Capítulo Dois: Anjo

33 3 0
                                    

O sol adentra por meus poros enchendo-me de energia, meus óculos escuros encobrem meus olhos claros da forte luminosidade a qual nos expomos. Após uma longa noite trabalhando em diferentes artigos para o jornal da escola, ignorando as insistentes mensagens de meu namorado, e procurando manter todos os meus dramas familiares longe, finalmente sentia que estava aproveitando o resto de minhas tão fracassadas férias.

"Vocês não concordam que sol mais piscina é a combinação perfeita para um dia como esse?", questiona Ester, deitada em sua cadeira branca reclinável ao meu lado, olho para a mesma em seu maio preto que expõe grande parte de suas costas e um chapéu de sol simples, e dou um sorriso concordando.

"Não sei, depois de ontem à noite não consigo imaginar nada mais perfeito que o pênis do Arnold se afundando em mim", responde Cloe, de sua cadeira ao lado de Ester que revira os olhos e ri nasalado pela fala chula da ruiva.

Eu, no entanto, mantenho-me calada, pois apesar de ser amiga de Cloe, havia certas atitudes suas que não mereciam minha atenção, como por exemplo, o fato de a mesma manter um caso amoroso com o cunhado.

"Você sabe que uma hora ou outra seus pais ou até mesmo sua irmã pode acabar descobrindo, certo?", questiono-a atraindo seus olhos castanhos raivosos até mim.

"Você tem planos malignos de acabar com a minha foda maravilhosa revelando meu pequeno segredinho sujo a eles?", questiona-me, sorrindo maliciosamente.

"Sabe Cloe, existe outros homens no mundo além do seu cunhado", diz Ester, frisando que o mesmo encontra-se em um compromisso, como esperado Cloe ri. Olho para Ester que apenas suspira e volta sua atenção para a piscina.

"Vocês não entendem, e eu não me importo", diz levantando-se jogando sua saída de banho no chão enquanto encaminha-se até a borda da piscina.

"Sabe que teremos que intervir uma hora ou outra não é?", questiona Ester, bebericando de seu suco, sorriu de lado e sinto aquele famoso sentimento de amor brotar em meu peito, mesmo sendo inútil, Ester jamais desiste de ajudar.

"Sim, eu sei", respondo. Viro-me de bruços retirando meus óculos colocando-os sob a pequena mesinha posta adiante de minha cadeira.

"Você quer falar sobre algo?", questiona fazendo com que um de meus olhos se abra para que eu possa analisá-la, ela retira seus óculos Gucci e olha-me fixamente mantendo uma de suas sobrancelhas arqueadas, e nesse momento sei que ela sabe que algo me incomoda, no entanto, após uma longa noite, eu havia decidido que consigo reverter a situação incômoda instalada entre mim e Eike, sendo assim, apenas balanço a cabeça em discordância e volto a fechar meu olho aproveitando o máximo do sol.

"Ok, então enquanto você e Cloe fazem péssimas decisões em suas vidas eu mergulho em minha piscina, beijinhos querida", diz levantando-se e caminhado em direção a Cloe que já se encontra na piscina. Entre piadas e gargalhadas me afasto da realidade e caiu em um sono profundo.

...

No inicio é apenas uma brisa, meus cabelos castanhos caem sobre meu rosto e com uma das mãos o afasto, mas de repente a brisa se transforma em um forte vento que bate contra meus seios fazendo com que as pontas dos mesmos se arrepiem endurecendo, coloco as mãos por sobre os mesmos sentindo apenas minha pele e nada de meu biquíni, abro os olhos assustada sentando-me de uma vez, ao meu redor o silencio reina e o sol não se faz mais presente.

Levanto atordoada pelo tempo em que me mantive dormindo, meu celular no chão marca seis horas da tarde, olho para meus seios e constato o obvio, a parte de cima de meu biquíni foi retirada, rindo de leve encaminho-me para dentro da casa tranquila com minha nudez parcial, pois sei que os pais de Ester não estão em casa.

Passo pela cozinha vendo vestígios de um sanduíche e algumas migalhas de bolo pelo chão. Abro a geladeira e pego a primeira lata de coca-cola que encontro, abro bebendo mais da metade de uma só vez aliviando a angustiante seca que se encontra minha garganta, suspiro em alivio ao sentir o ar frio bater de encontro a meu corpo fecho a porta me encaminhado em direção a sala.

Jogo meus cabelos para trás bebo o resto de minha coca-cola e congelo na soleira da porta da cozinha ao avistá-lo. Não deveria ser muito mais alto que eu, cabelos castanhos claros, olhos cor de mel que viajam sem pudor por todo meu corpo, uma bela boca em formato de coração e muitas – muitas – tatuagens por todo o braço direito, e algumas outras pelo esquerdo, em uma das mãos mantêm um óculos de aviador preso entre os dedos, usando um jeans claro e uma longa camiseta branca ele caminha lentamente até mim, abaixando a lata de coca-cola o observo e vejo um sorrisinho de lado surgir em seu rosto, meu coração para e então volta a bater descompensadamente, o estranho para a poucos centímetros de mim e de onde estou consigo sentir seu perfume e ver com mais clareza suas feições delicadas, ele parece um anjo, um lindo anjo, o mais bonito de todos.

"Bem, que bela surpresa é você", o anjo diz sorrindo por um instante antes de ficar serio e encarar-me com intensidade.

Engulo em seco e assisto seu polegar passar porsob meus lábios entreabertos, seu aroma se torna inebriante e de repente mevejo presa em seu feitiço, antes de fechar os olhos extasiados por seu levetoque, percebo uma pequena tatuagem em formato de cruz em seu rosto, próxima aoolho esquerdo, os detalhes são mínimos, porém o seu sorriso é a certeza de queaté mesmo o mais lindo dos demônios pode sorrir como um anjo.

Love LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora