Capítulo 1

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Sentado ao chão da varanda, senti o vento forte bater contra meu corpo e levar meu cabelo negro e roupas para o vento. Tremi o corpo, diante do frio daquela noite, mas não quis sair do lugar. A lua era cheia, e as estrelas brilhavam como nunca. Uma visão do céu que eu não poderia perder, não importa o tanto de frio que esteja fazendo agora.

- Hey! - ouvi uma voz gritar lá da rua, uma voz familiar, mas ao mesmo tempo bêbada. Levantei-me do chão, perguntando que horas são para um bêbado já estar andando pelas ruas.

Virei meu corpo para a saída da varanda, pensando em voltar para o quarto e me jogar contra o chão da cama, para poder adormecer, já que amanhã terei aula.
Ouvi um som de vidro se quebrar, por mais perto que fosse o som, ignorei, pensando que era algo haver com o possível bêbado que estava lá fora. Mas eu sabia que não era, quando meus pés se encontraram com um líquido gelado.
Assustado, voltei meu corpo a posição de antes. A varanda do meu quarto estava agora encharcada de alguma bebida, e tinha cacos de vidros para todo os lados, me dando conta que aquilo se tratava de uma bebida alcoólica.
Eu estava certo sobre ter um bêbado na rua, mas por que diabos ele se deu ao trabalho de jogar sua ridícula garrafa de bebida na minha varanda?
Para tirar minhas dúvidas, fui até a beira da varanda, para ver o que acontecia na rua. Foi quando eu o vi. John Shelton. Ele era o bêbado daquela noite. Cambaleava um pouco, não conseguindo se manter em pé. Seus olhos azuis encaravam os meus olhos verdes, e ele tinha um sorriso de ponta a ponta estampado em seu rosto. Suas bochechas estavam um pouco coradas.
John sempre foi o tipo de cara que tira sarro dos outros, e eu, infelizmente, era uma das pessoas que ele tanto tirava sarro. Foi horrível quando fui obrigado a fazer um trabalho de química com ele. Agora que ele sabia aonde eu morava, tinha medo que ele e seus amigos aparecessem e fizessem algum mau a mim. Isso não ocorreu, mas parece que está acontecendo. Sorte foi a minha, daquela garrafa não ter acertado em cheio na minha cabeça. Parei de encarar John e fiquei me perguntando onde estavam seus amigos, olhando de um lado para o outro nas ruas vazias.
Voltei a olha-ló, e ele ainda sorria radiante. Odeio o fato de ter uma pequena queda por ele, afinal, John é muito bonito. Um idiota, mas é bonito ao ponto de sufocar! Eu sei que ele já tinha uma namorada, linda por sinal, e talvez fosse errado, mas ele era bonito, muito bonito. Mas uma quedinha nunca chegaria aos pés de uma paixão.

Quando me dei conta que John nunca iria embora por conta própria, tive que me aproximar mais e gritar para que ele fosse embora. Assim que gritei ele começou a chorar, o que me assustou. John Shelton chorando em baixo da minha varanda, quando nunca o vi chorar durante toda a minha vida. Nem mesmo chorar de rir com os seus amigos depois que aprontavam alguma.

- Neithan - chamou-me com a voz chorosa e bêbada. - Me deixe entrar.

- Vai se fuder! - exclamei. - Essa sua garrafa fez um estrago na minha varanda.

- Desculpa. - falou baixo, e quase não consegui o escutar. - Eu não sabia muito bem como chamar sua atenção.

- Vai embora, John.

- Neithan.

- O que foi?

- Você não me ama, bebê?

Franzi a testa, confuso. Essas palavras não faziam sentindo. Claro que era uma pegadinha, de muito mal gosto por sinal. Eles sabem claramente que sou gay, mas isso não significa que eu fosse gostar dele... John Shelton, um idiota bonito.

- ME DEIXE ENTRAR! - berrou mais alto, como se me ameaçasse a abrir a porta para ele, se não acordaria toda a rua, inclusive meus pais e minha irmã mais velha. Última coisa que eu queria, e que eles me vissem ainda acordado e ainda metido naquela confusão.

Fiz sinal para que ele ficasse em silêncio, e logo disse que já iria deixá-lo entrar.

Andei pelo chão com meus pés molhados, tomando cuidado para não pisar em alguma caquinha de vidro e acabar cortando o pé.
Peguei as chaves na minha bolsa, e, descendo as escadas com cuidado, cheguei ao meu destino.
Quando abri a porta, vi a imagem de John choroso e bêbado mais perto. Ele ainda estava de baixo da minha varanda, mas quando me viu, correu até mim. Ainda chorava, mas tinha voltado com aquele sorriso.
Quando ele se aproximou com aquele sorriso, tive tempo para ver suas covinhas que fizeram meu coração disparar.
Ele me puxou pela cintura, me trazendo para perto do seu corpo. Envolveu-me em seus braços, com um abraço forte o suficiente para me deixar quase sem ar.
O cheiro forte de álcool viam dele, me deixando um pouco enjoado.

- Céus! - exclamei, e fiz força o suficiente para conseguir me afastar naquele abraço de urso. - Você precisa de um banho!

Ele deu uma risada estranha, já que estava bêbado. Suas covinhas estavam a mostra, e me deixavam sem chão. Covinhas em qualquer pessoa serão sempre meu ponto fraco.
Enquanto ele gargalhava, fiquei olhando para os lados, para ter certeza que aquilo não era uma pegadinha da sua parte.

- Bebê - chamou-me. - Não vai me deixar entrar?

Voltei meu olhar para seu rosto. Desconfiado, abri espaço para que ele passasse pela porta.
Antes que eu pudesse trancar a porta de novo, ele puxou-me pelo braço, e me levou para meu próprio quarto.

Ele jogou-se na cama, e fez sinal para que eu me deitasse junto com ele.

- O que você está fazendo aqui? - perguntei, sem me dar ao trabalho de me deitar ao seu lado como ele parecia desejar.

- Vim te ver, meu anjo.

- Anjo?

- Você está bravo comigo? - perguntou e ameaçou a chorar de novo. - Você não me ama mais?

- Eu te amo. - menti, para que ele não chorasse de novo. - Eu te amo, John, amo você.

- Então venha cá!

Deitei ao seu lado, e ele deitou sua cabeça no meu peito, e agarrou minha cintura, querendo me trazer o mais perto possível.
Ele está bêbado, pensei. Deve achar que eu sou sua namorada.

Como se ele tivesse lido meus pensamentos, inclinou-se e falou:

- Eu te amo, Neithan.

E despejou um beijo em meus lábios.

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