As cores de uma voz

Uncover - MYG

F I R S T

O dia de Lee Sujin começava exatamente ás 5:00 da manhã em ponto e só terminava a 1:00 da manhã, tudo porque ela se dividia em levar o filho a escola, ir trabalhar, pegar o filho, fazer as compras, fazer a janta e por fim colocar o trabalho em dia quando chegava em casa. Apesar da vida e rotina agitadas, a mulher de 31 anos não havia do que reclamar, porque na batalha da vida se considerava vencedora. Para alguém que engravidou e foi abandonada pelo pai da criança, se tornando mãe solteira, Sujin conseguiu administrar com destreza essa parte de sua vida.

A morena nunca esperou que um marido rico solucionasse seus problemas e se tornasse o pai de sua criança, pelo contrário, tudo que solucionou seus problemas foram três diplomas na Universidade de Seoul, um da graduação, outro do mestrado e mais outro do doutorado. Foram noites sem dormir, noite se revezando entre cuidar de um bebê e estudar, até chegar onde finalmente queria e agora que chegara, ainda tinha que escutar comentários do tipo "aposto que nem ela sabe quem é o pai", "ela deveria ter se casado enquanto era tempo" de pessoas que não conheciam metade de sua realidade. Apesar de estar no século XXI, Lee Sujin sabia que esses tipos de críticas ainda continuavam.

— Omma, não acho minha meia. — Lee Chan, seu filho de 12 anos comentou manhoso.

— Que tal olhar na sua mão, querido? — A mãe lhe respondeu atenciosa e voltou seu olhar a mão do pré adolescente como que fazendo uma constatação óbvia de que a peça de roupa estava em sua mão direita.

— É o horário, desculpa. — Sorriu amarelo e saiu correndo para pegar sua mochila.

— Querido, vamos nos atrasar, precisamos sair logo, estarei no carro te esperando. — Gritou da sala enquanto reunia seus pertences para enfim ir até o carro esperar o mais novo.

Enquanto dirigia, pensou no quanto todos os dias sempre eram novos dias, por mais que o pensamento fosse óbvio, Sujin sabia que era exatamente assim, sabia que era uma metáfora exemplificando que um dia ruim passava e de dias ruins a mesma entendia. Havia dias em que a rotina era pesada, ela quase não tinha tempo para o filho e chegava um caco no trabalho, fato esse o suficiente para que surgissem comentários dizendo que ela não dava conta, quando na verdade ninguém sabia a realidade.

— Tenha um ótimo dia de aula, Chan! — Gritou do carro enquanto o menino sai afobado em direção a escola. Deixar o chan na escola ok, tomou uma nota mental, como sempre fazia para não se esquecer de nada.

E após o início de mais um dia, Sujin dirigiu duas quadras até chegar ao trabalho, uma empresa de tecnologia, a melhor delas no mercado atual e se uma coisa que a mulher de 1,59 sabia fazer era exercer seu cargo. Lee Sujin era a diretora de marketing da multinacional há exatamente dois anos, desde que deixara o cargo da gerência e fora promovida pelo então atual presidente da S. Coorps, o senhor Byun, um homem cujo a idade já batia a porta, mas que ainda possuía plena ciência sobre como administrar uma empresa com aquele porte.

Não demorou muito para a morena descer do carro, com sua bolsa e celular em mãos e os saltos pretos batendo contra o asfalto, sua marca registrada além dos terninhos e blazers sempre muito elegantes, porque apesar da rotina puxada, Sujin era vaidosa e sempre arranjava um tempinho para cuidar de si e sempre fora assim desde que Chan havia nascido. Não logo no começo, porque cuidar de um bebê em si é exaustivo e a cansava demais, visto que apenas ela cuidava da criança, já que seus pais negaram toda ajuda quando ela recusara o terceiro casamento arranjado por eles, não era por mal, ela sabia que eles só queiram poupar a filha, mas Sujin era ciente desde muito nova de que não precisava de um homem em sua vida para que a respeitassem, ela não queria ser lembrada como mulher de fulano e sim como Lee Sujin.