Love Lies

Capítulo Seis: Mentiras

Encaro os olhos castanhos de Alexzander e respiro fundo. Havia algo de perturbador em tê-lo parado em frente a minha casa, ainda mais quando minhas duas melhores amigas - as mesmas para quem eu havia mentido durante todo o verão - estavam paradas ao seu lado olhando-me com indagações em suas faces rosadas.

"Não é uma boa ideia, a Sam está meio mal e meus pais não estão muito bem", digo arrependendo-me no mesmo instante ao ver o rosto de Ester se compadecer por mim, eu era a droga da pior melhor amiga de toda a face da Terra.

"Nós não sabíamos", diz pegando em minha mão, gesto que sempre faz quando quer me confortar, sorriu de lado sentindo-me péssima comigo mesma.

"Até por que não somos videntes, ela não nos disse nada", diz Cloe atraindo nossa atenção, Alexzander arqueia sua sobrancelha bem desenhada para a ruiva ao seu lado enquanto Ester apenas finge não ouvi-la.

"Não tem problema, eu posso dar um beijo em Sam e na Michelle depois", diz sorrindo, sorriu sentindo o gosto amargo da culpa em minha boca.

Ouvir o nome de minha irmã mais nova e minha mãe na mesma frase causava danos mais profundos do que eu havia sido capaz de imaginar, era apenas confortável demais viver na redoma que papai havia criado onde as duas não existiam, onde elas eram apenas fantasmas.

"Ok, podemos ir para a sua casa então? Eu realmente quero um grande pedaço dessa torta" diz Cloe, dando-nos as costas e descendo os poucos degraus da pequena varanda de minha casa.

Encaro suas costas vestidas com uma jaqueta amarela do time de futebol e franzo o cenho, desde quando ela fazia parte do time? Ou melhor, dizendo, desde quando ela saia com alguém do time?

"Você não quer saber", diz Ester puxando-me pela mão, olho para a mesma e estanco meus pés no chão.

"Eu preciso pegar umas coisas antes, pode ir entrando no carro, eu já corro até vocês" digo, Ester abre a boca e antes que venha a falar algo lhe dou as costas soltando sua mão adentrando em minha casa.

Na pressa para entrar apenas bato a porta com mais força do que realmente gostaria. Encosto-me contra a mesma e suspiro de alivio com a mão sob o coração sou capaz de senti-lo batendo a toda velocidade, havia sido por tão pouco, mas alguns segundos de bobeira e de fato meu castelo de vidro viria ao chão.

"Oh meu Deus!", sussurro respirando fundo e andando até meu quarto.

Pego alguns pertences o mais rápido que posso e jogo-os de qualquer jeito dentro de uma pequena bolsa preta, saiu às pressas trancando a porta e correndo em direção a Mercedes preta de Ester.

Abro a porta do carro sentando-me no banco de trás ao lado de Cloe, ela mantém sua atenção em seu celular e digita mensagens de forma raivosa, pela forma como morde os lábios com força e franze o cenho sei que se trata de Arnold.

"Tudo ok?", indaga-me Ester do banco do motorista, procuro pelo meu cinto como forma de não encarar seus olhos castanhos.

"Sim, tudo sob controle", respondo a mesma sem ainda olhá-la.

Ouço seu suspiro cansado antes de a mesma ligar seu carro e descer a rua de minha casa em direção a sua. No caminho Alexzander conversa de forma animada com Ester sob todas as viagens que fez nos últimos dois meses antes de sua pausa para fechar novos negócios para sua empresa.

Ao que tudo indicava a família Ross sempre havia sido rica, porém uma parte dela – resumindo-se em Alexzander e Braylen, pai de Ester – havia criado raízes fora do ramo atual dos Ross's, que até então sempre havia sido a medicina, para se aventurar em meio aos cosméticos e suas especiarias.