Capítulo Vinte e Seis: Coração

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Meus pés estancaram assim que pisei na delegacia, fixei meus olhos nos dele e tentei encontrar razões para que ele fizesse aquilo com Cloe, porém, não precisei ir muito longe, a lista para ele era cumprida, e mesmo que eu não tivesse dado toda a atenção possível a sua existência, era a mais óbvia também.

"Isso não faz sentido", sussurra Eike por detrás de mim. Por mais que esse houvesse sido meu primeiro pensamento, não era assim tão inacreditável que ele tivesse feito tudo.

"Darla? Você precisa falar com seu pai, precisa convencê-lo que eu não tenho nada a ver com isso!", exclama Arnold assustado. Engulo em seco e ouço passos apressados pelo pequeno corredor, pisco fortemente afastando as lágrimas e localizo meu pai.

Ele me olha apreensivo e da um sorriso tenso a Eike e Alex que pairam ao meu lado.

"Venham, aqui não é o melhor lugar para falarmos, estão esvaziando uma cela única para ele", diz papai sem ao menos olhar em direção a Arnold que o chama insistentemente.

Alex toca de leve meu cotovelo e olho para ele assustada, ele indica com a cabeça o corredor e viro-me em direção a papai que sinaliza que o siga. Sinto meus pés se moverem e a pulsação acelerar a cada passo que dou, mas mantenho-me o mais firme possível.

A pequena sala do delegado está repleta de papéis e não há muito espaço para ficarmos, por isso somos guiados até uma sala escura no final do corredor, adentro primeiro sendo seguida por Eike e Alex, papai entra por último fechando a porta com cuidado.

Me movo em direção a cadeira fria de metal e me sento passando as mãos contra meus cabelos, ouço o suspiro de Alex ao meu redor e de soslaio vejo o olhar perdido e vulnerável de Eike.

"Não está sendo uma prisão fácil, apesar das provas ainda há chances que ele saia com um habes corpus", diz papai irritado.

"Como isso é possível?", indaga Alex. Ele se mantém de pé do meu lado e sinto sua mão roçar de leve contra meu braço, afasto-me lentamente e olho para Eike que mantém seu olhar perdido.

"Ele tem bons advogados, e a mulher está convicta que não foi ele, disse que irá testemunhar que estava com o marido na hora do crime."

"E se for verdade", sussurro ainda encarando Eike, sinto os olhos de meu namorado correrem até meu rosto, ele fica apreensivo e nega.

"O exame de sangue comprova que o filho que Cloe estava esperando era de Arnold, apenas ligamos fatos, além de que, as marcas que ele tem no pescoço podem ter sido feitas pela vítima, claro que essa ultima parte está sendo investigada mais afundo, afinal o corpo de Cloe teve alterações feitas pelo assassino", diz papai de uma só vez começando a andar de um lado para o outro.

Fecho os olhos e respiro fundo. O som dos passos de papai e das respirações pesadas é tudo que ouço.

"Eu não sabia da gravidez", diz Eike engolindo em seco.

"Nem eu", afirma Alex.

Abro os olhos e encaro meu velho pai, ele franze os olhos para mim e apenas dou de ombros.

"Sam?", indaga-me

"Ela não fez por mal", digo cansada. Ele revira os olhos.

"Ela nunca o faz, não é?! "

"Mas, senhor, e agora? Ele será preso? Esse é o fim?", indaga Eike. Papai olha-o e suspira cansado.

"Isso é apenas o começo de uma guerra, filho. Temos a família da vítima ligada diretamente com o assassino, e pelos boatos Susan está grávida, não vejo como os pais conservadores dela deixarão que o genro fique preso nesse momento."

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