Os dias não eram mais os mesmos, após meu encontro inconveniente com o treinador e sua esposa no estacionamento muito havia mudado e todos haviam percebido, porém o único que de fato entendida era Eike, já que ele estava comigo e guardava o pequeno segredo que compartilhávamos a sete chaves.
Eu havia passado de "namorada relapsa" a "namorada grudenta" em questão de poucos segundos, ao menos era o que alguns dos companheiros de time de Eike diziam quando pensavam que eu não estava por perto, mas eu não me importava, e duvidava muito que ele viesse a se importar.
Após acordar uma manhã com mais de dez mensagens de texto de Alex eu havia apenas decidido bloqueá-lo, e não apenas do meu celular, mas também, e principalmente, do meu coração.
A verdade é que eu estava me apaixonando por Alex, a cada dia que eu passava mais próxima a ele era um dia a menos que eu amava Eike. Ele sabia disso, e não havia feito nada a não ser me banhar com um imenso balde de água fria. Havia noites em que eu ainda pensava nele, em seu sorriso e em como estávamos sempre tão bem encaixados um no outro, não no sentido literal, já que não havíamos tido tempo para tanto, mas a conexão que estabelecemos ia além do que sentíamos fisicamente, e por isso era ao perigosa.
Quando eu menos esperava duas semanas haviam se passado, entre idas até o orfanato, estudos para provas finais e longos encontros com Eike eu ao menos havia me dado conta de que Michelle e Sam ainda eram presenças físicas em minha casa, ou nossa casa.
A realidade é que eu havia deixado que papai lidasse com isso, ele havia me dito, mais de uma vez, que Michelle havia voltado apenas por mim, mas isso era ridículo, já que sua volta nada mais era que uma forma de me enganar para deixar-me novamente, eu não conseguia ver de outra forma.
No entanto, o mais interessante entre tudo era que eu sentia que eu e Eike havíamos enfim encontrado uma forma de nos conectar, eu não sabia como, mas em menos de vinte minutos sentada à sua frente eu havia conseguido lhe contar sobre a minha família, primeiro ele ficou em silêncio, depois apenas me abraçou, e deixamos que o silêncio falasse por nós.
Era tudo uma questão de equilíbrio, e estávamos encontrando o nosso.
"Então, acho que vai gostar de saber que mamãe parte na próxima semana", diz Sam, olhando-me de soslaio.
Solto um suspiro e me viro para ela, arqueio minhas sobrancelhas dando-lhe o espaço que ela tanto quer. Ela pressiona seus lábios finos e se vira para mim como um pequeno furacão.
"Ela é nossa mãe! Você não pode tratá-la como uma estranha."
"Ela é uma estranha para mim."
"Porque você tem que ser tão difícil? Ela não era feliz, queria mais da vida, você nunca quis tanto algo que não podia ter ao ponto de se sentir sufocada?", indaga-me irritada.
Engulo em seco e sou atingida pelas dezenas de lembranças de Alex. Sim, eu já havia sentido isso antes.
"Não", digo dando-lhe as costas saindo da cozinha.
Ouço seus pés atrás de mim e respiro fundo, uma briga era a última coisa que eu queria.
"Você está mentindo e sabe disso", acusa-me irada. Viro-me para a mesma e franzo os olhos.
"O que quer dizer?", indago.
Ela ri debochada e coloca as mãos na cintura. "Alex."
Sinto o sangue de meu rosto sumir e olho em direção ao corredor que da ate o quarto de papai, por conta dos constantes depoimentos que haviam chegado ao fim naquela semana, papai havia passado um certo tempo com Alex, já que ele sempre levava Ester até a delegacia, não que eu estivesse o vigiando, eu apenas o via de longe quando ia deixar o almoço de papai.
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Love Lies
RomanceEu sempre fui a certa, não a santa, pois até mesmo os santos erram, eu era apenas a melhor versão do que uma boa pessoa poderia ser, mas então eu o vi, e tudo nele gritava para que eu apenas desse as costas e continuasse seguindo meu caminho, mas er...