Cinese - KSJ

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Two

"I'll find my own bravado"
- Bravado, Lorde

Acordo com uma ligação do instituto, mesmo dando aula só na parte tarde, sou solicitada pela manhã. Arrumo-me rapidamente e peço que minha tia - que já havia chego de viagem - me leve até lá. Como ainda não tirei minha carteira de motorista, dependo que me levem aos lugares e quando não podem, em último caso solicito um táxi para me locomover pelas ruas agitadas de Londres.

- O que aconteceu? - Pergunto confusa ao entrar na sala dos professores e ver todos presentes.

- Bom, o motivo dessa reunião é para esclarecer exatamente o que está acontecendo. - Diz o diretor Jimmy com pesar. - Perdemos mais 33% de verbas.

Todos na sala ficam em choque e em muitos pode-se ver desespero, incredulidade ou tristeza. Já restringiram anteriormente 20% por cento de verbas e tivemos cortes importantes para conseguir pagar todos os professores e manter o local ativo. Dessa vez, provavelmente não haveriam salários e com toda certeza teríamos algumas demissões.

- Vocês já devem saber o que isso significa. Não posso pedir que trabalhem de graça, então estaremos fechando o instituto. Até que consigamos resolver isso. - Ele diz tentando nos confortar, mas todos sabemos que não há como resolver isso, principalmente se não houver mais trabalhadores aqui.

- Mesmo sem verbas o suficiente para nos pagar, esse local poderia permanecer aberto? - Irina, a professora de artes, pergunta quebrando o silêncio.

- Sim, pois eles pensam que com apenas isso ainda podemos nos manter. Mas, se houver uma fiscalização e verem que não há funcionários o suficiente, podem fechar!

- E se, quem quiser e puder, continuasse aqui, mas como trabalho voluntário, talvez diminuísse a carga horária de aulas, mas ainda assim, não estaríamos deixando nossos alunos. - Proponho após mais alguns minutos em silêncio, pensando em minhas duas turmas.

- Como eu disse, não posso pedir que trabalhem de graça. Mas, também não posso impedi-los. - O diretor dá um sorriso cansado.

Fizemos nossas escolhas de quem ficava voluntariamente, novos horários e outras informações importantes. A reunião dura mais do que o esperado, terminando pouco depois do almoço. Quando saio da sala, pego o celular para falar com minha mãe, já que a essa hora ela estaria em casa, mas vejo uma mensagem de Zac de horas atrás.

Zac 11:42h: Fui na sua casa e Ana disse que você foi para o instituto. Não vou até aí te incomodar, mesmo que você tenha dito para te procurar caso isso acontecesse novamente. Lia, eu realmente não sei como isso poderia dar certo, não sei o que eu tinha na cabeça ao procurar a gravadora. Eu não vou me apresentar. Saí agora para procurar um emprego melhor.

Ao terminar de ler já tento ligar para ele, mas o mesmo não atende. Quando ele diz: "acontecesse novamente", se refere a crise de ansiedade que tem e isso me deixa preocupada, mas o fato dele ter saído para procurar um emprego melhor, como ele disse, significa que não vai mais continuar na música, mesmo que não recebesse nada, e isso me preocupa mais. Ligo para minha mãe depressa e após alguns minutos ela chega, já perguntando o que tinha acontecido e só digo o nome dele.

- O que houve? - Ela pergunta preocupada.

- Ele está no meio de uma crise de ansiedade. - Estou concentrada em tentar entrar em contato com ele.

- Tem alguma ideia de onde ele possa estar? Quer que eu passe na casa dele? - Minha mãe me olha ao parar em um sinal.

- Não. Ele não está em casa. Ele evita ficar em casa quando não está bem...

As cores de uma vozOnde histórias criam vida. Descubra agora