Capítulo Doze: Desastre.

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Arrependo-me de estar usando minha saia preta no instante em que o vento frio transpassa por minhas meias finas. O calor da imensa fogueira feita em meio à mata não era capaz de alcançar os cantos mais remotos da velha e acabada floresta.

Escorada contra uma arvore olho para as pessoas a minha volta, a musica alta e a grande dosagem de bebida que todos ingerem dão a eles o gás que as aulas e treinos sugam durante os longos dias de aulas, as risadas altas e as vozes altas tentando sobressaírem sob o volume do som enchem minha mente.

Encaro o copo vermelho em minhas mãos e balanço minha bebida que há muito já havia ficado quente, olho para frente e vejo Ester, ela mantém uma animada conversa com Ted um dos nerds de computação que nossa escola mantém como aluno troféu, ricos e seus troféus.

Ao contrario do esperado pelos clichês, Ester não era a garota loira bonita que saia com o idiota da escola, esse papel era reservado a Cloe, para sua total e completa infelicidade.

Desencosto-me da arvore e dou alguns passos em direção a cabana aberta feita de madeira, deixo meu copo em um canto no chão e subo os poucos degraus da mesma deitando-me em um dos tantos pufs, fecho meus olhos e foco em seus olhos mel, a única imagem que tenho focado em minha mente desde o dia em que os vi.

Suspiro e mordo os lábios contendo um sorriso ao lembrar-me da forma como eles brilham quando o sol bate de encontro a seu rosto de menino bonito, ou como eu amo quando ele franze-os para mim, como ele me olha, como ele me toca, como me sinto em meu mais intimo quando o cheiro de seu perfume invade meu olfato e toma conta de mim mesma levando-me a...

"O que você esta fazendo aqui?", diz Cloe jogando-se ao meu lado, pulo assustada sentando-me.

Cloe arqueia suas sobrancelhas ruivas para mim e ergue seu copo em minha direção, respiro fundo acalmando minha respiração e nego sua oferta.

"Eu estava apenas descansando", respondo-a voltando-me a me deitar ao seu lado. Cloe bebe o resto de sua bebida e joga o copo no chão, ela encara o nada e sorri.

"Descansando em uma festa? O que você esta fazendo aqui, Scott?", indaga-me irônica.

Reviro os olhos "Provavelmente não o mesmo que você, Torres", respondo-a esperando por outra de suas frases engraçadinhas, porém recebo apenas o silencio, olho para Cloe e franzo o cenho ao vê-la apenas encarando o nada "Cloe? Esta tudo bem?", indago-a.

"Eu estraguei tudo, mas isso já era o esperado, eu acho que até mesmo você esperava isso de mim", diz sem olhar-me, sento-me preocupada com sua fala e a encaro "Mas não se preocupe, estou dando o meu melhor para resolver tudo", diz olhando-me.

"Do que você esta falando?", indago.

Cloe abre a boca, mas para antes de dizer algo, ela levanta seus quadris pequenos e retira seu celular do bolso de sua calça preta, ela lê algo e suspira de alivio.

"Eu tenho que ir", diz voltando a guardar o celular em seu bolso, ela se senta e me beija na bochecha com pressa "Vá para casa Darla, nós duas sabemos que você nem mesmo queria estar aqui, e se tivesse que vim mesmo, era com o seu namorado que você deveria estar agora, não aqui, sozinha", diz levantando-se em seguida.

"Ei, espere!", digo levantando-me, Cloe se vira para mim "Como você irá embora?", indago-a.

"Não se preocupe, minha irmã vem me buscar", responde-me, suspiro em alivio e lhe dou um meio sorriso. Cloe franze o cenho e volta até mim dando-me um abraço.

"Você merece amigas melhoras, me desculpe por isso", diz afastando-se em seguida.

Vejo a ruiva passar por entre o mar de pessoas e sumir a minha frente. Respiro fundo e encaro a ponta da minha bota de camurça preta, com o resto de sanidade que há em mim vejo que, de uma forma um tanto quanto estranha, Cloe tem razão, não sobre merecer amigas melhores, mas sobre estar em uma festa sem ao menos me sentir parte da mesma.

Love LiesOnde histórias criam vida. Descubra agora