Capítulo 3

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Tudo do que eu me lembrava, era de ter acordado na calçada de um bar, que nem era o mesmo bar que eu tinha passado a noite bebendo. Eu não me importei muito na hora, já que minha cabeça explodia por conta da forte ressaca. E nem mesmo me importo agora, só me importo de tudo está estranho demais. Desde que abri os olhos para a vida, a minha cabeça só pensava em uma única coisa: Neithan Hunter, um colega de classe na aula de química, também conhecido pelo "veadinho da escola". Mas não era só isso, como eu também não conseguia mais suporta minha namorada, não é como se eu não a suportasse antes. Ela era grudenta demais, e era só para temos ficado uma noite juntos, mas ela me encheu com isso de namoro. Só que hoje estava pior do que nunca, eu tenho certeza que preciso termina com ela, tudo em mim gritava por isso. Até mesmo a relação com meus amigos estava estranha, a forma como eles falavam de Neithan me incomodava. Tudo estava ligado a Neithan. Se bem que eu devo admitir, que depois que fomos obrigados a fazer aquele maldito trabalho de química juntos, ele não saia muito bem da minha cabeça, mas agora ele estava na minha cabeça e eu não conseguia controlar.

- Cuidado por onde anda, veadinho. - a voz do meu amigo me puxou de volta a realidade.

Foi quando eu o vi. Neithan jogado no chão, e livros, que provavelmente eram seus, também estavam espalhados por todo o chão. Seus olhos verdes estavam especialmente fixados em mim, me olhando com reprovação. As gargalhadas deles tomaram conta do corredor, e eu apenas forcei uma risada, abandonando os olhos verdes de Neithan que me davam um certo medo.
Quando o olhei novamente, ele já estava com todos seus livros em mãos, e corria pelo corredor. E correu, até eu o perde de vista.

Desculpa, foi o que pensei.

. . .

- É, acabou. - repeti aquelas palavras, levemente irritado, enquanto a escutava chorar do outro lado do telefone.

Aproveitei minhas poucas coragens naquele momento, para poder me liberta daquele namoro que não tinha amor nenhum, pelo menos não da minha parte.
Minha namorada, ou melhor, minha ex, chorava no telefone, implorando para que não fizesse aquela "loucura".

- Apenas aceite, aceite, acabo! - então, desliguei, sem mais paciência para suportar seus choros.

Joguei-me contra o colchão da cama, mas depois tive que me levantar dele de novo, quando me decidi de uma coisa: iria ao bar beber.

. . .

Mais uma noite em que eu fico sentando ao chão da varanda, observando a noite, mas não como ela realmente merecia. Minha mente sempre voltava para a noite passada. Aquele sabor de mel que ele tinha nos lábios, eu queria poder sentir de novo.

Balancei a cabeça como um cachorro molhado, e me obriguei a afastar esses pensamentos. John só estava bêbado ontem a noite, e, geralmente, quando o álcool toma conta, fazemos coisas que nunca faríamos. Foi apenas isso.

Esqueça Neithan, pensei. Você e ele é algo realmente impossível.

Me levantei do chão, e, voltando para o quarto. Encontrei minha irmã sentada a minha cama. Seu cabelo curto e branco - que ela havia pintando - estava molhado. Tudo indicava que ela acabou de sair do banho.

- Oi maninha. - falei, para quebrar o silêncio.

Ela ergue seus olhos verdes para mim, e deixou um sorriso abrir em seu rosto.

- O que faz acordado ainda?

Sentei-me ao seu lado, e perguntei o mesmo.

- Hora extra no trabalho.

Lembrei-me que minha irmã trabalhava em uma biblioteca, logo depois da faculdade. E às vezes fazia uma hora extra, para conseguir ganhar mais dinheiro. Eva, já com seus 20 anos, queria sair de casa, e guardava dinheiro, mas deixava bem claro que eu a poderia visitar sempre que eu quisesse.

- Tudo bem com você? - perguntou, me tirando dos meus devaneios.

- Sim, por quê?

- Eu sei que é um costume para você observava o céu a noite. - falou, apontando o dedo para a varanda. - Mas não triste.

Bufei, revirando os olhos no processo. Minha irmã me conhecia melhor do que ninguém, e por isso, era impossível que eu tentasse esconder algo dela.

- Sabe o garoto de ontem a noite? - perguntei e ela assentiu com a cabeça, me deixando continuar. - Bem, na verdade ele é só mais um idiota da minha escola, mas quando ele apareceu aqui ontem bêbado, era como se estivéssemos namorando.

- Agora você está apaixonado por ele? - perguntou, franzindo a testa.

- O quê? Claro que não!

- Você sabe que não pode esconder nada de mim, não sabe?

Com o rosto já corado, me preparei para responder ela, e talvez entender meus sentimentos. Mas tudo foi interrompido, quando escutei um barulho estranho vindo da varanda - sem ser vidro dessa vez.

- Você ouviu isso?

Ela assentiu com a cabeça, e escutamos o barulho novamente.

Com apoio dos braços, ela se levantou da cama, e fez sinal para que eu a acompanhasse. Seguimos para a varanda, e encontrei duas pedras jogadas no chão.

- É o seu namorado de novo. - falou ela, fazendo me desviar o olhar das pedras e olhar para a rua.

Segui em sua direção, fazendo o mesmo. E lá estava ele mais uma vez de baixo da minha varanda, carregando uma garrafa de vodka na mão direita, que já estava quase vazia.
Ele sorria como noite passada, mas seu sorriso sumiu, e ele franziu o cenho.

- Quem é você? - perguntou, apontando para minha irmã, e depois, jogou o olhar para mim. - Está me traindo, bebê?

Seus olhos azuis encheram-se de lágrimas como na noite passada, e ele chorou como um bebê. Ouvi minha irmã bufar ao meu lado, e sabia que em seguida ela deveria ter revirado os olhos.

- John, você já tem uma namorada!

- Não, bebê, eu terminei com ela.

- Terminou? - perguntei em sussurros, sabendo que ele não deveria ter me escutado.

- Não, ele não terminou. - disse minha irmã. - Ele está bêbado, Neithan, não se pode acreditar em tudo que um bêbado diz.

- É, tem razão, mas o que faremos com ele?

- Deixa seu namorado entrar, depois farei o mesmo de antes, não posso dormir com ele chorando alto assim.

- Ele não é meu namorado, Eva!

Sua risada correu pela varanda, e depois saiu, esperando que eu fizesse o que ela pediu.
Olhei de volta para a rua, e John ainda estava ali, de baixo da minha varanda, chorando por mim.

- John. - chamei-o, e ele me fitou com os olhos azuis cheios de lágrimas. - Vou abrir a porta para você.

Ele parou de chorar, e voltou com seu sorriso. Infelizmente, de tão longe não era possível ver suas covinhas.
Então, desci as escadas com as chaves em mãos, para abrir, e então ver suas covinhas que me deixavam sem chão.

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