***P.O.V. FILIPA***
Saí porta fora com o telemóvel numa mão e a mala noutra. Nunca ninguém compreendeu o porquê de eu odiar o que fiz, apesar de para eles ser legitima defesa, para mim foi horrível e sinto-me mal por isso. Caminhei a passos largos para fora da escola, andei mais alguns metros e depois de ter a certeza que estava a uma boa distância da escola abrandei e comecei a caminhar muito lentamente, como se o lugar para onde me dirigia fosse o meu fim, mas que por acaso é o meu início.
Observava tudo à minha volta, via as folhas das árvores a abanarem com o vento, as crianças a brincar umas com as outras ou simplesmente com os seus animais, idosos a jogar xadrez, ler jornais ou a conversarem sobre a sua vida. Felicidade, era o que este jardim transmitia, até as árvores e as flores pareciam radiantes de felicidade pelo vento lhes soprar, mas depois havia eu.
Depois de ter baixado a cabeça, segui sempre o caminho até onde realmente queria estar, onde realmente parece que o tempo volta atrás, onde tudo parece mais fácil. Paro em frente dos grandes portões pretos um pouco abertos para que as pessoas possam passar, observo os meus pés e dou um passo em frente, passando pelos portões, levantando a cabeça de seguida e caminhando.
Andei e andei até que finalmente cheguei. Eu fui feliz aqui, muito aliás, eu fui o que todos designamos criança, eu fui o que devia ter sido e com quem o devia ter sido. A casa dos meus avós.
Eu adorava em criança vir para cá, passava as férias inteiras com os meus avós, brincava com as crianças da vizinhaça, que por sinal já foram embora, eu aqui tive uma infancia feliz.
Agora observo cada detalhe da casa onde tive os melhores momentos da minha vida e vejo que por muito diferente continua igual. Está mais velha, mais suja e tem ar abandonado, as escadas de madeira do exterior fazem ruídos quando as pisamos e as paredes já perderam a cor branca brilhante que tinha, mas apesar de tudo a história é a mesma, tornando-a especial.
Entro pela porta principal degradada e caminho para onde era a sala de estar, vejo os móveis todos no mesmo lugar, como se fosse ontem que eu me sentava a tocar piano com o meu avô enquanto que a minha avó cantava, a melodia da qual tenho imensas saudades. Toquei numa tecla do piano e esta produziu um som, sorriu e toco noutra. Por cada tecla que tocava, por cada som que saía, mais memórias eu tinha e mais eu tocava. Quando abri os olhos e tomava atenção à música que estava a tocar uma lágrima caiu pelo meu olho direito. Esta melodia, era a melodia mais bonita que podia alguma vez tocar, esta música fora escrita pela minha avó, ela cantava-a todos os dias à tarde e à noite antes de adormecer.
Fecho novamente os olhos e começo a cantar suavemente:
«Been a lot of places
I've been all around the world
Seen a lot of faces
Never knowing where I was
On the horizon
Hmm, but I know, I know, I know, I know
The sun will be rising
Back home
Leaving out the cases
Ain't packing up and taking off
Made a lot of changes
But not forgetting who I was
On the horizon
Oooh well, I know, I know, I know, I know
The moon will be rising
Back home
Don't forget where you belong, home
VOCÊ ESTÁ LENDO
How I Met Him... | Harry Styles |
Fanfiction"Desculpem...mas eu não consigo fazer isto." - Foi tudo o que ela disse, pode nem ter sido muito, mas foi o suficiente para eu perceber que ela precisava de mim...assim como eu preciso dela. ...