Capítulo Vinte e Quatro: Pequenos passos

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"Então", inicia Sofi entregando uma toalha rosa, pego-a dobrando em seguida e deixando sob o grande cesto a nossa frente. "Você me parece dispersa."

Suspiro e dobro outra toalha. Ela não estava de toda errada, desde a noite no estacionamento - que acabou com qualquer clima de uma possível comemoração entre mim e Eike - eu andava um tanto quanto perdida em meus pensamentos. Minha irmã havia tentado arrancar de mim as possíveis razões de meu desinteresse em tudo, mas nem mesmo ela e seu jeito desprendido havia sido o bastante para me trazer de volta à superfície.

A possibilidade de que nosso treinador, alguém de dentro da escola, em quem devíamos confiar e até mesmo se apoiar - se espelhar - poderia ter feito algo tão macabro me assombrava de formas diferentes a cada segundo do meu dia.

"Tem sido um tempo difícil, mas eu estou bem", digo após um longo silêncio, ouço o suspiro cansado de Sofi, de soslaio vejo quando ela ignora sua tarefa de me passar as toalhas secas e se vira para mim.

"Menina, apenas pare de se enganar."

Respiro fundo e viro-me para ela. "O que você espera que eu faça?", indago levemente irritada. Ela pressiona os lábios em uma linha rígida e vejo seu maxilar trancar.

"Espero que passe a dizer e fazer o que sente, estou me sentindo repetitiva aqui", diz. Reviro os olhos e puxo uma toalha amarela dobrando-a.

"Talvez porque esteja sendo repetitiva", digo irônica. Sofi bufa e volta a se concentrar em sua tarefa.

"Você devia ao menos agradecer ao menino por todo o material que ele nos enviou essa semana", diz brava. Franzo o cenho e me viro para ela, Sofi olha-me e logo em seguida solta uma risadinha baixa. "Imagino que ele não deve ter lhe contado."

"Ele?", indago sentindo-me tola, pois no fundo sei de quem se trata.

"Seu Alex nos mandou mantimentos o bastante por todo o resto do ano."

"Ele não é meu."

Digo, porém não é nisso que foco. Ele havia doado mantimentos para o abrigo, e ao menos havia me dito, ele não esperava que eu o agradecesse, mas sabia que logo eu descobriria de seu feito. Fecho os olhos e respiro fundo.

"Eu tenho namorado."

"Você está dizendo isso para mim ou para si mesma?", indaga-me. Olho-a feio e ela da de ombros puxando o grande cesto contra seu corpo. "É apenas uma pergunta, não precisa se sentir tão irritada", diz sorrindo saindo logo em seguida.

Sozinha em meio a área de limpeza penso em Alex e em nosso último encontro, nas palavras irritadas que havíamos trocado e na veracidade delas. Eu sabia que ele estava sendo sincero ao dizer que sentia minha falta, mas havia algo que ele não estava me contando, e isso me assustava na mesma medida em que me irritava. Nós havíamos começado como um segredo, e se dependesse de Alex, assim nos morreríamos.

"Aí está você!", exclama uma vozinha por detrás de mim.

Viro-me deparando-me com Flor em mais um de seus vestido rodados, ela caminha com leveza, porém determinação até mim.

"Eu estava te procurando", diz parando ao meu lado, ela se senta no pequeno banco de madeira e olha-me.

"Eu estava ajudando Sofi", digo passando meus dedos por seus fios ruivos, ela se inclina em direção ao meu toque e fecha os olhos por breves instantes.

"Faltam apenas alguns dias para você ser a minha mãe", diz abrindo os olhos, ela sorri para mim e sorriu de volta.

"Você sabe que mesmo depois que eu fizer 18 anos ainda levarei mais algum tempo para conseguir tudo que pedem", digo. Florence sorri e da de ombros.

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