- Você vai se arrepender pro resto da vida se não for atrás dele. - falou minha irmã por uma segunda vez, me entregando meu celular. - Liga, vai.
Então, se levantou, anunciando que deveria ir embora, pois, sua faculdade começaria cedo amanhã e já estava tarde. Despedi-me dela, e voltei para minha varanda, onde eu sempre ficava, ainda mais em momentos como aqueles. Momentos difíceis.
Faltava muita coragem em mim, mas mesmo assim obedeci minha irmã, afinal, ela tinha razão, se eu não ligasse agora iria me arrepender.
- J-John? - perguntei, assim que ele atendeu no segundo toque.
- Quem é? - uma voz feminina saiu, o que me deu certo receio.
John já me esqueceu?
- Eu queria falar com o John.
- Claro, só deixa ele chegar com as nossas bebidas.
- Bebidas?
- É, estamos em uma festa, acabei de conhecer esse gatinho.
Ele disse pra mim que iria parar de beber.
A ligação ficou em silêncio, e por um momento, pensei que aquela garota teria desligado, mas, a voz de John finalmente apareceu do outro lado da linha.
- Alô?
- John!
- Neithan?
- Eu sei que está em uma festa, e aproveitando com essa garota...
- Você entendeu errado!
- Não é da minha conta, só escute o que eu tenho a dizer. - ele ficou em silêncio, esperando que eu falasse. - Eu sinto muito, John, eu nunca quis que saísse da minha vida, o que eu disse foi da boca pra fora. Eu estou apaixonado desde da primeira vez que você apareceu de baixo da minha varanda bêbado. Desculpa, eu sei que deveria ter dito antes, mas eu tive medo de te amar.
- Neithan...
- Eu sei, agora é tarde demais. - sussurrei, e me dei conta que estava chorando. - Seja feliz com essa garota.
Eu esperei que ele falasse, mas nada veio, então apenas desliguei e me coloquei a chorar como nunca havia chorado antes.
. . .
Eram 3 horas da manhã quando eu acordei na minha cama. Não sabia o que tinha me levado até lá, já que eu me lembro de ter acabado dormindo no chão gelado da varanda por ter chorado demais.
- Você acordou. - falou uma voz familiar, e em seguida bocejou, mostrando seu cansaço.
Minha visão ainda estava um pouco embaçada, tive que coçar meu olho várias vezes para finalmente o vê-lo.
- John? - levantei-me em um pulo.
- Eu vim correndo pra cá depois que me ligou. - explicou. - Mandei um monte de mensagens, mas nada de você. A porta estava aberta, então entrei e você estava dormindo na varanda. Ainda bem que cheguei, podia ter pegado um resfriado naquele frio.
- O que está fazendo aqui? - perguntei, e isso o fez sorrir de ponta a ponta.
- Você disse que estava apaixonado por mim, e eu vim dizer que também estou.
- Mas e aquela garota?
- Era apenas uma garota que veio dar em cima de mim, e eu não fui pegar bebida para nós, apenas para mim.
- Ah...
- Não vai dizer que me ama?
- Eu te amo, me desculpe mesmo!
- Eu também te amo, e, não precisa se desculpar.
Quando vi, já estava chorando de novo, e ele me abraçou.
- Você vai voltar pro colégio, não vai?
- Vou sim.
- Mas como será na escola?
- Como assim?
- É que se me virem com você...
- Não importa. - interrompeu-me. - Eu quero que todos saibam que você é apenas meu.
Então, seu lábio de mel encostou no meu, formando um beijo, um beijo que pensei que nunca mais sentiria, mas agora estava sentindo.
- Você não faz ideia de como eu te amo, bebê. - disse, assim que afastamos nossas bocas.
John se juntou a mim na cama, preenchendo o vazio, e me puxou para perto, onde ele me abraçou e acariciou meu cabelo, até que eu pegasse no sono novamente.
. . .
Não demorou muito para perceber que eu sou gay e que amo o Neithan, afinal, eu não sou o tipo de cara que questiona os sentimentos, sempre tive certeza de tudo. Comecei a amá-lo, depois daquele trabalho de química que fomos obrigados a fazer juntos. Eu pude o conhecer melhor, mesmo que ele ainda fosse tímido. No momento, não considerei, até porque eu já tinha uma namorada, mesmo sabendo que eu não gostava dela. Depois que descobri sobre as coisas que fiz quando estava bêbado, então tive certeza de que o amava, afinal, eu nunca mentia quando estava bêbado, eu agia com meu coração. Antes disso, eu ficava com uma garota a cada noite, pulando de cama em cama, em busca do amor, mas eu nunca me apaixonava, depois passei a namorar, pensando que daria algo, já que ela me amava, mas eu não amava ela. O fato de estar finalmente apaixonando, e por um garoto, eu soube que era gay. Eu achei o amor, e ele tem nome: Neithan Hunter.
Hoje, todo mundo irá saber como eu o amo, e não sinto vergonha disso. Posso até mesmo perde meus "amigos", mas a única coisa que me importava era ele.Neithan estava deitado sobre meu peito, ele respirava profundo. Não conseguia ver seus belos olhos verdes, pois eles se encontravam fechados. Era uma imagem linda de se vê, apesar do curativo em seu nariz. Me sinto ridículo por ter provocado isso, e, não apenas isso, eu já causei muitos problemas ao meu bebê, e mesmo assim ele me acolheu quando eu implorei por atenção quando estava bêbado, e mesmo assim escolheu me amar. Meu menino é um anjo, e a partir de quando ele abrir seus olhos, vou recompensar todas as dores que eu causei, não vou o deixar sofrer mais, não vou mais machuca-ló e não vou deixar que ninguém o machuque.
- John. - chamou, me tirando de meus devaneios.
- Bom dia, bebê. - falei, despejando um beijo em sua testa. - Temos que ir pro colégio.
- Você já foi transferido de volta?
- Mágicos nunca revelam seus segredos! - exclamei, o fazendo rir. - Vamos logo, eu não sei fazer mágica para parar o tempo!
Ele gargalhou mais, porém, levantou-se da cama, dizendo:
- Eu vou tomar banho, meus pais não estão em casa, então se souber cozinhar, fica a vontade pra fazer o café.
- E a sua irmã?
- Ela tá morando sozinha agora.
- Qualquer dia sou eu e você, morando juntinhos!
- Eu vou tomar banho que ganho mais. - falou com tom de ironia e então se retirou do quarto, fazendo com que eu fosse para cozinha preparar o melhor café da manhã para meu bebê.
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Álcool & Amor
Roman d'amour"Foi tudo culpa do álcool, mas eu realmente amo você." John Shelton, não sabia que suas idas ao bar poderiam ser tão viciantes, como também, a quantidade enorme de bebidas que o deixava bêbado todas as noites. Sabendo de nada, o garoto também não...