Álcool & Amor

Capítulo 17

— Ora, ora — começaram. — é o John, o hipócrita!

— Hipócrita?

— Sim, John, você é a hiprocrisia pura! Ficou anos sendo o a maior pau no cu com esse veadinho, e agora ele é seu namorado?

— Sim, ele é, algum problema?

— Não, imagine, o único problema é que esse Neithan é trouxa pra caralho pra acreditar que você realmente ama ele. — eles jogam o olhar pra mim. — Olha, desculpa, mas ele só vai te comer como se você fosse uma puta e depois te larga, esse é o John! Que agora decidiu comer até garotinhos, não sabemos o porquê.

Eu sei que eu não deveria me incomodar com o comentário, eles são só um bando de idiotas, não sabem o que fala, não tem nem se quer um porcento de maturidade.
Então por que te afetou?

— Calem a boca, vocês não me conhecem! — ele cerrou mais os punhos.

— Claro que te conhecemos, John, você é assim e nunca vai mudar.

— Vocês são uns babacas!

— Se somos, então você também é, aceite!

— VOCÊS NÃO ME CONHECEM! — repetiu, mas agora gritando. — VOCÊS NUNCA ME CONHECERAM DE VERDADE E JAMAIS ME CONHECERÃO!

Os garotos começaram a gargalhar, e claro, isso só deixou John mais irritado.

— FILHOS DA PUTA! — e então socou a cara de um dos quatros, cujo garoto começou a sangrar o nariz.

— John, não! — tentei impedir, mas ele me empurrou com força. Me empurrou como nos velhos tempo, e eu cai feio no chão.

Ele iria bater no próximo, mas eu me levantei, e segurei seu pulso, mesmo sabendo que ele era mais forte que eu, tentei colocar toda minha força.

— John, para, esse não é você! — sussurrei —  E eu te conheço!

Senti a força diminuir, e ele simplesmente abaixou a mão.

— Ei, que porra é essa?! — todos olharam, e no fundo do corredor estava o vice-diretor da escola. Alguns garotos aproveitaram para sair correndo, apenas o que teve o nariz quebrado continuou no chão. O vice veio o mais rápido possível, até nós três.

— O que aconteceu aqui?

— Senhor, eu posso explicar, foi um acidente e...

— ELE QUEBROU MEU NARIZ! — interrompeu-me quem estava no chão, gritando e apontando o dedo para John.

— Não, senhor, por favor, me deixa explicar!

— Neithan, tudo bem. — olhei para John, aquele olhar triste dele me matava, e o pior, era tudo culpa minha.

— Não, me deixa explicar o que aconteceu!

— Diretor, sinto muito, fui eu mesmo.

O vice puxou John pelo braço, dizendo que teria uma conversa séria com ele, e me mandou levar o garoto que estava com o nariz quebrado pra a enfermaria do colégio.

— Tá esperando o que? — perguntou ele, se levantando no chão, e tampando o sangramento com as próprias mãos.

— Você sabe que eu não vou te levar, e, além disso, você só quebrou a porra do nariz, consegue muito bem ir sozinho!

— Mas o vice-diretor mandou você...

— FODA-SE O QUE ELE MANDOU! — interrompi dessa vez. — VOCÊS QUE FICAM ARRANJANDO CONFUSÃO, O JOHN ESTÁ NAQUELA MERDA SEM CULPA NENHUMA!

— Ele é a porra de um veado assim como você!

— E ISSO NÃO É PROBLEMA DE VOCÊS, É PROBLEMA NOSSO! ENTÃO VAI SE FUDER JUNTO COM O QUE VOCÊ CHAMA DE AMIGOS! — e então sai, esquecendo de pegar meus livros.

Não, eu nunca falei tanta verdade na cara de alguém, foi tanta que ele ficou espantando, e eu também estava. Eu deveria ir para a aula, mas em vez disso me tranquei no banheiro e comecei a chorar.

. . .

Acordei, estava sentando na privada do banheiro da escola, e por um momento me lembro de tudo que aconteceu. Eu estava chorando, e acabei pegando no sono.
Levanto-me, coçando os olhos preguiçosamente, e em seguida pego meu celular para ver que horas eram. Era a hora do intervalo, na verdade já estava quase para acabar. Por isso, sai disparado do banheiro, queria ver John, mas eu não sabia se ele ainda estaria na escola, afinal, ele poderia levar uma suspensão, como eu disse.

— John, John, John... — comecei a sussurrar, enquanto tinha que andar no meio dos corredores, procurando por ele, mas a única coisa que eu acho são pessoas me encarando com a cara fechada. Entediante!

O sinal já bateu, e todos estão voltando para sala. Mas eu vou para sala do vice-diretor.

— Licença? — digo, abrindo a porta, um pouco nervoso.

— Entre, Neithan. Sente-se, fique à vontade.

Então me sentei, mas não fiquei a vontade.

— O que aconteceu com John?

— Foi expulso.

Fico em silêncio, mas eu queria gritar, a raiva era tanta, como ele podia ter feito isso? Quem deveria ter sido expulso era aqueles idiotas!

— Me desculpe, como? — perguntei, tentando manter a calma, acima de tudo.

— Eu o expulsei, não podemos permitir um aluno que sai quebrando o nariz de outros alunos aqui, e não é a primeira vez que ele arranjar confusões assim, se é que me entende.

— NEM AO MENOS FOI CULPA DELE! — perdi a calma — FOI CULPA DAQUELE GRUPINHO DE IDIOTAS! JOHN ESTAVA APENAS ME DEFENDENDO!

— Por favor, senhor Neithan, eu preciso que se acalme.

— NÃO, NÃO VOU ME ACALMAR! ESSA ESCOLA É UMA GRANDE PILHA DE MERDA!

— Senhor Neithan...

— NÃO, AGORA VOCÊ E TODO MUNDO VAI ME ESCUTAR! EU CANSEI DE CALAR A PORRA DA MINHA BOCA! TODO MUNDO AQUI ME TRATA MAL, E VOCÊS NUNCA FIZERAM NADA, AGORA A ÚNICA PESSOA AQUI QUE REALMENTE PRESTA VOCÊS EXPULSAM DA ESCOLA? VÃO SE FUDER! EU TAMBÉM QUERO SER EXPULSO!

— Não podemos te expulsar. — disse, como se tivesse ignorado boa parte do que eu disse. Na verdade, é claro que ele ignorou.

— Então eu sairei por aí e quebrarei o nariz de alguém, se é que me entende!

Eu sai da sala muito irritado, é a segunda vez que falo tanta verdade na cara de alguém, e prometi a mim mesmo que continuaria assim. Na verdade, na verdade, a verdade na cara é sempre boa, John me mostrou isso quando apareceu bêbado pela primeira vez, e então eu só entendi agora.

— Tudo faz sentindo! — meio que gritei, e todos estavam me encarando agora, e pela primeira vez não me importei. Sai correndo disparada pela saída da escola, precisava ver John Shelton.