20. Charlie

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Música do capítulo: La Vie en Rose - Edith Piaf

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Música do capítulo: La Vie en Rose - Edith Piaf

Eu travo no lugar quando vejo Theo sumir dentro do buraco no gelo.

– Ah, meu Deus! – Alicia grita, mais atrás.

Theo não sabe nadar, e pode ficar preso no gelo. Olho em volta, vejo que Daniel é quem está mais perto de mim.

– Daniel, é necessário quebrar o gelo! – Eu berro, mas ele está em choque, encarando o gelo. Mais atrás de nós, Jamal e Jean se aproximam correndo. – Você entendeu? – Eu o chacoalho de novo. Mas Daniel simplesmente começa a chorar. Me viro para Jamal e Jean. – Quebrem o gelo!

Eu simplesmente não respondo por mim, quando removo o casaco que limitaria muito os meus movimentos e pulo dentro do buraco.

A água está congelante como eu imaginava, parecem agulhas se infiltrando na minha pele e perfurando meus ossos. De olhos fechados, eu sinto a vibração da água, sei que vai doer como o inferno quando eu abrir os olhos, por isso nado mais fundo, indo para baixo. Quando finalmente abro os olhos, está muito escuro a camada de gelo na superfície faz o lago ficar ainda mais fundo. Meu globo ocular começa a arder por conta da temperatura mas eu olho em volta, procurando Theo.

Com dificuldade, vejo ele se debatendo a poucos metros de mim, ele está afundando. Eu me impulsiono para baixo ao mesmo tempo que estico os braços para tentar alcançá-lo. Meus dedos tocam a textura de seu casaco e eu o puxo na minha direção. Entro em pânico quando apenas o casaco dele vem na minha direção, indicando que aquilo que eu tinha visto era apenas o tecido afundando.

Começo a nadar em desespero, com os braços estendidos, em todas as direções. Meu fôlego começa a faltar, fazendo a minha garganta doer. Finalmente toco algo sólido e abro os olhos para confirmar que é ele. Theo ainda se mexe devagar, mas eu o abraço pela cintura, puxando. Um pouco perdida, olho para cima vendo apenas pequenos rastros de luz, mas sigo naquela direção. A temperatura faz meu corpo doer e eu sinto dificuldade de nadar, mas me forço a subir.

Meu desespero aumenta quando, ao invés de alcançar a superfície, eu apenas sinto gelo sobre a minha mão. Bato com a mão no gelo e lava um breve instante para o gelo ceder. Seguro Theo firme quando finalmente consigo emergir, e empurro o garotinho para cima.

Sinto quando Jean puxa o garotinho dos meus braços e logo em seguida Jamal me puxa. Estou tremendo quando sento no chão, e alguém me cobre com um cobertor grosso que alivia o frio excruciante.

Olho para o lado, onde Theo está deitado no chão e Jamal executa a técnica de ressuscitação. Sinto um medo terrível quando o garotinho não reage, sua pele mais branca que o normal e seus lábios roxos.

Mas então deixo um suspiro de alívio percorrer meu corpo quando o garotinho cospe a água que engoliu e desperta, atordoado.

Todo mundo comemora, com palmas, lágrimas e suspiros aliviados. Procuro Daniel com os olhos, ele ainda está parado no mesmo lugar de antes de eu ter pulado, chorando copiosamente. As mãos deles cobrem seu rosto, como se ele tivesse medo de olhar e ver o que poderia ter sido uma tragédia.

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