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Preciso de palavras não ditas, amores inventados, cheios de promessas nunca realizadas, pintadas com cores vibrantes.
Preciso, embora não sinta, derramar sobre alguém o afeto interpretado, o ciúme, a saudade, a dor, o fim . . . Só então serei vivo, amado, odiado, pelo fato de um dia ter existo para alguém, ou por alguém?
Preciso, com toda urgência de um imediatista, todo desespero de quem se afoga, toda dor de um corpo em chamas . . . Preciso, como quem sente fome e não tens comida, quem fuma e não tens cigarros . . .
Era pintura abstrada chamada amor, ou seria renúncia ou entrega?
Sim?Não?
Ego massageado, ouvindo sempre o que queres ouvir, atuando o que queres sentir.
Já não sei o que preciso ao olhar de modo geral, talvez somente uma mão bastaria, não mais um corpo, um rosto ou sexo idealizado.
Desconcerto ter achado que o tempo todo era meu, de modo de que o “Eu preciso" seja então  necessidade inventada, pela quais os extremos esforços diriam que nunca foi preciso por fim.

Aleatórias FragmentaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora