabe cozinhar?

- E o que mais o senhor fez para conquistar sua esposa senhor Camacho? – pergunto curioso.

- Ah, foi um trabalho difícil viu? Tive que ter paciência para ela confiar em mim – ele se perde em pensamentos – Levei ela para vários lugares diferentes, tentei estar presente em momentos inusitados... não foi uma só coisa, foram os detalhes principalmente.

- O senhor dava muitos presentes?

- Uma coisa ou outra, mas o principal era sempre mostrar que eu estava ali com ela – ele sorri.

- Está tão interessado porque Christopher? Tem alguém em mente? – Richard provoca.

- Claro que não – desconverso – Só quis saber.

- Sei – ele não parece convencido.

Trato de mudar de assunto e logo depois a comida fica pronta então atacamos os pratos, praticamente em silêncio.

O pai de Richard saí e nós ficamos na sala passando o tempo.

- Desembucha – Richard diz e eu o encaro – Tem uma garota que eu sei.

- Não tem ninguém.

- Você é um péssimo mentiroso – ele revira os olhos.

- Ok, se eu falar você promete não me julgar até eu explicar?

- Claro brother, agora diz logo.

- É a Louise – falo de uma vez.

- Quê? A namorada do Allan? – ele dá um pulo no sofá.

- É...eu não sei explicar bem o que aconteceu desde que eu a vi, mas ela mexeu comigo de uma maneira que ninguém mais fez – suspiro – Eu sou um idiota não é?

- Você é – ele ri – Mas eu entendo, não tem como controlar essas coisas.

- Eu sei, estou tentando ficar longe dela para esquecer tudo isso mas a cada minuto eu penso que poderíamos estar fazendo algo legal ou não sei...

- Estar se pegando? – ele ri ainda mais – Ela é muito bonita, já a vi algumas vezes.

- Ela é maravilhosa, nossa, não sei como acabou com um cara como o Allan – era minha vez de rir. Ele era meu amigo mas não era lá essas coisas no quesito beleza – Mas ela é mais que isso.

- É? Vocês conversaram bastante? – ele pergunta curioso.

- Não tanto quanto eu gostaria, mas desde a primeira conversa ela me fisgou – passo as mãos pelo cabelo – Agora ela não sai da minha cabeça.

- Você está ferrado – ele afirma com a cabeça para enfatizar o que diz.

- Obrigado por dizer o óbvio – reviro os olhos.

- Você acha que ela sente o mesmo?

- Não tenho a mínima ideia – dou de ombros.

- Então nossa missão é descobrir – ele se anima – Nós podemos...

A campainha toca.

- Droga, já estão atrapalhando o plano – ele se levanta e vai atender – Allan, que bom te ver cara!

- Estava sem fazer nada, pensei que vocês gostariam de fazer algo – ele dá de ombros – E aí Chris!

- Oi bro! A gente pode jogar alguma coisa.

- Vou pegar os jogos – Richard diz e vai até o quarto.

- Estou precisando mesmo me distrair – Allan diz.

- Problemas?

- Alguns – ele suspira – O trabalho anda mal e a Lou também não facilita minha vida.

- Vocês estão se desentendendo? – tento não parecer tão interessado.

- É, ela só sabe reclamar e eu não tenho paciência alguma, toda hora é uma coisa – ele responde – Namoro pode ser um pesadelo às vezes.

- Você está exagerando...

- Você fala isso porque está solteiro – ele ri – Quando arrumar alguém vai me dar razão.

- Sente falta de ser solteiro Allan? – Rich volta.

- E como – ele sorri – Festas, várias garotas e nada de discutir a relação...

- Você está pensando em largar a Lou? – Richard provoca e eu o encaro.

- Não, na verdade, não pensei nisso ainda – Allan dá de ombros – Só queria uma folga.

- Por que você não pede a ela um tempo? – dessa vez Richard leva um chute.

- Será? É uma boa ideia na verdade – ele fica pensativo.

- Sabe o que é uma boa ideia? Começarmos logo esse jogo – chamo atenção e finalizo a conversa.

(...)

- Vai atrás dela – Richard cochicha para mim na cozinha.

- Não cara, imagina eu estou lá e ele aparece?

- Allan! – ele grita – O que você vai fazer agora?

- Vou pra casa, amanhã trabalho – ele responde – Por quê?

- Vamos tomar uma cerveja? – Rich sorri e eu o olho, bravo – O Chris não pode ir, mas vamos nós dois.

- Claro, por que não? Mas não posso demorar – ele pega suas coisas.

- Então vamos, o Chris também está de saída – ele me empurra e sussurra – Aparece lá na casa dela e inventa uma desculpa, vê se faz algo direito.

- Richard, você não pode armar as coisas desse jeito.

- Posso sim, é parte do plano...agora vai – ele me dá mais um empurrão.

Balanço a cabeça e saio rindo, pensando que era uma ideia absurda mas Louise poderia estar em casa e, não ia fazer nenhum mal passar para ver como ela estava.

Antes que eu possa me arrepender, pego o caminho até a casa dela e me vejo tocando a campainha.

- Christopher? O que você faz aqui?

Lou abre a porta e eu a vejo com um coque, shorts curto e uma regata. Passo o olhar lentamente pelo seu corpo e me pego suspirando alto.

- Eu vim...eu... queria saber como você estava – consigo responder.

- Estou bem – ela diz – E como você está?

- Mais do que bem – passo a língua no meu lábio inferior.

- Christopher...- ela não se aguenta e ri.

- Já disse que eu não me controlo – sorrio – Quer dar uma volta?

- Na verdade, estou terminando o jantar – ela olha para dentro – Quer comer aqui?

- Não atrapalho?

- Não, mas se prepara para o interrogatório – ela ri.

- Sua mãe está aí? – congelo.

- Pior.

Então sou apresentado a Mathew, que deixaria qualquer pessoa do FBI de queixo caído.