Capítulo 15

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— Me conte mais sobre seu irmão? — pedi, apesar de ter soado mais como uma pergunta, até porque não queria perturba-ló com isso. Eu nunca perdi alguém importante para a morte ainda, mas é claro e óbvio que a dor deve ser horrível.

— Claro. — respondeu. — Meus pais nunca foram muitos... como posso dizer... eles nunca foram os pais que deveriam ser.

— Por que nunca me disse isso antes?

— Porque você nunca perguntou, mas isso é assunto pra outra história.

Encarei meus próprios pés, envergonhado, e depois mostrei que prestaria atenção sem interromper.

— Prosseguindo... — continuou. — Mas eu tinha um irmão mais velho, chamado Oliver. Ele tinha 15 anos na época em que morreu, em um acidente de carro, e eu tinha 5. De qualquer forma, ele sempre foi o meu refúgio para não ter que aguentar meus pais.

— John, eu...

— Não diga que sinta muito! — interrompeu. — É por isso que eu era um babaca na escola, depois dos meus 5 anos que eu comecei a ser assim, eu sentia tanta dor que se fizesse os outros sentirem também então estaria tudo bem.

— Eu não sei o que dizer...

— Não precisa dizer nada, mas esse era o motivo pra eu implicar tanto contigo, eu nunca quis que você levasse pro lado pessoal, eu nunca te odiei, nem uma única vez.

Sorri.

— Mas pelo menos com você eu pude perceber que se eu fizer outras pessoas sofrerem, não adiantara de nada! E sabe por que?

— Por quê?

— Porque eu sempre te amei, Neithan, desde da primeira vez que você apareceu na escola andando com seus livros como se tivesse carregando o mundo e todo desajeitado, eu te amei desde que bati o olho em você, e toda vez que eu te machucava, o que era pra aliviar minha dor acabou virando outra dor, toda vez que eu te via chorando e sabia que a culpa era minha, eu me sentia... um monstro!

— Você não é um monstro.

— E você é um anjo, nunca deveria ter me perdoado por tudo que eu fiz!

— Eu perdoei porque também te amei desde do primeiro dia que te vi, mesmo achando que você não passava de um idiota.

— Mas eu sou um idiota.

— Não, você teve seus motivos.

— Mas eu nunca deveria ter feito, foi um erro!

— Somos humanos, cometemos erros, nada e ninguém é perfeito.

— Pra mim você é perfeito. — rebateu, parando de andar, e tocando em meu rosto. Sorri.

— Mas eu não sou.

— Mas uma coisa eu sei que você é.

— O que?

— Você é meu novo refúgio, e não só pros meus pais, mas pra todos os meus problemas. Você é tudo!

— Você também é tudo para mim.

E então, selamos nosso lábios, e senti sua aliança roçar na minha bochecha, o que me fez aprofundar mais ainda naquele beijo cheio de paixão. O pedido tinha sido bom, e eu nunca esqueceria desse dia, também como essa nossa conversa.

— Quer dormir lá em casa hoje? — perguntei, enquanto recuperava o ar daquele beijo.

— Claro, quanto mais tempo com você, melhor!

Sorri mais uma vez, hoje deveria ser um grande dia para sorri!

— Vamos!

Peguei na sua mão, e saímos correndo e dando risada para minha casa, como dois adolescentes bobos e apaixonados — o que realmente éramos.

Até que começou a chover, uma chuva no mesmo tom da noite de quando John apareceu mais uma vez de baixo da minha varanda bêbado, e eu, achando que nada era verdadeiro, o fiz chorar como nunca antes, mas no final acabamos bem, muito bem.
Quando menos esperei, estávamos rindo e dançando de baixo da chuva. Ele me segurava pela cintura, e rodava comigo por aí na chuva, dando risadas tão gostosas, mesmo que eu também goste da sua risada estranha quando ele fica bêbado. Na verdade, eu gosto de tudo nele, gosto? Não! Eu amo! Esqueça o que eu disse, ele é perfeito, pois eu aprendi a amar até seus defeitos.

. . .

Chegamos em casa encharcados, e para nossa sorte meus pais já estavam no terceiro sono, porque se estivessem acordados fariam o maior escândalo. "Meninos, olhem só pra vocês, estão encharcados!" e "Vocês vão acabar pegando um resfriado!" e também um "Eu bem que avisei, mas ninguém quer levar guarda-chuva, não é mesmo?"

Entrando em meu quarto, ele começou a tirar a roupa, e acho que aquela foi a primeira vez que eu tive um acesso ao seu corpo. Ele estava só de cueca preta, cuja cueca também estava molhada.

— O que você tá fazendo? — perguntei, e ele me olhou, sorrindo, talvez estivesse muito feliz por estar me vendo corado por conta do seu corpo.

— O que? Minhas roupas estão encharcadas! Deveria tirar as suas também. — disse, ameaçando tirar a cueca.

— Seu pervertido! — exclamei, me aproximando para evitar que ele terminasse de fazer o que pretendia. — Eu vou pegar umas roupas para você, nem pense que vá ficar por aí pelado.

— Ah, para! — me puxou pela cintura, e agora meu corpo estava colocado no seu. — Vamos ficar pelados.

— Isso não é nada sexy.

— Baby, por favor.

— Licença, deixa eu pegar algo pra você vestir. — disse, conseguindo escapar do seu agarramento — sabe-se Deus como! —, e fui atrás de uma roupa que ele poderia usar.

. . .

Mas é claro que não adiantou de nada, quando eu voltei pro quarto com as roupas, ele estava nu. Eu não tive tempo para admirar cem por cento do seu corpo, eu fechei os olhos na hora, e joguei as roupas, para em seguida sair correndo ao banheiro.
Agora eu estou encarando meu rosto vermelho no espelho, e tentando ignorar que meu pau está duro e que eu vou ter que dar um jeito nisso.
Idiota, idiota, idiota, idiota! Olha o que você fez comigo! Um completo idiota! Mas eu não vou trepar com ele, não mesmo! Quem ele pensa que é? E isso tudo porque está em sã consciência, imagina se a desgraça estivesse bêbada! Eu seria estuprado?!

— Vem cá. — batidas na porta, toc toc toc... — Você não vai sair dai nunca? Eu já estou de roupa, para de drama!

— Eu estou com um problema no meio das minhas pernas. — soltei, para em seguida me arrepender, qual era meu problema?

— Oh, é mesmo? Será que eu posso... — fez uma pausa de propósito. — ...ajudar?

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